quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Os cuidados com os ataques espirituais neste momento de transição O grande problema em torno da questão é considerar-se imune a qualquer tipo de influenciação[1].



Fabio Dionisi - fabiodionisi@terra.com.br -  01/02/2018


Ao longo dos anos, em nossas palestras sobre influenciação espiritual, temos constatado a dificuldade de nossos ouvintes em compreender a importância da vigilância diante dos ataques crescentes que sofremos.
Não poucas vezes ficamos surpresos com a reação de indiferença. Acreditam em influenciação espiritual, mas agem como se o problema fosse exclusivo do outro. Algo que supostamente não os afeta, provocando um distanciamento do debate, como se o assunto não fosse pertinente. Ledo engano! Há 160 anos Allan Kardec se preocupou com a questão e recebeu o alerta em O Livro dos Espíritos:
459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
– Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.
Segundo André Luiz, por volta da década de 1940 a humanidade terrestre era constituída por 20 bilhões de indivíduos, dos quais cerca de 7,5 bilhões se encontram reencarnados atualmente. Mais da metade, portanto, está no mundo espiritual e considerando o estágio evolutivo em que se encontram os habitantes deste planeta, conclui-se que uma massa enorme está por aí, ao nosso derredor.
Além das obras de Kardec, outros bons livros foram escritos falando sobre influenciação espiritual. Citamos dois: “Aconteceu na Casa Espírita”, ditado pelo Espírito Nora a Emanuel Cristiano; e “Guerra no Além: interação entre os dois planos de vida”, ditado pelo Espírito Cairbar Schutel a Abel Glaser.
Contudo, o alerta não é tão recente, pois em Paulo de Tarso encontramos referências preocupantes a respeito:
Nós também, portanto, estamos cercados por uma nuvem de testemunhas.” (Carta aos Hebreus, 12:1)
A vida cristã é luta – Ademais, fortaleçam-se no Senhor e na força do seu poder. Vistam a armadura de Deus para poder resistir às manobras do diabo. A nossa luta, de fato, não é contra homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os Espíritos do mal, que habitam as regiões celestes. Por isso, vistam a armadura de Deus para que, no dia mau [do ataque; da tentação], vocês possam resistir e permanecer firmes, superando todas as provas. Estejam, portanto, firmes: cingidos com o cinturão da justiça [fazendo o correto], os pés calçados com o zelo [vigiando] para propagar o evangelho da paz [pelo próprio exemplo]: tenham sempre na mão o escudo da fé, e assim poderão apagar as flechas inflamadas do Maligno. (...) (Carta aos Efésios, 6:10-18)
Se quisermos, ainda, fazer referência a um passado mais longínquo, basta consultar as obras “O Espírito e o tempo”, de J. Herculano Pires, e “Povos primitivos e manifestações supranormais”, de Ernesto Bozzano.
Esse assunto é crucial nesta fase de transição – de Mundo de Provas e Expiações para Mundo de Regeneração – devido ao recrudescimento da ação dos dominadores do mundo das trevas. Por isso, todo cuidado é pouco.
É sábio desconsiderar a existência de inimigos quanto a este processo de transição planetária? Sabemos que nos encontramos num processo de seleção. Muitos serão desterrados para mundos inferiores. Se conhecedores de seus destinos, eles não procurariam criar obstáculos para a transição?
Em nossas atividades nas reuniões de esclarecimento, desobsessão e encaminhamento, não poucas vezes nos deparamos com Espíritos cientes de seus destinos, mas que, abertamente, informam que procurarão postergar ao máximo este acontecimento; ou, quando conscientes de que não evitarão tal mudança, confessam que envidarão todos os esforços para arrastar com eles o maior número possível de encarnados imprevidentes, com o fim de constituir exércitos para o domínio de novas regiões. Agem sobre os encarnados, planejada e deliberadamente, para atingirem esses fins. E por que seria diferente, se na própria história da evolução humana constatamos esta ação, em grande escala, ao longo dos últimos milênios?
