Eliana Haddad
Iniciamos este ano com a notícia
de uma epidemia causada pelo coronavírus, um grupo de vírus já conhecido desde
1960 e que provoca doenças que vão de infecções leves a moderadas até as mais
graves, como a pneumonia, e que podem levar à morte.
O vírus foi detectado
inicialmente na China, em Wuhan. Seu período de incubação é de 2 a 14 dias e
apresenta como principais sintomas coriza, dor de garganta, febre, tosse e
falta de ar. A transmissão acontece por meio de tosse ou espirro; contato
pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; e contato com objetos ou
superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Desde dezembro do ano passado,
quando surgiram os primeiros casos na cidade chinesa de Wuhan, 600 pessoas
morreram e o número de infectados já soma 30 mil casos. Cidades são isoladas,
aeroportos fiscalizados, mercado financeiro e turismo sofrem as consequências
pelo medo do avanço da doença e o mundo, enfim, realmente se assusta, pois
vários locais já foram atingidos.
A Organização Mundial da Saúde
declarou estado de emergência global, advertindo também para a solidariedade
entre os países.
O aspecto espiritual
Independentemente de medidas
urgentes a serem adotadas, visando estancar a proliferação do vírus, vale
refletir sobre alguns aspectos interessantes a serem observados: Por que nem
todos são contaminados? Por que uns morrem (2% dos infectados, segundo a OMS) e
outros não?
Inicialmente, o espiritismo
explica que as doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena.
“Nos mundos mais adiantados, o organismo humano, mais depurado e menos
material, não está sujeito às mesmas enfermidades”.
As condições de vida são muito
diferentes da Terra. Também, “nos mundos felizes, as relações entre os povos
são sempre amigáveis e nunca são perturbadas pela ambição de escravizar o
vizinho, nem pela guerra”. Ora, em resumo, o mal ali não se faz presente, não
havendo expiações.
Isso significa que na Terra
ainda vivemos uma infância espiritual de muitos contrários. “Tendes necessidade
do mal para sentir o bem. Da noite para admirar a luz, da doença para apreciar
a saúde”, nos ensinam os espíritos superiores.
Santo Agostinho, em 1862, em
Paris, fez uma observação sobre as afinidades e desafios enfrentados pelos
espíritos nos mundos expiatórios. A Terra lhes seria fornecida como um dos
tipos desses mundos. “As variedades são infinitas, mas têm como caráter comum
servir como local de exílio a Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses espíritos
aí têm que lutar, de uma só vez contra a perversidade dos homens e a
inclemência da natureza. Trabalho duplamente penoso, que desenvolve ao mesmo
tempo as qualidades do coração e as da inteligência”, explica em O Evangelho segundo Espiritismo.
Não há acasos
É claro que uma epidemia
assusta, preocupa, mas é interessante que se tenha esses conceitos espirituais
em evidência antes de se arriscar a fazer qualquer observação, pois Deus, em
sua perfeição e misericórdia, atua através de leis também perfeitas e
misericordiosas para que o progresso seja atingido em toda sua Criação. Por
isso não há acasos.
O pensamento materialista nos
leva a conclusões precipitadas, que incluem percepções errôneas referentes a
castigos, desarmonia, confusão, desleixo e fatalidade. A visão espiritualista,
porém, nos colocando acima dos males do corpo físico, convida-nos ao trabalho e
à confiança no futuro para superarmos as dificuldades.
O aprendizado é lento e contínuo.
“Temos, assim, de nos resignar às consequências do meio onde nos coloca a nossa
inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de
molde a impedir que, esperando que tal se dê, façamos o que de nós depende para
melhorar as nossas condições atuais. Se, porém, malgrado aos nossos esforços,
não o conseguirmos, o espiritismo nos ensina a suportar com resignação os
nossos passageiros males”, esclarece o espiritismo.
Outro ponto importante a ser
observado é a mudança de estado dos Espíritos em evolução, ora encarnados, ora
desencarnados. Uns chegam e outros se vão todos os dias por motivos diversos.
Alguns regressam ao mundo espiritual em desencarnes coletivos, como no caso das
guerras, tragédias e epidemias.
Emigração e imigração
dos espíritos
Explica a doutrina espírita que,
no intervalo de suas existências corporais, os Espíritos se encontram no estado
de erraticidade e formam a população espiritual ambiente da Terra. Pelas mortes
e pelos nascimentos, as duas populações, terrestre e espiritual, deságuam
incessantemente uma na outra. Há, pois, diariamente, emigrações do mundo
corpóreo para o mundo espiritual e imigrações deste para aquele: é o estado
normal.
