Fabio Dionisi - fabiodionisi@terra.com.br - 01/02/2018
Ao longo dos anos, em nossas
palestras sobre influenciação espiritual, temos constatado a dificuldade de
nossos ouvintes em compreender a importância da vigilância diante dos ataques
crescentes que sofremos.
Não poucas vezes ficamos
surpresos com a reação de indiferença. Acreditam em influenciação espiritual,
mas agem como se o problema fosse exclusivo do outro. Algo que supostamente não
os afeta, provocando um distanciamento do debate, como se o assunto não fosse
pertinente. Ledo engano! Há 160 anos Allan Kardec se preocupou com a questão e
recebeu o alerta em O Livro dos Espíritos:
459. Influem os Espíritos
em nossos pensamentos e em nossos atos?
– Muito mais do que
imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.
Segundo André Luiz, por volta da
década de 1940 a humanidade terrestre era constituída por 20 bilhões de
indivíduos, dos quais cerca de 7,5 bilhões se encontram reencarnados
atualmente. Mais da metade, portanto, está no mundo espiritual e considerando o
estágio evolutivo em que se encontram os habitantes deste planeta, conclui-se
que uma massa enorme está por aí, ao nosso derredor.
Além das obras de Kardec, outros
bons livros foram escritos falando sobre influenciação espiritual. Citamos
dois: “Aconteceu na Casa Espírita”, ditado pelo Espírito Nora a Emanuel
Cristiano; e “Guerra no Além: interação entre os dois planos de vida”, ditado
pelo Espírito Cairbar Schutel a Abel Glaser.
Contudo, o alerta não é tão
recente, pois em Paulo de Tarso encontramos referências preocupantes a respeito:
Nós também, portanto,
estamos cercados por uma nuvem de testemunhas.” (Carta aos Hebreus, 12:1)
A vida cristã é luta –
Ademais, fortaleçam-se no Senhor e na força do seu poder. Vistam a armadura de
Deus para poder resistir às manobras do diabo. A nossa luta, de fato, não é
contra homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades,
contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os Espíritos do mal, que
habitam as regiões celestes. Por isso, vistam a armadura de Deus para que, no
dia mau [do ataque; da tentação], vocês possam resistir e permanecer firmes,
superando todas as provas. Estejam, portanto, firmes: cingidos com o cinturão
da justiça [fazendo o correto], os pés calçados com o zelo [vigiando] para
propagar o evangelho da paz [pelo próprio exemplo]: tenham sempre na mão o
escudo da fé, e assim poderão apagar as flechas inflamadas do Maligno. (...)
(Carta aos Efésios, 6:10-18)
Se quisermos, ainda, fazer
referência a um passado mais longínquo, basta consultar as obras “O Espírito e
o tempo”, de J. Herculano Pires, e “Povos primitivos e manifestações
supranormais”, de Ernesto Bozzano.
Esse assunto é crucial nesta
fase de transição – de Mundo de Provas e Expiações para Mundo de Regeneração –
devido ao recrudescimento da ação dos dominadores do mundo das trevas. Por
isso, todo cuidado é pouco.
É sábio desconsiderar a
existência de inimigos quanto a este processo de transição planetária? Sabemos
que nos encontramos num processo de seleção. Muitos serão desterrados para
mundos inferiores. Se conhecedores de seus destinos, eles não procurariam criar
obstáculos para a transição?
Em nossas atividades nas
reuniões de esclarecimento, desobsessão e encaminhamento, não poucas vezes nos
deparamos com Espíritos cientes de seus destinos, mas que, abertamente,
informam que procurarão postergar ao máximo este acontecimento; ou, quando conscientes
de que não evitarão tal mudança, confessam que envidarão todos os esforços para
arrastar com eles o maior número possível de encarnados imprevidentes, com o
fim de constituir exércitos para o domínio de novas regiões. Agem sobre os
encarnados, planejada e deliberadamente, para atingirem esses fins. E por que
seria diferente, se na própria história da evolução humana constatamos esta
ação, em grande escala, ao longo dos últimos milênios?
“Seria muito importante que todo
o plano material tivesse conhecimento dessa grande influenciação que sofre
todos os dias por parte de Espíritos inferiores[2]”.
