segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

ERNESTO BOZZANO[1]




Nascido em Gênova, Itália, em 9 de janeiro de 1862, e desencarnado na mesma cidade, no dia 24 de junho de 1943.
Trabalhando catorze horas diárias, durante cinquenta e dois anos; um estudo profundo que, se enfeixado num livro de tamanho médio resultaria num volume de 15.000 páginas; prolongadas e meticulosas pesquisas com o valioso concurso de 76 médiuns; nove monografias inconclusas, essa a folha de serviço de um dos mais eruditos pensadores e cientistas italianos. Seu nome: Ernesto Bozzano.
Cumpre aqui registrar também que Bozzano, com apenas 16 anos de idade, já se interessava por temas abrangendo assuntos filosóficos, psicológicos, astronômicos, ciências naturais e paleontológicos. Além disso, desde a sua juventude, sentia inusitada atração para os problemas da personalidade humana, principalmente os que conduziam às causas dos sofrimentos, a finalidade e a razão da vida humana.
Numa época quando o Positivismo de Augusto Comte empolgava muitas consciências, Bozzano passou a engrossar suas fileiras, demonstrando nítida inclinação por todos os ramos do saber humano e entregando-se, resolutamente, ao estudo das obras dos grandes filósofos de todas as épocas. Dos postulados positivistas gravitou para uma forma intransigente de materialismo, o que o levou a proclamar, mais tarde: Fui um positivista-materialista a tal ponto convencido, que me parecia impossível pudessem existir pessoas cultas, dotadas normalmente de sentido comum, que pudessem crer na existência e sobrevivência da alma.
Nos idos de 1891, recebeu do professor Ribot, diretor da Revista Filosófica, a informação sobre o lançamento da revista “Anais das Ciências Psíquicas”, dirigida pelo Dr. Darieux, sob a égide de Charles Richet. A sua opinião inicial sobre essa publicação foi a pior possível, dada a circunstância de considerar verdadeiro escândalo o fato de representantes de a Ciência oficial levarem a sério a possibilidade da transmissão do pensamento entre pessoas que vivem em continentes diferentes, a aparição de fantasmas e a existência das chamadas casas mal-assombradas.
Nessa mesma época, o professor Rosenbach, de S. Petersburgo (atual Leningrado), publicou violento artigo na "Revista Filosófica", situando-se numa posição antagônica à introdução desse novo misticismo no domínio da psicologia oficial.
Na edição subsequente, o Dr. Charles Richet refutou, ponto por ponto, as afirmações de Rosenbach, as quais reputava errôneas, mostrando em seguida as suas conclusões lógicas sobre a matéria.
Esse artigo do sábio francês teve o mérito de diminuir as dúvidas de Bozzano.
Os últimos resquícios dessa dúvida foram completamente destruídos na mente de Bozzano, quando ele leu o livro "Fantasmas dos Vivos", de autoria de Gurney, Podmore e Myers. As dúvidas que alimentava sobre os fenômenos telepáticos foram assim completamente eliminadas. Dali por diante dedicou-se, com afinco e verdadeiro fervor, ao estudo aprofundado dos fenômenos espíritas, fazendo-o através das obras de Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, Paul Gibier, William Crookes, Alfred Russel Wallace, Carl Du Prel, Alexander Aksakof e outros.
Com alguns amigos, funda em Gênova a primeira Sociedade de Estudos Psíquicos: o Círculo Científico Minerva, onde faz experiências desde 1891 a 1906. Esse Círculo promove, durante quatro anos, magníficas pesquisas, nas quais os experimentadores registram manifestações de toda espécie: pancadas, movimento de objetos, transportes em plena luz e, além disso, provas de identificação espírita[2].
Também durante três anos faz experiências com a médium Eusápia Paladino. Obtém, especialmente, em companhia dos professores Morselli e Porro, materializações completas de fantasmas em plena luz e estando, ainda, o médium visível ao mesmo tempo2.
No decurso de cinco anos consecutivos, graças ao intenso trabalho desenvolvido, esse pequeno grupo propiciou vasto material à imprensa italiana e, ultrapassando as fronteiras da península, chegou a vários países, pois, praticamente havia se obtido a realização de quase todos os fenômenos, culminando com a materialização de seis Espíritos, de forma bastante visível, e com a mais rígida comprovação.
O seu primeiro artigo intitulou-se "Espiritualismo e Crítica Científica", porém, o sábio levou cerca de nove anos estudando, comparando e analisando, antes de publicar as suas ideias.
Polemista de vastos recursos, sustentou quatro acérrimas e importantes polêmicas com detratores do Espiritismo. A fim de pulverizar uma obra de ataque, publicada na época, fez editar um livro de duzentas páginas, o qual levou o título "Em Defesa do Espiritismo".
A primeira obra por ele publicada, com o fito de sustentar a tese espírita, foi a "Hipótese Espírita e a Teoria Científica", à qual se seguiram outras não menos importantes: "Dos Casos de Identificação Espírita", "Dos Fenômenos Premonitórios" e "A Primeira Manifestação de Voz-Direta na Itália".
As seguintes obras de Bozzano foram vertidas para o português: "Animismo ou Espiritismo", "Pensamento e Vontade", "Os Enigmas da Psicometria", "Metapsíquica Humana", "A Crise da Morte", "Xenoglossia" e "Fenômenos Psíquicos no Momento da Morte", “Fenômenos de Bilocação” e “Fenômenos de Transporte”.
O seu devotamento ao trabalho fez com que o grande sábio italiano se tornasse, de direito e de fato, um dos mais salientes pesquisadores dos fenômenos espíritas, impondo-se pela projeção do seu nome e pelo acendrado amor que dedicou à causa que havia esposado e que havia defendido com todas as forças de sua convicção inabalável.
Um fato novo veio contribuir para robustecer a sua crença no Espiritismo. A desencarnação de sua mãe, em julho de 1912, serviu de ponte para a demonstração da sobrevivência da alma.
Realizando uma sessão na data em que se comemorava o transcurso do primeiro aniversário de desencarnação de sua genitora, a médium escreveu umas palavras num pedaço de papel, as quais, depois de lidas por Bozzano o deixaram assombrado. Ali estavam escritos os dois últimos versos do epitáfio que naquele mesmo dia ele havia deixado no túmulo de sua mãe.
Durante os anos de 1906 a 1939, Bozzano colaborou intensamente na revista espírita "Luce e Ombra", escrevendo também centenas de artigos para as revistas do gênero, que se publicavam na Itália, França, Inglaterra e outros países.




[1] Personagens do Espiritismo - Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy
[2] Atualização de acordo com Autores Espíritas Clássicos.

2 comentários:

  1. Excelente. Grande contribuição nos deixou Ernest Bozzano!!

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  2. se não podemos ler tudo que publicou, procuremos o estudo meditado do que já temos traduzido para a nossa língua - espírita que se preza, de acordo com suas possibilidades, deve estudar toda essa clássica biblioteca, pois não foi em vão que tais espíritos encarnaram-se em nosso globo, junto com o Mestre Kardec ... espíritas, orai e vigiai, espíritas, estudai ....

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