Em certas épocas, determinadas
pela sabedoria divina, essas emigrações e imigrações se operam por massas mais
ou menos consideráveis, em virtude das grandes revoluções que lhes ocasionam a
partida simultânea em quantidades enormes, logo substituídas por equivalentes
quantidades de encarnações. (...) Chegadas e partidas coletivas são meios
providenciais de renovar a população corporal do globo. Na destruição de grande
número de corpos nada mais há do que rompimento de vestiduras; nenhum Espírito
perece; eles apenas mudam de ambiente; em vez de partirem isoladamente, partem
em grupos, essa a única diferença, visto que, ou por uma causa ou por outra,
fatalmente têm que partir, cedo ou tarde.
As renovações rápidas apressam o
progresso social. Sem as emigrações e imigrações que de tempos a tempos lhe vêm
dar violento impulso, só com extrema lentidão esse progresso se realizaria.
É de notar-se que todas as
grandes calamidades que dizimam as populações são sempre seguidas de uma era de
progresso de ordem física, intelectual, ou moral e, por conseguinte, no estado
social das nações que as experimentam.
A invasão microbiana
No livro “Evolução em dois
mundos”, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, no capítulo 40, “Invasão
microbiana”, pergunta-se a invasão microbiana está vinculada a causas espirituais?
A resposta:
Excetuados os
quadros infecciosos pelos quais se responsabiliza a ausência da higiene comum,
as depressões criadas em nós por nós mesmos, nos domínios do abuso de nossas forças,
seja adulterando as trocas vitais do cosmo orgânico pela rendição ao
desequilíbrio, seja estabelecendo perturbações em prejuízo dos outros, plasmam,
nos tecidos fisiopsicossomáticos que nos constituem o veículo de expressão,
determinados campos de ruptura na harmonia celular.
Isso quer dizer que nossos
desajustamentos nos tornam passíveis de invasão microbiana, e dificultam a
regeneração natural das células, instalando-se assim a doença, pela desarmonia
causada por nossas escolhas – conscientes ou não, de agora ou de ontem.
E continua a resposta:
Geralmente, quase
todos os processos de doenças surgem como fenômenos secundários sobre as zonas
de predisposição enfermiça que formamos em nosso próprio corpo, pelo
desequilíbrio de nossas forças mentais a gerarem rupturas ou soluções de continuidade
nos pontos de interação entre o corpo espiritual e o veículo físico, pelas
quais se insinua o assalto microbiano a que sejamos mais particularmente
inclinados.
E aqui entra também, ainda
conforme a resposta, a importância da transformação moral para uma vida
realmente saudável.
Amparo aos outros
cria amparo a nós próprios, motivo por que os princípios de Jesus, desterrando
de nós animalidade e orgulho, vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e
exortando-nos à simplicidade e à humildade, à fraternidade sem limites e ao
perdão incondicional, estabelecem, quando observados, a imunologia perfeita em
nossa vida interior, fortalecendo-nos o poder da mente na autodefensiva contra
todos os elementos destruidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos
as possibilidades imprescindíveis à evolução para Deus.
Para enfrentar sem
medo
Na Revista de julho de 1867,
Kardec descreve a ‘terrível epidemia’ que devastava já há dois anos a Ilha
Maurício (antiga Ilha de França). Em outubro1868, assinada pelo Espírito Clélie
Duplantier, Kardec publica a seguinte comunicação na Sociedade espírita de
Paris:
Sem dúvida é
apavorante pensar em perigos dessa natureza, mas, pelo fato de serem
necessários e não provocarem senão felizes consequências, é preferível, em vez
de esperá-los tremendo, preparar-se para enfrentá-los sem medo, sejam quais
forem os seus resultados. Para o materialista, é a morte horrível e o nada por
consequência; para o espiritualista, e em particular para o espírita, que
importa o que acontecer! Se escapar do perigo, a prova o encontrará sempre
inabalável; se morrer, o que conhece da outra vida fá-lo-á encarar a passagem
sem empalidecer. Preparai-vos, pois, para tudo, e sejam quais forem a hora e a
natureza do perigo, compenetrai-vos desta verdade: A morte não é senão uma
palavra vã e não há nenhum sofrimento que as forças humanas não possam dominar.
Fonte: Espiritismo na Rede
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