quarta-feira, 28 de março de 2018

Reflexões acerca da iluminação no trabalho mediúnico e da água fluidificada[1]


Grupo Espírita Meimei de Pedro Leopoldo/MG nos anos 50 fundado por Chico Xavier
Elton Rodrigues


Todos os que frequentam reuniões espíritas, ao menos uma vez, interpelou sobre a utilização de iluminação distinta, no momento do passe ou em outro trabalho mediúnico, àquela ordinária, ou seja, iluminação feita com luz branca. Outrossim, não é algo recente escutarmos variadas alegações sobre o histórico, e outras características, de uma das mais conhecidas ferramentas terapêuticas em um centro espírita: a água fluidificada.
Assim, entusiasmados pelo sentimento natural, de compreender um pouco mais sobre alguns pontos desta doutrina tão rica refletimos, sendo Kardec a base, sobre os assuntos supracitados.
Em o livro “Desobsessão”[2], André Luiz, em seu capítulo XVII, afirma:
A iluminação no recinto será, sem dúvida, aquela de potencialidade normal, na fase preparatória das tarefas, favorecendo vistorias e leituras. Contudo, antes da prece inicial, o dirigente da reunião graduará a luz no recinto, fixando-a em uma ou duas lâmpadas, preferivelmente vermelhas, de capacidade fraca, 15 watts, por exemplo, de vez que a projeção de raios demasiado intensos sobre o conjunto prejudica a formação de medidas socorristas, mentalizadas e dirigidas pelos instrutores espirituais, diretamente responsáveis pelo serviço assistencial em andamento, com apoio nos recursos medianímicos da equipe.
Nas localidades não favorecidas pela energia elétrica, o orientador da reunião diminuirá no recinto o teor da luz empregada.
Hermínio de Miranda, em seu livro “Diálogo com as Sombras”[3], capítulo I, também faz referência à luz vermelha, durante a reunião mediúnica:
Cerca de duas horas antes, a sala está preparada fisicamente para a reunião: mesa e cadeiras em posição, a água destinada à fluidificação, os livros que contêm os textos destinados à leitura, material para eventual psicografia, papel, lápis, canetas esferográficas, o caderno de preces, o gravador com a fita já também em posição para captar a mensagem final dos mentores do grupo, uma pequena luz indireta, preferentemente de cor, pois a luz branca é prejudicial a certos fenômenos mediúnicos. Sugere-se a cor vermelha.
Acredito que as sugestões de Hermínio de Miranda são referências ao texto de André Luiz. Todavia, temos que considerar o alto grau de discernimento do grande pesquisador espírita. Desta forma, o que quero dizer é que se o Hermínio corroborou as informações trazidas à luz por André Luiz, ele, inequivocamente, concorda com esta atitude.
Igualmente, Léon Denis, em “No Invisível”[4], apresenta alguns relatos sobre a iluminação da sala reservada à experimentação mediúnica:
Em certas noites são múltiplas as aparições. Perfis indistintos, contornos de cabeças, sombras obscuras se desenham num fundo escassamente iluminado; fantasmas brancos, de extrema tenuidade, se mostram nos lugares escuros da sala[5].”
Porém, em outro ponto, Denis, compartilhando uma carta do Sr. Larsen direcionada a um jornal sueco, onde o Sr. Larsen descreve a aparição de sua mulher morta, temos:
Ela deslizou silenciosamente até ao gabinete, cujas cortinas se cerraram de novo. A sala estava bem iluminada: os assistentes se conservaram sérios e calmos; o médium permaneceu visível em sua poltrona, ao lado e durante todo o tempo da aparição[6].
Ora, no relato do Sr. Larsen, fica claro que “a sala estava bem iluminada”. Até o momento, temos André Luiz e Hermínio de Miranda trazendo orientações sobre a importância da luz reduzida, ou vermelha, no recinto reservado aos trabalhos mediúnicos. León Denis, por outro lado, traz duas informações importantes: o relato sobre a diminuição da luz antes das manifestações ocorrerem e uma carta, onde o Sr. Larsen, afirma que a manifestação ocorreu em um ambiente iluminado.
O que podemos concluir dessas primeiras informações? Será que alguns fenômenos podem ocorrer em ambiente iluminado sem que haja prejuízo algum? Antes de defendermos uma ideia, estudaremos mais algumas informações.
Henri Regnault confirma em seu livro[7], a utilização de iluminação débil nas sessões mediúnicas presididas por Denis:
No começo de cada sessão, o presidente, no caso Léon Denis, fazia uma curta prece. Em seguida, diminuía-se a luz e ouviam-se com paciência e recolhimento, as manifestações[8].
William Crookes, em uma série de artigos publicados no Quarterly Journal of Science[9], relata diversos experimentos realizados por ele. A maioria dos experimentos foram realizados em ambiente pouco iluminado. Porém, diversas manifestações ocorreram em ambiente totalmente escuro e, também, com grande iluminação.
Poderíamos citar relatos de experiências realizadas por Bozzano, De Rochas, Richet e muitos outros, para concluir que existem experimentos realizados desde a escuridão total até sob o Sol.
Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns[10], diz:
Acrescentemos que a forma da mesa, a substância de que é feita, a presença de metais, da seda nas roupas dos assistentes, os dias, as horas, a obscuridade, ou a luz etc., são indiferentes como a chuva ou o bom tempo.
Já no capítulo VI[11], do livro supracitado, Kardec pergunta aos Espíritos:
Por que é que as aparições se dão de preferência à noite? Não indica isso que elas são efeito do silêncio e da obscuridade sobre a imaginação?
E os Espíritos respondem: “Pela mesma razão por que vedes, durante a noite, as estrelas e não as divisais em pleno dia.
A grande claridade pode apagar uma aparição ligeira; mas, errôneo é supor-se que a noite tenha qualquer coisa com isso. Inquiri os que têm tido visões e verificareis que são em maior número os que as tiveram de dia.
Ora, os Espíritos que trabalharam com Kardec afirmam que a luz não impede que uma manifestação ocorra. Será que as informações de André Luiz e Léon Denis vão de encontro ao que Kardec divulgou? A resposta é não.
Realmente a pouca iluminação facilita, por exemplo, materializações, fenômenos ectoplasmáticos e fenômenos luminosos. Porém, existem diversos relatos, mesmo desses fenômenos, ocorrendo de dia, sob o Sol. O que podemos concluir é que a luz branca, com as suas características próprias – frequência, principalmente – influencia de alguma forma essas manifestações, mas não que isso seja um impedimento absoluto à manifestação. Por outro lado, já é atestado que há uma relação entre a luminosidade e a produção de melatonina[12], hormônio produzido pela pineal. Sendo a glândula pineal uma parte importante do processo mediúnico[13] então é de boa lógica concluir que a pouca iluminação, não importando a cor da lâmpada, a priori, pode facilitar o trabalho dos médiuns e, também, se for o caso, a abertura necessária dos assistidos, seja no passe no salão ou em trabalhos específicos de cura, no recebimento da fluidoterapia.
Para finalizarmos, falaremos de uma outra ferramenta da fluidoterapia: a água fluidificada.
A água, notoriamente, é um elemento primordial à vida.
Sob ação da vontade e da fé, pode-se impregná-la de um fluido mais sutil, enchendo-lhe, “os interstícios até a saturação”[14].
Allan Kardec, em A Gênese, afirma que certas substâncias, como a água, podem adquirir qualidades interessantes sob ação do fluido espiritual e magnético[15].
André Luiz, em “Nosso Lar”[16], aprende que a água é um veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza.
Em o livro “Passe, magnetismo curador”, Palhano Jr. e Dalva Souza, nos informam:
Os espíritas têm grande apreço à água fluidificada; utilizando-a, de modo geral, a benefício de todos. Entretanto, esse recurso pode ter caráter particular: pode-se destinar a água a ser fluidificada para determinado enfermo e, nesse caso, é conveniente que o uso seja pessoal e exclusivo[17],[18]  
Desta forma, caros leitores, não nos resta dúvida que a água fluidificada deverá ser utilizada como mais um recurso em qualquer tratamento.
Não há mistérios na fluidificação da água. Basta que o médium, concentrando-se em uma prece, estenda as suas mãos, solicitando a ajuda espiritual, no propósito de transmitir seus fluidos para um determinado reservatório. Não se preocupem se o recipiente está fechado ou aberto.
Certa vez, o espírito Sheilla, durante uma conversa entre alguns confrades espíritas sobre essa questão, mostrou, pela vidência de um de nós, que os seus dedos atravessavam o vidro da garrafa e deixavam extravasar fluidos no líquido.[19]
Por último, indicamos que a água logo antes da fluidificação, e após a esta, seja mantida em ambiente fresco, sem que seja resfriada. Esta informação não deve ser considerada – assim como qualquer outra neste artigo – como mística. Com efeito, com menor temperatura, a vibração, ou seja, a energia cinética das partículas, diminui.
A água pode ser fluidificada durante uma sessão de passes, por um grupo de médiuns, designados para esta tarefa.
Continuemos com os nossos esforços para estarmos mais próximos da Verdade, mais próximos de Jesus.
E assim, terminamos nossas reflexões iniciais sobre estes assuntos tão interessantes.
Fiquemos com as palavras de Jesus:  
Aquele que der de beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.
Mateus, 10, 12.




