Nascida a 10 de novembro de 1835,
na cidade de Sevilha, Espanha, e desencarnada a 29 de abril de 1909, na cidade
de Barcelona, Espanha.
Foi figura de grande destaque no
seio do Espiritismo espanhol, tendo a sua fama ultrapassado mesmo as fronteiras
da península ibérica, para atingir os países americanos de fala castelhana.
No Brasil ela tornou-se muito
conhecida pela sua obra "As Memórias do Padre Germano", verdadeiro
repositório de ensinamentos dos mais vivificantes.
Amália não nasceu num lar
risonho e sua vida foi entrecortada de dores físicas e morais, entretanto, ela
tudo suportou com estoicismo, pois somente os Espíritos fortes sabem vencer os
obstáculos, compreendendo que as tribulações da vida terrena são imperativos da
lei divina, impostos aos homens pelas suas transgressões cometidas em vidas
pretéritas. As adversidades que ela deparou pelo caminho nunca constituíram
entraves à sua persistente luta, no sentido de projetar os ensinamentos da
Doutrina Espírita na Espanha do século passado. Através de sua luta conseguiu
também elevar bem alto o conceito da mulher no campo da divulgação.
Com a idade de dez anos, começou
a escrever; aos dezoito já dava à publicidade as suas poesias. No propósito de
melhor poder difundir os seus escritos, transferiu-se para Madri. Na Capital
espanhola trabalhou de forma tão intensa que ficou completamente cega.
Debalde procurou consolo no seio
das religiões tradicionais.
Os dogmas não a satisfaziam. Os
conceitos da vida no além-túmulo, apregoados por essas religiões, não
preenchiam o imenso vácuo que existia em sua alma.
Um dia, porém, através do
periódico "El Critério", editado pela Federação Espírita Espanhola,
tomou conhecimento do Espiritismo. Dali por diante os seus escritos, que apenas
expressavam amargura, passaram a constituir uma fonte de consolação.
Havia compreendido, afinal, que
os sofrimentos experimentados nesta vida, são heranças de faltas cometidas em
vidas pretéritas, e que, embora muitas pessoas tenham diante de si horizontes
sombrios, devem-se compenetrar que Deus é pai de misericórdia e de amor, sempre
pronto a conceder benesses de luz e dar sustentação às almas alquebrantadas.
Passou, Amália, a compreender que o Evangelho de Jesus é, na realidade, uma
fonte de água-viva que jorra para a vida eterna.
Os cognomes de "Poetisa das
Violetas" e "Cantora do Espiritismo" lhe foram outorgados, pois
o seu nome projetou-se de tal forma que ela se tornou, de direito e de fato, uma
das mais apreciadas poetisas de seu tempo.
Animada de profunda fé em Jesus
Cristo e nos benfeitores espirituais, conseguiu um dia recobrar a visão. Eis
como ela relata esse importante acontecimento de sua vida. Bela manhã, estando em sua casa sentiu repentinamente
doloroso e estranho fenômeno:
Pareceu-me, disse ela, que
toda minha cabeça se tinha enchido de neve, tal o frio intenso que senti na mesma.
Prestei atenção e acreditei ouvir esta breve palavra: LUZ... LUZ... LUZ... para
a minha alma e para os meus olhos; gritei movida por inexplicável impressão LUZ
necessito, meu Deus. E sem saber por que, chorei, não com amargura desconsolada,
pelo contrário, aquelas lágrimas pareciam que davam vida. Sem dar conta do que
fazia, encaminhei-me para um espelho, numa exclamação de júbilo e de assombro
indescritível ao ver meus olhos perfeitamente abertos como há muito não os
podia ver, pois que sempre os tinham com os párpados caídos, o que me
impossibilitava de ver. Haveria chegado a hora da minha liberdade? Perguntei em
alta voz; julgando que alguém pudesse me responder. Sim, murmurou uma voz
longínqua. Louca de contentamento corri para o médico que me disse: Amália, graças
a Deus, a partir de amanhã poderás trabalhar, porém, sem excessos.
Podemos afiançar que o trabalho
de Amália Domingo Soler no campo da divulgação do Espiritismo, foi de relevante
importância, tendo contribuído decididamente para que a Doutrina dos Espíritos
passasse a desfrutar de enorme prestígio naquela nação.
Amália foi uma mulher singular.
Era um exemplo vivo de firmeza, de fé e de amor, na defesa dos ideais que
esposava.
Em novembro de 1878, desenvolveu
ingente trabalho no sentido de rebater acusações que eram lançadas contra o
Espiritismo pelo cura Manterola, na "A Gazeta de Catalunha". Nesse propósito
ela escreveu uma série de cinquenta e dois artigos.
Luiz Llach, seu protetor e
amigo, propôs-lhe editar uma revista que permitisse o desenvolvimento de um
trabalho jornalístico.
Nessa época ela enviava
colaborações para as publicações "El Critério", de Madri, e "El
Buen Sentido", de Lérida.
Llach, no entanto, reclamou a
sua colaboração em Barcelona, para onde ela se dirigiu carente de recursos e
com a vista bastante fraca. Ali ela foi apresentada ao editor Torrents, que se prontificou
a financiar uma revista dedicada à mulher espírita, sendo ela convidada a
dirigi-la. Surgiu então o periódico "La Luz dei Porvenir", no dia 22
de maio de 1879, o qual teve a sua publicação suspensa após a publicação do
terceiro número, por ordem das autoridades eclesiásticas, que nesse tempo exerciam
o papel de policiamento das publicações religiosas. Estava-se a 5 de junho de
1879.
Essa atitude do clero católico
não a intimidou e, no dia 22 de junho do mesmo ano, quando deveria aparecer o 4º
número de "La Luz dei Porvenir", ela fez aparecer "O Eco da Verdade",
no mesmo formato. Dessa nova publicação saíram quinzenalmente 26 números, até o
dia 4 de dezembro, quando foi levantada a punição ao primeiro órgão, o qual
voltou então a circular.
Em novembro de 1899 "La Luz
dei Porvenir" começou a sofrer intermitencias em sua publicação, devido à
grande crise que assolou a vida desse famoso periódico. Nem por isso ela esmoreceu
e seus escritos eram enviados para o México, Cuba, Itália, Venezuela e
Argentina, servindo de material para muitas e importantes publicações editadas
naqueles países.
Até o instante de sua
desencarnação, sua vida foi assolada por grandes dissabores. O decesso de Luiz
Llach fez com que a responsabilidade pelo funcionamento da Sociedade “A Boa Nova”,
pesasse sobre seus frágeis ombros, as convulsões políticas e sociais, que
avassalavam sua pátria, incidiam sobre a débil economia com que sustentava sua
querida revista. Logo em seguida desencarnou o seu grande colaborador Eudaldo
Pagés y Comas — o médium das comunicações das "Memórias do Padre
Germano" e do "Perdôo-te". Sentiu-se então desamparada, embora
seu Espírito vibrante e amante do trabalho continuasse a manter acesa a chama
do seu ideal, fazendo-o até que suas energias se esgotaram por completo,
dificultando a manifestação externa de sua grande alma.
Suas produções ultrapassaram a
casa de um milheiro e nisso reside a fama inigualável que ela conseguiu
amealhar nos seus 73 anos de vida terrena.
[1] PERSONAGENS
DO ESPIRITISMO - Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy
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