Antonio Carlos Piesigilli
As feridas geradas no Círculo
Familiar causam Traumas, Carências Profundas e Vazios que nem sempre
conseguimos reparar. Não podemos permitir que um passado familiar disfuncional
e traumático afete o nosso presente e o nosso futuro. Devemos ser capazes de superá-lo
e nos curarmos para sermos felizes. O impacto decorrente de um pai ausente, uma
mãe tóxica, uma linguagem agressiva, gritos ou uma criação sem segurança e
afeto trazem mais do que a clássica falta de autoestima ou os medos que é tão
difícil superar.
Muitas vezes a dificuldade para
resolver muitos destes impactos íntimos e privados está em um cérebro que foi
ferido muito cedo. Não podemos nos esquecer de que o estresse experimentado ao
longo do tempo em idades jovens faz com que a arquitetura de nosso cérebro
mude, e com que estruturas associadas às emoções sejam alteradas.
Tudo isso traz como consequência
uma maior vulnerabilidade, um desamparo mais profundo que leva a um risco maior
na hora de sofrermos de determinados transtornos emocionais.
A família é nosso primeiro
contato com o mundo social, e se este contexto não nutre nossas necessidades
essenciais, o impacto pode ser constante ao longo de nosso ciclo vital.
Vejamos a seguir,
detalhadamente, por que é tão difícil superar estas feridas sofridas na época
mais inicial de nossas vidas. A cultura nos diz que a família é um pilar
incondicional (embora, às vezes, erre).
O último cenário em que alguém
pensa que vai ser ferido, traído, decepcionado ou até abandonado é, sem dúvida,
no seio de sua família. No entanto, isso ocorre com mais frequência do que
imaginamos.
Estas figuras de referência que
têm como obrigação dar-nos o melhor, oferecer confiança, ânimo, positividade,
amor e segurança às vezes falham voluntária ou involuntariamente.
Para uma criança, um adolescente
e até para um adulto, experimentar esta traição ou esta decepção no seio
familiar supõe desenvolver um trauma para o qual nunca estamos preparados.
A traição ou a carência gerada
na família é mais dolorosa do que a simples traição de um amigo ou companheiro
de trabalho. É um atentado contra a nossa identidade e nossas raízes.
A ferida de uma família é
herdada por gerações.
Uma família é mais do que uma
árvore genealógica, um mesmo código genético, que tem os mesmos sobrenomes.
As famílias compartilham
histórias e legados emocionais. Muitas vezes estes passados traumáticos são
herdados de geração em geração de muitas formas.
A epigenética nos lembra, por
exemplo, que tudo que acontece em nosso ambiente mais próximo deixa um impacto
em nossos genes. Assim, fatores como o
medo, o estresse intenso ou os traumas podem ser herdados entre pais e filhos.
Isso faz com que, em alguns
casos, sejamos mais ou menos suscetíveis a sofrer de depressão ou reagir com
melhores ou piores ferramentas diante de situações adversas.
Ainda que estabeleçamos
distância de nosso círculo familiar, as feridas seguem presentes.
Em um dado momento, finalmente
tomamos coragem: dizemos “chega” e cortamos este vínculo prejudicial para
estabelecer uma distância da família disfuncional e traumática.
No entanto, o simples fato de
decidirmos dizer adeus a quem nos fez mal não traz, por si só, a cura da
ferida. É um princípio, mas não a solução definitiva.
Não é nada fácil deixar para
trás uma história, dinâmicas, lembranças e vazios.
Muitas destas dimensões ficam
presas à nossa personalidade, e inclusive em nosso modo de nos relacionarmos
com os demais.
As pessoas com um passado
traumático costumam ser mais desconfiadas, têm mais dificuldade em manter
relações sólidas.
Quem foi ferido precisa, além
disso, se sentir reafirmado; anseia que os demais preencham estas carências,
por isso muitas vezes se sentem frustrados porque poucas pessoas lhes oferecem
tudo de que precisam.
Podemos chegar a questionar a
nós mesmos.
Este talvez seja o mais complexo
e triste.
A pessoa que passou grande parte
do seu ciclo vital em um lugar disfuncional ou no seio de uma família com
estilo de criação negativo pode chegar a ver a si mesmo como alguém que não
merece ser amado.
A educação recebida e o estilo
de paternidade ou de maternidade em que fomos criados define as raízes da nossa
personalidade e nossa autoestima.
O impacto negativo destas marcas
é muito intenso; assim, muitas vezes a pessoa pode ter dúvida sobre a sua
própria eficácia, sua valia como pessoa ou até se é digno ou não de cumprir
seus sonhos.
Nosso círculo familiar pode nos
dar asas ou pode arrancá-las. Isso é algo triste e devastador, mas verdadeiro.
No entanto, há algo de que nunca
podemos nos esquecer: ninguém pode escolher quem serão seus pais, seus
familiares, mas sempre chegará um momento em que teremos a capacidade e a
obrigação de escolher como vai ser nossa vida.
Escolher ser forte, ser feliz,
livre e maduro emocionalmente é algo essencial, daí a necessidade de superar e
curar nosso passado.
Fonte: Vinhas de Luz
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