[1] Revista Fóton -  Volume 10 – Março/2018
[2] Desobsessão, André Luiz - (esp.), Francisco Xavier e Waldo Vieira, 4ª Edição, FEB.
[3] Diálogo com as Sombras, Hermínio de Miranda, 24ª Edição, FEB.
[4] No Invisível, Léon Denis, 2ª - Edição, CELD
[5] No Invisível, capítulo XX, Léon Denis, 2ª Edição, CELD.
[6] No Invisível, capítulo XX, Léon Denis, 2ª Edição, CELD.
[7] Léon Denis e a Experiência Espírita, Henri Regnault, 3ª Edição, CELD.
[8] Léon Denis e a Experiência Espírita, Capítulo V, Henri Regnault, 3ª Edição, CELD.
[9] A Federação Espírita Brasileira (FEB) publicou, parcialmente, estes artigos, em um livro chamado “Fatos Espíritas”.
[10] O Livro dos Médiuns, capítulo II, item 63, Allan Kardec, 1ª Edição, CELD.
[11] O Livro dos Médiuns, capítulo VI, 18ª pergunta, Allan Kardec, 1ª Edição, CELD.
[12] Em humanos, a melatonina tem sua principal função em regular o sono; ou seja, em um ambiente escuro e calmo, os níveis de melatonina do organismo aumentam, causando o sono, relaxamento. Ora, é fácil concluir que esse torpor é necessário para um certo afastamento parcial do perispírito.
[13] Missionários da Luz, capítulo II, André Luiz, 45ª Edição, FEB.
[14] Magnetismo Animal, capítulo XV, Michaelus, FEB.
[15] A Gênese, Allan Kardec, Capítulo XIV, CELD.
[16] Nosso Lar, Capítulo X, FEB.
[17] Passe, magnetismo curador, capítulo 11, Palhano Jr. E Dalva Silva Souza, Lachâtre.
[18] O Consolador, capítulo V, questão 103, Emmanuel, FEB.
[19] Passe, magnetismo curador, Palhano Jr. e Dalva Silva Souza, Lachâtre.

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