José Freitas Nobre nasceu em 24
de março de 1921, em Fortaleza, Ceará.
Aos 15 anos veio para São Paulo.
Trazia consigo um livro editado sobre a revolução acreana, "A Epopeia
Acreana", e inúmeros artigos publicados em jornais.
Assim que chega vira manchete do
"Diário da Noite", com o título de "Garoto Prodígio escreve a
história do Acre".
O menino cearense surpreende a
grande cidade com o seu brilho precoce.
Era a primeira vez que São Paulo
se rendia a inteligência de Freitas Nobre, mas não seria a última.
Mais tarde a cidade adotada o
reconheceria como o seu legítimo representante, elegendo-o vereador,
vice-prefeito e deputado federal.
Começava a sua carreira de
jornalista.
Trabalhou nos Diários
Associados, Ultima Hora, Folha da Manhã e O Cruzeiro.
Sua preocupação em defender os
direitos da categoria levou-o à vida sindical.
Por três vezes foi presidente do
Sindicato dos Jornalistas e duas ocasiões presidente da Federação Nacional dos
Jornalistas (1950).
Advogado, formado pela Faculdade
de Direito do Largo São Francisco, lecionou Direito da Informação e Legislação
dos Meios de Comunicação na Escola de Comunicação de Arte, da USP e na
Faculdade Cásper Líbero.
Além de vários livros de
História e Direito editados no Brasil e no Exterior, publicou algumas obras doutrinárias:
"O Transplante de órgãos à Luz do Espiritismo", "A Perseguição
policial contra Eurípedes Barsanulfo", "O Crime, a psicografia e os
transplantes" e também dirigiu, apresentou e organizou a coleção Bezerra
de Menezes, publicados pelas Editoras O Clarim e Edicel.
Foi fundador e “durante 16 anos
editou a FOLHA ESPÍRITA, o primeiro jornal doutrinário a ganhar as bancas de
jornais do país, trazendo uma nova linguagem e um novo direcionamento para a
imprensa espírita (...)”.
(Transcrito em parte da "Folha Espírita", São Paulo, SP;
texto de Miriam Portela).
Foi vice-prefeito de São Paulo
de 1961 a 65, na gestão de Prestes Maia (PSB).
Em 1968 filiou-se ao MDB,
mantendo-se na liderança do mesmo na Câmara dos Deputados durante cinco anos.
Teve quatro mandatos.
Como advogado e jornalista
escreveu 22 livros, entre os quais: “Lei de Informação” (1968), “Le Droit de
Repouse” (1970), “Imprensa e Liberdade”, “Os Princípios Constitucionais e a
Nova Legislação” (1987), “Anchieta, o Apóstolo do Novo Mundo”.
Como Espírita, ocupou a tribuna
de inúmeras entidades, levando a informação doutrinária em palestras,
congressos e simpósios.
Foi Autor de dois projetos na
Câmara em favor do Esperanto: um, para a introdução do Esperanto nas Escolas;
outro, visando a que o Esperanto fizesse parte das línguas optativas nos exames
vestibulares, junto com o inglês e o francês (...) e deu apoio à fundação do
Grupo de Esperanto dos alunos da USP.
Foi ele quem abriu no plenário
da Câmara dos Deputados o Congresso Mundial de Esperanto, realizado em Brasília
em 1983. (...)
Na época em que foi escolhido
como vice-prefeito, no segundo mandato de Prestes Maia conhece Chico Xavier e
inicia-se uma longa amizade.
Durante as reuniões públicas da
Comunhão Espírita Cristã, de Uberaba, Chico recebe uma mensagem de Emmanuel
destinada à Freitas Nobre.
Nela, Emmanuel falava de sua
longa tarefa de pacificação do Brasil.
E Chico acrescentou:
Dr. Nobre, Emmanuel
está dizendo que o senhor será chamado a atuar em época muito difícil para o
nosso país, quando haverá, inclusive perigo de derramamento de sangue.
Primeiramente o
Brasil caíra muito à esquerda, depois à direita e finalmente caminhará pelo
centro, até encontrar seu verdadeiro destino.
Haverá turbulência
nesses períodos de mudança e o senhor atuará como pacificador, evitando
confrontos e radicalizações.
Era maio de 1962.
O país ainda se refazia da
renúncia de Jânio Quadros, Jango Goulart é deposto e os militares tomam o
poder.
Instala-se a Ditadura.
As previsões de Emmanuel começam
a se concretizar.
Freitas afasta-se da política e
vai para Paris (1964) (...) onde sob a orientação de Fernando Térrou, realiza
na Sorbonne doutorado de Direito e Economia da Informação: Em 1968, já de volta
ao Brasil, recebe novas mensagens, através da mediunidade de Chico Xavier.
Desta vez o emissário é Bezerra
de Menezes que lhe envia notícias, comunicando-lhe que seria reintegrado aos
quadros políticos.
Longe da política, assumiu as
funções de advogado (...) e voltou a atuar em diversos órgãos de imprensa, como
"Jornal da Tarde", "Diário do Grande ABC", revista
"Imprensa" e TV Gazeta.
Em 1972 foi incluído na lista de
"Cassação branca" da Universidade de São Paulo, à qual retornou com o
término do seu mandato de deputado federal, pelo empenho do reitor José
Goldemberg e do Governador Franco Montoro.
Reintegrou-se na USP por
concurso, conquistando os graus de Livre Docente em 1968 e Professor Titular em
1990.
Nestes 16 anos de atividade
parlamentar, Freitas Nobre cumpriu a tarefa de pacificar a Nação (...) e pelo
fim do arbítrio.
Durante todo esse período,
Bezerra de Menezes manteve, através de Chico Xavier, uma correspondência
permanente com o deputado.
São cartas, bilhetes, recados,
estreitando ainda mais a amizade entre os três.
Foi um dos parlamentares da luta
pela anistia, pela legalização dos partidos de esquerda, pelo restabelecimento
das eleições diretas, pela Convocação da Assembleia Constituinte. (...)
Depois de rápida passagem pelo
PDT, ele participa da criação do PSDB. (Transcrito em parte do "Correio
Fraterno do ABC", São Bernardo do Campo, SP; texto de Altamirando
Carneiro).
Desencarnou no dia 19 de
novembro de 1990, em São Paulo, de insuficiência respiratória aguda.
Seu corpo foi velado na Câmara
Municipal de São Paulo, onde políticos, jornalistas, amigos e parentes lhes
prestaram a última homenagem.
O Presidente do PMDB, Ulisses
Guimarães lembrou que Freitas era o trabalhador incansável, sempre um dos
primeiros a chegar e um dos últimos a sair nos trabalhos da Câmara.
Estiveram presentes os
companheiros de Doutrina e amigos da Federação Espírita do Estado de São Paulo,
da USE, do Clarim, da Rádio Boa Nova, de Guarulhos (SP), da AMESP - Associação
Médico Espírita de São Paulo, além de outros representantes de Grupos
Espíritas.
No dia 19, também os anônimos,
os humildes, os injustiçados estiveram presentes ao salão da Câmara
Municipal...
Foram agradecer... Despedir-se
do seu representante político.
José Freitas Nobre era casado
com a Dra. Marlene Severino Nobre, e deixa quatro filhos.
Dra. Marlene é médica, professora
da USP e diretora da Associação Médico Espírita de São Paulo ‒ AMESP.
Não se reelegeu após seu trabalho pacificador. Na época os espíritas não votavam em espíritas por achar que não deviam se envolver com política. Ideia plantada no movimento justamente pelos que queriam afastar pessoas serias do meio.
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