Por Orson Peter Carrara
Quem estuda e conhece os
fundamentos da Doutrina Espírita sabe seu significado e importância em favor da
Humanidade. Isso gera uma consciência enorme de responsabilidade,
convidando-nos a posturas de retidão, humildade e principalmente
comprometimento com a causa espírita. Não é preciso alongar-se nesse parágrafo,
de vez que as orientações são claras, estão definidas e precisamos vive-las.
Eis o desafio constante do cotidiano.
Corre-se, entretanto, o risco de
perder-se essa noção, face às fragilidades pessoais que todos trazemos. É
quando prestamos um desserviço ao Espiritismo, prejudicando a nobre causa, em
situações ainda tão comuns entre nós:
a) Quando
nos colocamos no pedestal da condição de infalíveis, orientadores sábios ou
solucionadores de todas as dificuldades, esquecidos de nossa própria
fragilidade;
b) Quando
nos isolamos da convivência com outros grupos e nos fechamos na pretensa
posição de quem tudo sabe, esquecidos do tanto que ainda precisamos aprender;
c) Quando
fugimos da humildade e permitimos que a vaidade nos conduza o comportamento,
assumindo posições de pretensa superioridade que é incompatível com nossa
própria realidade de mendigos espirituais;
d) Quando
criamos ou estimulamos seguidores para nós, condicionando-os às nossas ideias,
sempre limitadas, como bem próprio da condição humana, e pior, impedimos que
cresçam por si mesmos, criando enormes responsabilidades para o futuro;
e)
Quando
somos pródigos como médiuns, para impressionar, em dar informações sobre o
passado ou futuro das pessoas que nos procuram em busca de conforto, esquecidos
igualmente de nossa cegueira e limitação no alcance das realidades espirituais;
f)
Quando
igualmente fornecemos detalhes de supostas perseguições espirituais de pessoas
enfermas ou perturbadas, que precisam antes de alguém que apenas as ouça,
distorcendo o nobre papel de consolador que o Espiritismo para todas as
criaturas;
g)
Quando
tentamos adaptar o Espiritismo ao nosso acanhado e limitado ponto de vista,
introduzindo práticas incompatíveis com a lógica e serenidade da prática
espírita, desconhecendo a dinâmica da própria vida e suas leis;
h) Quando
nos fanatizamos, desejando converter pessoas ou impondo nossos equivocados
conceitos, esquecidos da liberdade de todos que devemos respeitar;
i)
Quando
deixamos de estudar e opinamos conforme nosso estado emocional, sem refletir
naquilo que estamos dizendo, agredindo e machucando pessoas e pondo a perder
iniciativas que levaram décadas para se solidificarem;
j) Quando
nos apegamos a cargos, quando desejamos ser simplesmente obedecidos ou quando
achamos que somente nós sabemos e aí nos perdermos em subestimar esforços
alheios, esquecidos da potencialidade que está em todos os seres;
k)
Quando
caímos na crítica contumaz a tudo e a todos, como se fossemos donos da verdade,
esquecidos do respeito que nos devemos mutuamente;
l) Quando
exploramos, procuramos tirar vantagens, enganamos, manipulamos, distorcemos
para fazer valer nosso ponto de vista...
A lista não termina aí. Se
ficarmos penando, acharemos mais, claro. É bem próprio de nossa condição ainda
de aprendizes da ciência de viver. Com uma doutrina maravilhosa à nossa
disposição, vençamos essa tendência movida pelo orgulho que ainda nos
caracteriza.
Atendamos antes aos apelos da
fraternidade.
Dada à nossa condição de
aprendizes, estamos todos sujeitos a falhas e equívocos. O próprio articulista
aqui escreve antes para si mesmo, procurando em si mesmo vacinas de atenção
para não cair nessas armadilhas tão comuns, tão diárias de todos nós, que, em
síntese, prestam antes um desserviço ao Espiritismo, nobre e extraordinária
Doutrina enviada ao planeta para que seus habitantes conheçamos a sabedoria das
Leis Divinas, onde o amor é a essência, onde só encontraremos a felicidade e
paz autênticas, quando nos respeitarmos...
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