E é exatamente o que está ocorrendo neste momento de mudanças, nesta interação
contínua entre os dois mundos. Embora a ficha não tenha caído para a maioria dos
espíritas, estamos vivendo um dos momentos mais importantes deste orbe e de sua
humanidade: a transição planetária.
Até aqui, todos os rounds foram
superados por Jesus e seus discípulos; todavia, não podemos desconsiderar que
nossos irmãos detentores do poder nas trevas ainda se encontram por aqui. O que
será que eles estão fazendo neste momento? Estarão resignados com a exclusão e
eminente deportação para mundos inferiores? Ou será que ainda buscam, por todos
os meios, retardar o processo, mantendo-se no poder e afirmando: “aqui quem
manda somos nós”? Seria ingenuidade pensar que já desistiram de seus
propósitos. E quem seriam seus maiores adversários? Naturalmente são os que
detêm o conhecimento do que está ocorrendo.
Nós, espíritas, somos os que
mais informações possuímos sobre o mundo espiritual. Ninguém detém, em suas
mãos, o esclarecimento de que somos portadores. Isto, entretanto, não nos torna
especiais, muito menos melhores que os demais encarnados, ainda que tenhamos
mérito em aceitar os postulados espíritas. Pela misericórdia divina, fomos
abençoados com esta oportunidade redentora para compensar nosso passado
delituoso. A bem da verdade, somos grandes devedores diante das Leis Divinas e,
infelizmente, a maioria de nós desconhece seu papel na terceira revelação e as
reais necessidades de mudança interior.
Alheios às nossas obrigações,
tocamos o dia a dia como se o Espiritismo fosse apenas um meio de ajudar-nos em
momentos de crise. Algo maravilhoso e que todos deveriam seguir. Mas seguir não
é usar um “crachá” que diz “eu sou espírita”, e sim vivenciá-lo. Em geral,
transferimo-nos da Igreja para uma instituição espírita como se tudo devesse
continuar da mesma forma. De papa-hóstias, tornamo-nos papa-passes; éramos
papa-sermões, agora somos papa-palestras; mas sem o desejo sincero de mudanças,
o que evitaria as crises que, de tempos em tempos, chamam-nos à reflexão.
A dor foi concebida como sinal
de que precisamos modificar nosso padrão. Comumente, ainda buscamos nas
instituições a paz exterior que ela costuma nos oferecer, esquecendo-nos de que
esta paz deveria vir de dentro. Procuramos externamente a solução dos
problemas, sem nos conscientizarmos de que ela já se encontra dentro de nós.
Não estudamos o quanto
deveríamos; não servimos o quanto é necessário; não nos transformamos para
sermos melhores; e ainda somos muito ingratos para com o nosso Criador.
Desconhecidos da realidade interior, cultivamos reações seculares malsãs que
obviamente decorrem do nosso estado evolutivo, afinal de contas não é por acaso
que nos encontramos neste planeta; contudo, mister realizar o trabalho
interior, para nos tornarmos aptos a mudar de categoria. Se vícios e desvios
ainda fazem parte de nossa natureza, que pelo menos aprendamos a
administrá-los, para o nosso bem e para o bem do todo.
Precisamos estender nosso olhar,
não focar demasiadamente no aqui e no agora e passar a enxergar o belo futuro
que está reservado para aqueles que fizeram por merecê-lo. É tempo de não
postergar a felicidade, para sairmos deste cipoal de dores, problemas e
desacertos que só atrasam nossa chegada a uma vida mais serena, mais saudável
em todos os aspectos. E prestar muita atenção às forças externas para não
estragarmos nossas possibilidades.
O trabalho não é fácil. Além dos
obstáculos que engendramos, há os que são criados por agentes exteriores. É só
prestar mais atenção no que acontece em nossas vidas e dentro de muitas
instituições. Os ataques são constantes. A influência é insidiosa, quer
aceitemos ou não esta realidade. Principalmente para aqueles que professam o
ideal de viver a Doutrina. E, como dissemos há pouco, um contingente enorme de
desencarnados se esforça para retardar a consolidação da transição em curso,
quando não a evitar.
Oremos e vigiemos.
[2] GLASER, Abel. Guerra no além. Pelo Espírito Cairbar
Schutel. p.94. Matão: Casa Editora O Clarim, 2010.
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