Regis Mesquita[2]
A escolha dos pais com os quais
o espírito vai encarnar (como filho) acontece justamente porque eles podem
oferecer ao espírito a possibilidade de “ativar” determinados complexos de
encarnações passadas. Isto significa que a criança terá naquela família as
dificuldades e facilidades necessárias para ela cumprir aquilo que foi
planejado antes de nascer (missão de vida).
O retorno do espírito para o
corpo é planejado. A família em que ele nascerá será aquela capaz de propiciar
o positivo e o negativo que ele precisa para evoluir.
A escolha da família na qual um
espírito vai reencarnar é determinada pelas qualidades e defeitos que fazem
parte do núcleo familiar. Toda família possui características que estimulam
positivamente ou negativamente a criança, que está em processo de formação.
Explico-me: uma mãe amorosa, mas
medrosa, engravidou. Suas vibrações foram de profundo amor, aceitação e
alegria. Junto veio o receio e a insegurança. O espírito que nascerá será
estimulado por todos os sentimentos, pensamentos, vibrações e sensações da mãe.
Tanto as vibrações de amor quanto as vibrações de insegurança (por exemplo) vão
influenciar na formação do feto.
A influência funciona assim:
estas vibrações chegam até o feto. Estimulando-o. Na realidade, estimulam os
conteúdos espirituais (memórias) relacionados aos temas e que estão presentes
no espírito.
Suponhamos que esta mãe tenha
medo de perder o emprego. Este conjunto de pensamentos, sentimentos, vibrações
e sensações chega até o feto. O feto não tem condições de lidar com estes
estímulos. Ele usa o “banco de dados” do espírito. O espírito é a referência, a
memória e a percepção do feto. Ou seja, é o espírito quem dá sentido aos
estímulos que chegam da mãe. Chamamos estes estímulos de dinamizadores, pois
eles dinamizam e estimulam a memória espiritual, fazendo com que parte dela
seja impregnada na mente do bebê antes dele nascer, durante o parto e mesmo
depois do nascimento.
Suponhamos agora que em uma
encarnação passada este espírito tenha passado fome por causa de desemprego. As
vibrações da mãe dinamizam esta memória do espírito e o resultado poderá ser a
ansiedade no feto. A ansiedade no feto gerará uma criança ansiosa (que terá que
enfrentar o desafio da ansiedade em sua vida).
Desta forma, o bebê que nasce é
uma continuidade do espírito que nele está encarnado. Ele nasce com informações
de outras encarnações e do plano espiritual. O bebê não é uma página em branco,
ele possui uma riqueza extraordinária de informações e recursos (é assim que se
forma a personalidade do bebê).
A formação da mente é
acompanhada pela entrada de conteúdos do espírito, que molda o novo corpo que
está se formando.
Somos uma continuidade. Somos um
corpo novo conduzido por um espírito antigo, que já teve muitas encarnações,
possui muitos recursos, habilidades, conhecimentos, condicionamentos, traumas
etc..
Toda criança é um espírito
repleto de vida e de história. É muito importante saber trabalhar com esta
história e aproveitar os recursos que foram arduamente desenvolvidos em dezenas
(ou centenas) de encarnações.
Lembre-se: o feto está ligado a
um espírito que possui capacidade de percepção e memória. Os acontecimentos
desta fase da vida são armazenados e influenciam a formação da mente do bebe.
Desta forma, as primeiras memórias que o bebê terá serão um misto de memórias
intrauterinas com memórias de encarnações passadas.
A mãe insegura (do exemplo
anterior) deve se sentir culpada? Não, nunca. A escolha dela (e do pai) para
receber aquele espírito deve-se ao conjunto de suas qualidades e dificuldades.
O espírito nasce em um novo corpo para lutar, superar dificuldades e evoluir.
Ele está reencarnando porque possui muito à aprender e amadurecer. As
dificuldades que são dinamizadas na formação do feto já estão presentes no
espírito e devem ser por ele resolvidas.
Traduzindo: a família dinamiza
somente aquilo que o espírito que está reencarnando carrega no
"coração". É igual na vida cotidiana: o que esperar de um ingrato?
Ingratidão. E de uma pessoa desonesta? Desonestidade. Se alguém der um prato de
comida para um ingrato, o que será dinamizado? Ingratidão. Talvez o ingrato
pense e sinta raiva: "ela me deu arroz com feijão, deveria ter me dado
macarrão". Se esta pessoa for grata, ela não terá ingratidão por receber
um prato de comida. Só é dinamizado o que está no "coração" desta
pessoa. O que não existir, não pode ser estimulado.
Da mesma forma, se a mãe emitir
vibrações de insegurança e o espírito for seguro, ela não irá dinamizar nada.
Tudo de bom ou ruim que for dinamizado no espírito é porque já está presente
neste espírito. Se no seu "coração" (espírito não tem coração, imagem
simbólica) houver paz, o espírito sentirá paz mesmo que os pais não sintam esta
paz. O que existir pode ser estimulado, o que não existir não será estimulado.
O que for dinamizado (estimulado) será o que o filho terá de bom ou ruim para
enfrentar.
Os filhos são uma benção para a
família porque com sua personalidade única contribuem para que os pais também
aprendam com eles. Todos aprendem, porque todos possuem muito à aprender e
evoluir.
[2] Formado em psicologia, especializado pela Unicamp, com
vários cursos na área de hipnose, psicologia junguiana e desenvolvimento
humano. Indo além da psicologia, estudou algumas técnicas alternativas, entre
as quais destaca-se a terapia de regressão (terapia de vidas passadas).
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