Orson Peter Carrara
O relato que trazemos esta
semana é bem conhecido. Já foi divulgado por meios diversos em diferentes
épocas, mas continua atual e merece ser novamente veiculado. Ele é daquele
tempo em que a imaginação humana, para educar e entreter coloca os animais a conversarem,
a dialogarem como se humanos fossem. Ao lado desse recurso, porém, o relato
traduz bem a situação atual do mundo e a extrema necessidade de nos voltarmos
atenção mútua uns aos outros, sem desprezo para com ninguém, assumindo atitudes
solidárias.
Numa bela casa,
localizada na zona rural, a proprietária comprou uma ratoeira para capturar o
rato que passeava à noite pelos cômodos e importunando os moradores. O rato
ficou preocupado e procurou a galinha relatando suas angústias com a presença
da ratoeira. A galinha afirmou que nada podia fazer porque era uma galinha,
informando “E eu com isto”?
O rato resolveu
então procurar o porco com a mesma angústia. Recebeu a mesma resposta: “E eu
com isto”? Mas não desistiu. Resolveu procurar o boi. O boi, embora mais amigo,
disse-lhe que não tinha como ajudá-lo, mas também afirmou: “Não posso fazer
nada. O que tenho eu a ver com isso”?
Naquela noite o rato
acordou sobressaltado, afinal a ratoeira funcionou com estrondo. Saiu para ver
e verificou que uma cobra havia entrado na casa e sido presa pela ratoeira. A
dona da casa levantou-se com o barulho, no escuro, aproximou-se da ratoeira e
foi picada pela cobra.
Febre alta, dores, o
médico compareceu e verificou a gravidade da situação. Receitou uma canja de galinha.
E a galinha perdeu a vida… Mas não adiantou, a mulher morreu.
Para atender a
refeição dos parentes que vieram ao velório, o dono do sítio matou o porco. E
como a notícia se espalhou e nos dias seguintes muitos outros parentes vieram,
ele precisou também matar o boi para a refeição de tanta gente…
Conclusão: todos aqueles que disseram “e eu com isto?” ficaram envolvidos com a
questão do rato e morreram.”
Não é o mesmo que está
acontecendo com a sociedade brasileira?
O atual quadro, possivelmente manipulado
por interesses outros, arquitetado com perversidade – não o quadro em si, mas
especialmente seus desdobramentos e infiltrações – enquadra-se perfeitamente no
questionamento.
Por isso, para mudar o mundo,
não há outra saída senão a solidariedade.
Todos: pessoas físicas,
autoridades e instituições, precisamos estar permanentemente preocupados em
resgatar os princípios de dignidade, honradez e educação das novas gerações. E
isso significa também sacrifício, renúncia, empatia.
Ora, eis a solução das
dificuldades atualmente existentes. E considere-se que o resgate dos princípios
de dignidade e honradez comportam outras tantas abordagens.
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