Jorge Hessen
Todo o encanto dos ensinos
espíritas, oriundo da fé racional considerando o potencial do magnetismo pelo
passe, desaparece ante as ginásticas pedantes e caricatas de tratamentos
“espirituais” ultimamente praticados em algumas instituições espíritas mal
administradas.
Dos muitos disparates que já
ouvi nas hostes espíritas de Brasília, um deles é que a aplicação do passe
quando “concentrado” (concentrado???….!!!) e muito demorado pode causar
“congestionamento fluídico” (congestionamento fluídico???…!!!) e com isso o
assistido pode se sentir mal (sentir mal???…!!!). Acredite se puder!
Ora, na aplicação do passe
oferecido numa casa espírita bem dirigida, os Benfeitores manipulam e espargem
os fluidos exatamente na quantidade necessária para cada assistido, nem mais,
nem menos. Nunca em excesso.
O passe não poderá, em tempo
algum, ser aplicado com movimentos bruscos, com malabarismos manuais, estalos de
dedos, cânticos estranhos e, muito menos ainda, com passistas incorporados com
“aconselhamentos” para o assistido.
Por conseguinte, na aplicação do
passe não se fazem necessários a gesticulação violenta, a respiração ofegante
ou o bocejo contínuo, e que também não há necessidade de tocar o assistido. A
transmissão do passe dispensa qualquer recurso espetacular. São ridículas as
encenações preparatórias com as mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta
captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo
paciente, para “melhor assimilação” fluídica, braços e pernas descruzados para
não impedir a livre passagem dos fluidos, e assim por diante – só servem para
achincalhar o passe, o passista e o paciente.
A transfusão sanguínea promove a
renovação das forças biológicas. O passe é transfusão de energia psíquica e
magnética. A diferença é que os recursos sanguíneos são extraídos de um
reservatório limitado, mas os elementos psíquicos são retirados do reservatório
interminável das forças espirituais.
A transfusão ocorre através do
períspirito, órgão sensitivo do Espírito, que interage de forma profunda com o
corpo biológico, razão pela qual as energias psíquicas, transmitidas pelo passe
e recebidas inicialmente pelos “centros de força”, alcançam o corpo físico
através dos “plexos”, proporcionando a renovação das células enfermiças. As
energias psíquicas poderão ser espirituais, considerando o magnetismo advindo
dos desencarnados que participam dos processos, e fluidos humanos, através do
magnetismo animal pertencente aos passistas encarnados.
O passe é prece, concentração e
doação. A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental
que atrai. Por ela, consegue o passista duas coisas importantes: primeiro, expulsar
da mente os sombrios pensamentos remanescentes da atividade comum das lutas
materiais diárias; segundo, sorver do plano espiritual as substâncias
renovadoras a fim de conseguir operar com eficiência em favor do próximo.
Por questão de bom senso, o
passe deverá sempre ser ministrado de modo silencioso, com simplicidade e
naturalidade. Todo o potencial e toda a eficácia do passe genuinamente espírita
dependem do espírito e da assistência espiritual do passista e não apenas do
passista. Jesus utilizou o passe “impondo as mãos” sobre os enfermos, a fim de
beneficiá-los. E ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que
também a empregaram largamente nos tempos apostólicos.
Vale relembrar aqui que apesar
dos estranhos passistas que criam confusões ao aplicarem o passe, reconhecemos
que muitos encarnados e desencarnados são beneficiados pela transfusão dos
fluidos psíquicos, pois sabemos que é manifestação do amor de Deus, esse
sentimento sublime que abarca a todos e os alivia.
Importa-nos lembrar, porém, um
pensamento de Chico Xavier: o passe, tal como terapia, não modifica
necessariamente as coisas para nós, mas pode modificar-nos a nós em relação às
coisas.
Fonte: A Luz na Mente
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