Adriana Machado
Vemos grupos de pessoas brigando
entre si sobre questões de ordem psíquica, emocional e familiar, levando uma
boa parte de nossa sociedade a se manifestar de uma forma descontente,
frustrada, irritada.
Existe uma onda, onde alguns,
para não perderem o pequeno espaço que já conquistaram, estão mais atuantes em
defender aquilo que acreditam. Fazem barulho, expõem suas ideias, chamam a
atenção para as suas verdades, criam circunstâncias que escandalizam, trazem
desconforto ou, ao contrário, dão condições de novos entendimentos aos nunca
tinham sido colocados frente àquelas novas concepções. Outros, por serem
contrários, lutam pelas suas convicções e valores, não querendo que essa onda
os afogue, temendo o que não conhecem ou vislumbrando as consequências de
adotá-las. Infelizmente, nenhum dos lados está a salvo das revoltas e
indignações produzidas pelas ponderações trazidas pelo seu oposto.
Tentando analisar com brandura e
raciocínio, venho tentando ouvir e ver o que está acontecendo ao meu redor, mas
admito que estou me sentindo “afogar” vez por outra.
Influenciando essa batalha,
temos os meios de comunicação, que, infelizmente, trazem as notícias, espelham
em suas novelas, tudo o que está negativo em nosso país: corrupção, violência,
descaso aos valores familiares etc.
Tudo isso nos faz chegar ao
final do dia com a impressão de que nada está bem, mas isso não é verdade!
Afirmo isso porque, o que
generalizam como se fosse a característica de nosso povo, não nos resume. O que
vemos alguns fazerem tão gravemente, não pode ser espelhado aos milhões de
brasileiros. A maioria de nós se importa com o futuro de nosso país e usa das
armas que tem, como votar com mais consciência e continuar trabalhando, esperançosa
que mudanças aconteçam. Muitos estrangeiros afirmam não entender como podemos
ser tão mansos e pacíficos diante dos últimos acontecimentos. Eu diria que
somos assim (!), talvez “por enquanto”, talvez “isso nunca mude”, mas digo que
é melhor do que pegarmos em armas e resolvermos pela força e pela violência.
Será que reagimos assim por sermos o país que é considerado o “coração” do
mundo, a pátria do evangelho[2]?
Saímos da ditadura militar sem uma guerra civil. Não acham que, em razão de
nossa postura “pacífica”, não recebemos o auxílio divino para que as etapas de
nosso aprendizado surjam? Fica aí a minha suspeita para vocês pensarem.
A decência de nosso povo não se
resume ao samba nem na alegria de viver, mas de sabermos que somos capazes de,
mesmo pobres, devolvermos bolsas de dinheiro perdidas aos seus verdadeiros
donos; de termos ONGs, templos religiosos e trabalhadores voluntários que se
dedicam efetivamente a auxiliar os mais necessitados; de vermos bons policiais
que arriscam, todo dia a sua vida, recebendo um salário minguado, para fazer o
seu trabalho por convicção de que eles podem fazer a diferença em um país ainda
violento; por termos médicos que, mesmo em hospitais sem condições mínimas de
trabalho, ainda se esforçam para salvar vidas e dar dignidade àqueles que os
procuram; de vermos trabalhadores honestos diariamente superando longas
distâncias para serem úteis e merecerem a sua remuneração no final do mês...
Vocês poderiam dizer que nem
todos são assim ou que “os países mais avançados também fazem isso”, como se
isso fosse desmantelar os meus argumentos. Mas, ao contrário, só me dá a
certeza que estamos no caminho certo. Aqueles que não fazem têm o exemplo
daqueles que fazem para aprender a fazer diferente, essa é a proposta da lei
divina que nos rege. Como eu estava dizendo, muitos são os bons exemplos, mas
estes não são divulgados. E por que não? Porque afirmam os meios de comunicação
que não é assunto que interessa ao público. Será mesmo? Quantos de nós já
manifestam a insatisfação de deixarmos entrar em nossos lares o “lixo”
produzido por essas programações?
Se não buscarmos querer enxergar
aquilo que está ao nosso redor “com os nossos próprios olhos” (e não com os da
mídia), essa onda que está nos levando de um lado para o outro, sem boia e sem
leme, nos influenciará de tal forma que acabará com a nossa autoestima, com os
nossos valores familiares e morais, com o nosso orgulho de sermos
brasileiros... E aí, o que sobrará? Hoje, estamos vivenciando uma verdadeira
guerra velada dentro de nossa sociedade. Mas, essa guerra pode deixar de sê-lo
se defendermos os nossos valores sem raiva e indignação, porque deixaremos de
ver quem pensa diferente de nós como inimigo e poderemos achar um porto seguro,
onde todos poderão repousar, não tendo que “aniquilar” ninguém, mas sim
compreender as diferenças pelo diálogo e respeito.
[2] Francisco Cândido Xavier. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho (pelo Espírito
Humberto de Campos)
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