Nascido no dia 13 de junho de
1866 e desencarnado em São Paulo, a 7 de julho de 1954.
Muito deve o Espiritismo ao Dr.
Augusto Militão Pacheco, pelo testemunho que deu da Doutrina dos Espíritos.
Animado de uma fé imorredoura na vida espiritual conseguiu prelibar, através da
existência transitória do corpo, a vida imortal do Espírito imperecível.
Formado pela Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro, no ano de 1904, Militão Pacheco foi nesse mesmo ano
convidado a ir ao Estado do Maranhão a fim de ajudar a debelar um surto de
peste bubônica que grassava naquela região do norte do Brasil. Apesar de não
contar com qualquer espécie de hospital de isolamento nem com condições
adequadas para o combate àquela enfermidade contagiosa, dirigiu-se para lá em
companhia do diretor do Hospital de Isolamento de S. Paulo, dois médicos
mineiros e mais um outro, conseguindo marcante sucesso na tarefa. Nessa altura
foi convidado para ser diretor do Serviço Sanitário do Estado do Maranhão pelo
período de dois anos.
Para lá transferiu-se com sua
esposa e três filhos, porém, renunciou após oito meses de atividades intensas,
por não ver atendidas as suas reivindicações, imprescindíveis para o bom
andamento dos serviços.
Nos primeiros
anos do presente século (não nos foi possível comprovar se em 1901 ou 1902),
comparecendo a uma sessão espírita, ali lembrou-se de sua filhinha desencarnada
com apenas cinquenta e dois dias de vida e formulou ardente solicitação mental
para que ela viesse beijá-lo. Sem que tivesse qualquer conhecimento do desejo
que alimentava, os médiuns videntes que ali estavam presentes, decorridos
alguns minutos descreveram que o Espírito da menina havia se dirigido ao pai e
ali estava cobrindo-o de beijos.
Esse testemunho foi o suficiente
para que Militão Pacheco se convertesse ao Espiritismo.
Um outro fato veio mudar o rumo
de sua vida, Sua esposa sofria, a alguns anos, de pertinaz enfermidade e, para
curá-la havia ele esgotado todos os recursos que a medicina alopática lhe havia
proporcionado. Visitando a família do Juiz de Direito, de Campinas, ela teve
ali uma das suas crises.
A esposa do juiz pediu permissão
para recomendar-lhe um remédio homeopático. O remédio foi comprado e o tratamento
iniciado. Após essa ocorrência ela teve apenas duas ameaças de crise e o mal
desapareceu por completo. O Dr. Pacheco, que vinha exercendo a medicina
alopática há cinco anos, procurou o único médico homeopata existente em
Campinas, iniciando assim um estudo profundo sobre a homeopatia, para o que
conseguiu alguns livros a título de empréstimo. Dali por diante deixou por
completo de praticar a medicina alopática.
No dia 23 de
julho de 1896, através de decreto assinado pelo então presidente do Estado de S.
Paulo, Jorge Tibiriçá e por Gustavo de Oliveira Godoy, Militão Pacheco foi
nomeado, em comissão, para exercer o cargo de inspetor sanitário do Estado,
cargo no qual foi efetivado a 26 de setembro do mesmo ano, exercendo-o até
1920, quando se aposentou.
Durante mais de meio século, o
Dr. Pacheco exerceu na capital paulista o apostolado da Medicina. E dizemos
apostolado porque foi notável médico no sentido cordial, humanitário,
prestativo, dedicando-se inteiramente à tarefa de auxiliar o seu próximo, conseguindo
desta forma realizar gigantesco trabalho de assistência individual e coletiva
como poucos conseguiram realizar na Terra.
O prestigioso jornal
"Diário de S. Paulo", em sua edição de 27 de junho de 1944, publicou
extensa reportagem sobre as festividades comemorativas do cinquentenário de
formatura e de exercício de profissão do Dr. Augusto Militão Pacheco. Através
de numerosos discursos proferidos na oportunidade, pudemos conhecer verdadeiros
rasgos de generosidade e de amor, partidos da figura inconfundível daquele que
tinha em alta conta a dignidade humana e o sacerdócio da Medicina.
Foi sempre de incomparável
bondade no tratamento de todos os seus incontáveis clientes, retornando ao
mundo espiritual abençoado por milhares de corações, legando aos homens uma
vida que se constituiu em verdadeiro modelo de virtude, um exemplo incomparável
de beleza moral, emanada de um caráter reto e de uma decisão inquebrantável.
Muitas pessoas que não podiam pagar consultas, eram atendidas com igual
dedicação e não raras voltavam com o auxílio financeiro para a aquisição dos
remédios prescritos por aquelas mãos abençoadas. No terreno filosófico,
conquanto fosse grande admirador de geniais pensadores de várias escolas, pois
era um cidadão independente e portador de invejável cultura intelectual e
científica, nunca negou a sua incondicional dedicação à Doutrina Espírita,
tornando-se um dos espíritas mais respeitáveis e dignos em nosso Estado e mesmo
no Brasil. Médico essencialmente homeopata, honrou e dignificou a medicina
hahnemaniana, tendo consagrado ao Espiritismo o melhor de sua nobilitante e
proveitosa existência. Era na realidade autêntica fonte inesgotável destinada a
suavizar as dores do corpo e minorar os sofrimentos da alma.
Em julho de 1936, quando se
cogitou da fundação da Federação Espírita do Estado de S. Paulo, foi um dos
elementos que mais propugnaram para essa realização. A reunião convocada para
apreciar a redação final dos estatutos sociais e proceder à eleição da primeira
diretoria, foi por ele presidida, passando a figurar como um dos seus sócios
fundadores e sido eleito vice-presidente da primeira diretoria constituída.
Durante muitos anos foi presidente da Associação Espírita São Pedro e São
Paulo, uma das mais prestigiosas instituições espíritas de seu tempo, a qual
posteriormente veio a se integrar na Federação.
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