quinta-feira, 21 de março de 2019

FELICIDADE NA TERRA[1]



Miramez

O homem que foi feliz neste mundo lamenta seus prazeres, quando deixa a Terra?
Somente os Espíritos inferiores podem lamentar as alegrias que se harmonizam com a sua imperfeição e que expiam pelos seus sofrimentos. Para os Espíritos elevados, a felicidade eterna é mil vezes preferível aos prazeres efêmeros da Terra.
Tal o homem adulto que despreza aquilo que fez as delícias da sua infância.
Questão 313/Livro dos Espíritos

A felicidade completa na Terra não existe. Quando alguma alma se encontra feliz com as inferioridades do plano físico, é prova de que está apegado às paixões humanas, que são transitórias e, além disso, elas nos trazem reações que nos fazem sofrer, por serem inferiores.
Essa alegria é, pois, mesclada de aborrecimentos.
A verdadeira felicidade, aquela agradável ao coração no reino da eternidade, se encontra em primeiro lugar na consciência imperturbável, como nos planos superiores do Espírito imortal. O desprendimento dos gozos terrenos ser-nos-á difícil. Somente a maturidade pode nos oferecer esse estado d’alma. Maturidade é sinônimo de tempo, de esforço próprio no clima do amor puro no coração, de modo que a caridade nos abra caminhos para grandes entendimentos espirituais.
Jesus Cristo veio oferecer a chave, a fim de podermos abrir as portas da esperança, na visão interna da felicidade. O Seu Evangelho é um convite para tal prêmio, se a ele fizermos jus pela vivência dos preceitos divinos da Boa Nova do Reino.
Aquele que desacredita da felicidade eterna, e se agarra aos prazeres do mundo em que estagia, depois do fenômeno chamado morte não avança um passo rumo ao seu bem-estar; fica, como Espírito, agarrado onde seu coração se encontra preso, pelos seus apegos às coisas sem importância para a alma.
Fomos todos criados para a alegria pura, e na Terra existem frações desse contentamento, mostrando ao homem de bem que existe a verdadeira alegria no reino do coração. Jesus já dizia com propriedade: “O céu está dentro de vós.” E verdadeiramente a felicidade eterna se encontra no reino interno da alma; basta, para isso, que saibamos buscar esse ambiente de luz, na luz do Espírito. Enquanto a humanidade faz todos os tipos de esforços para buscar a paz por fora, usando métodos extravagantes, de compras e trocas, o Mestre dos mestres nos mostra que ela não se compra com o ouro da Terra, nem se vende pelo metal físico, mas, que se conquista através do tempo e da boa vontade, palmilhando nos caminhos que Jesus nos ensinou.
O favônio[2], no ambiente de luz dos sentimentos, é força soberana que nos liberta e nos faz sentir Deus no nosso mundo interior. Tudo que está em cima, se encontra embaixo; tudo que se acha no exterior, existe no interior de cada criatura. O Céu e Deus esplendem nos corações dos santos e dos sábios.
Somente os Espíritos inferiores sentem saudades dos gozos terrenos. Os que se desprenderam dos bens perecíveis da Terra, já passam a viver algo da felicidade do céu, dentro e fora de si. Todos os tipos de sofrimentos, expiações e provas são comandadas pela desarmonia mental, onde o coração não bate no ritmo do amor. Sobre os grandes seres que sofreram, sob o ponto de vista dos homens, não quer dizer que verdadeiramente sofreram, quais os homens inferiores. A dor, nesse caso, se encontra em outra dimensão.
Precisamos estudar mais o que entendemos por sofrimento de Jesus, porque o próprio Livro dos Espíritos nos fala que a alma pura tem a consciência imperturbável.
Preparemo-nos, pois, enquanto estivermos na Terra, revestidos de um corpo de carne, de modo que, ao atravessarmos o túmulo, não nos acompanhem as paixões-inferiores que ainda vibram entre os homens.




[1] Filosofia Espírita – Volume 7 – João Nunes Maia
[2] Propício; agradável.



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