“Seria muito importante que todo o plano material tivesse conhecimento dessa grande influenciação que sofre todos os dias por parte de Espíritos inferiores[2]”. E é exatamente o que está ocorrendo neste momento de mudanças, nesta interação contínua entre os dois mundos. Embora a ficha não tenha caído para a maioria dos espíritas, estamos vivendo um dos momentos mais importantes deste orbe e de sua humanidade: a transição planetária.
Até aqui, todos os rounds foram superados por Jesus e seus discípulos; todavia, não podemos desconsiderar que nossos irmãos detentores do poder nas trevas ainda se encontram por aqui. O que será que eles estão fazendo neste momento? Estarão resignados com a exclusão e eminente deportação para mundos inferiores? Ou será que ainda buscam, por todos os meios, retardar o processo, mantendo-se no poder e afirmando: “aqui quem manda somos nós”? Seria ingenuidade pensar que já desistiram de seus propósitos. E quem seriam seus maiores adversários? Naturalmente são os que detêm o conhecimento do que está ocorrendo.
Nós, espíritas, somos os que mais informações possuímos sobre o mundo espiritual. Ninguém detém, em suas mãos, o esclarecimento de que somos portadores. Isto, entretanto, não nos torna especiais, muito menos melhores que os demais encarnados, ainda que tenhamos mérito em aceitar os postulados espíritas. Pela misericórdia divina, fomos abençoados com esta oportunidade redentora para compensar nosso passado delituoso. A bem da verdade, somos grandes devedores diante das Leis Divinas e, infelizmente, a maioria de nós desconhece seu papel na terceira revelação e as reais necessidades de mudança interior.
Alheios às nossas obrigações, tocamos o dia a dia como se o Espiritismo fosse apenas um meio de ajudar-nos em momentos de crise. Algo maravilhoso e que todos deveriam seguir. Mas seguir não é usar um “crachá” que diz “eu sou espírita”, e sim vivenciá-lo. Em geral, transferimo-nos da Igreja para uma instituição espírita como se tudo devesse continuar da mesma forma. De papa-hóstias, tornamo-nos papa-passes; éramos papa-sermões, agora somos papa-palestras; mas sem o desejo sincero de mudanças, o que evitaria as crises que, de tempos em tempos, chamam-nos à reflexão.
A dor foi concebida como sinal de que precisamos modificar nosso padrão. Comumente, ainda buscamos nas instituições a paz exterior que ela costuma nos oferecer, esquecendo-nos de que esta paz deveria vir de dentro. Procuramos externamente a solução dos problemas, sem nos conscientizarmos de que ela já se encontra dentro de nós.
Não estudamos o quanto deveríamos; não servimos o quanto é necessário; não nos transformamos para sermos melhores; e ainda somos muito ingratos para com o nosso Criador. Desconhecidos da realidade interior, cultivamos reações seculares malsãs que obviamente decorrem do nosso estado evolutivo, afinal de contas não é por acaso que nos encontramos neste planeta; contudo, mister realizar o trabalho interior, para nos tornarmos aptos a mudar de categoria. Se vícios e desvios ainda fazem parte de nossa natureza, que pelo menos aprendamos a administrá-los, para o nosso bem e para o bem do todo.
Precisamos estender nosso olhar, não focar demasiadamente no aqui e no agora e passar a enxergar o belo futuro que está reservado para aqueles que fizeram por merecê-lo. É tempo de não postergar a felicidade, para sairmos deste cipoal de dores, problemas e desacertos que só atrasam nossa chegada a uma vida mais serena, mais saudável em todos os aspectos. E prestar muita atenção às forças externas para não estragarmos nossas possibilidades.
O trabalho não é fácil. Além dos obstáculos que engendramos, há os que são criados por agentes exteriores. É só prestar mais atenção no que acontece em nossas vidas e dentro de muitas instituições. Os ataques são constantes. A influência é insidiosa, quer aceitemos ou não esta realidade. Principalmente para aqueles que professam o ideal de viver a Doutrina. E, como dissemos há pouco, um contingente enorme de desencarnados se esforça para retardar a consolidação da transição em curso, quando não a evitar.
Oremos e vigiemos.




[2] GLASER, Abel. Guerra no além. Pelo Espírito Cairbar Schutel. p.94. Matão: Casa Editora O Clarim, 2010.

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