Miramez
Quando no estado errante e antes de se reencarnar, o
Espírito tem a consciência e a previsão das coisas que lhe sucederão durante a
vida?
‒ Ele próprio
escolhe o gênero de provas que quer suportar e é nisso que consiste o seu
livre-arbítrio.
Não é Deus que lhe impõe, então, as tribulações da vida
como castigo?
‒ Nada ocorre sem a
permissão de Deus, pois é Ele quem estabelece todas as leis que regem o
Universo. Perguntai, então, por que fez tal lei ao invés de outra. Dando ao
Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a responsabilidade de seus atos
e suas consequências, de maneira que nada entrava o seu futuro; o caminho do
bem, como o do mal, lhe está aberto. Se sucumbe, resta-lhe a consolação de que
nem tudo se acabou para ele; Deus, na sua bondade, lhe dá a oportunidade de
recomeçar o que foi mal feito. É necessário, aliás, distinguir o que é obra da
vontade de Deus do que é da vontade do homem. Se um perigo vos ameaça, não
fostes vós que criastes, mas Deus; contudo, pela própria vontade, a ele vos
expondes porque vedes um meio de adiantar-vos e Deus o permitiu.
Questão 258/Livro dos Espíritos
A razão nos convida a apreciar
com profundidade esse assunto de escolha de provas, quando o Espírito está na
erraticidade. Temos o livre-arbítrio, mas em uma escala progressiva, e até certo
ponto, porque Deus é quem comanda tudo, dentro da Sua autoridade total.
O Espírito pode escolher as
provas que haverá de enfrentar na Terra, mas, quando passa dos limites, quando
a sua usura, o seu orgulho falam mais alto do que as suas necessidades de se educar,
a mão de Deus intervém, dando-lhe o que pode suportar e que lhe serve de aprendizado.
É, pois, engenhosa essa escolha; nem sempre a alma pode escolher o que quer, porque
por vezes não sabe optar pelo que realmente lhe convém.
No caso de Espíritos envolvidos
nas paixões inferiores, que se encontram na inconsciência do que devem
escolher, certamente que esses não podem programar as suas provas, assim como a
criança, o velho esclerosado ou o retardado mental não podem sair para as ruas
à hora que desejarem.
Para esse trabalho de escolha e
assistência, aos reencarnantes, Deus colocou falanges e mais falanges de anjos
benfeitores, conscientes de seus deveres ante os necessitados.
Nunca se pode generalizar esses
casos de escolhas; elas são variadas, de acordo com o reencarnante, e muitos
Espíritos, já com categoria espiritual elevada, pedem conselhos aos Espíritos
que os guiam nas escolhas das suas provas, sobre a família e o meio social em
que deverão reencarnar. São almas que desejam acertar e não querem negligenciar
nas diretrizes do bem e da verdade, e ainda pedem aos seus mentores espirituais
para avisar-lhes sobre os perigos, no momento em que estiverem à beira do
abismo. São Espíritos com a maturidade que os assemelha à lavoura cuja colheita
se aproxima. E que Deus nos abençoe e que existam muitos deles na Terra.
Mas quando o Espírito tem a
liberdade de escolher suas provas e avança para certas dificuldades que pesam
em seus ombros, e Deus o permite, Ele, o Senhor, é misericordioso e oferta
muitos recursos para que a alma aproveite as lições. Nada é perdido em lugar
algum do universo porque a Sabedoria Divina tudo vê, e Suas mãos sempre
abençoam, convertendo o mal em bem, o ódio em amor, a violência em paz, a
inimizade em perdão. Mesmo que o Espírito se desvie da estrada nobre que
desejou seguir, ele acumula experiências e torna a voltar, revestindo-se de
novo corpo, com mais facilidade de acertar.
Podemos ponderar sobre os nossos
feitos na Terra e as decisões que tomamos no decorrer da nossa existência.
Temos o livre-arbítrio de escolher, no entanto, muitas escolhas não acontecem,
porque o Senhor não achou conveniente ao nosso tamanho evolutivo. Isso sucede todos
os dias; basta observarmos os acontecimentos na sutileza da vida. Situações há
em que determinada pessoa escolhe, por exemplo, dirigir um país e quase toda
nação assim o deseja.
Entretanto, Deus não permite que
assim aconteça.
Assim também se passa no mundo
dos Espíritos: quem pode escolher, escolhe as provas; a quem não pode, elas são
impostas, e outros pedem conselhos aos benfeitores maiores, sobre o que e
melhor para eles. Enfim, tudo é escola, tudo são lições, porque nada se perde
na casa de Deus. A Sua vontade é sempre soberana.
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