Alex Alprim - 24/10/2015
No mundo das manifestações
espirituais, vários fatos e fenômenos compõem um vasto conjunto de provas da
existência de uma realidade espiritual e de como essas energias conscientes
entram em contato com o mundo físico. Uma das mais impressionantes manifestações
é a formação do ectoplasma, um fenômeno que ainda aguarda uma investigação mais
efetiva.
No fim do século 19 e início do
século 20, houve uma intensa busca para se compreender os fenômenos espirituais
que tomavam conta dos salões onde ocorriam os chamados fenômenos espirituais.
Evidentemente, a base desses encontros eram os contatos com entidades
espirituais, mas também significavam divertimento – algo de novo sendo
introduzido numa sociedade que começava a se preparar para encarar essa nova
realidade. A intensa utilização de médiuns e os fenômenos que eles
apresentavam, também levaram a uma vulgarização dos acontecimentos do “mundo do
além”, especialmente devido à grande quantidade de fraudes, muitas delas
desmascaradas pelos cientistas que pesquisavam o assunto.
A intensidade dos fenômenos e a
profusão dos “poderes” dos médiuns – que passaram a surgir em cada esquina –
originaram uma grande quantidade de estudos sobre tais fenômenos, desenvolvidos
por cientistas credenciados. O resultado foi a elaboração de vários trabalhos e
documentos que atestavam a existência de eventos parapsicológicos legítimos,
como a clarividência, a materialização, a comunicação com os mortos etc..
De todos os fenômenos estudados,
um dos mais impressionantes, atraindo inúmeras pessoas e os jornais
sensacionalistas, foi a ectoplasmia ou materialização. Centenas de casos,
devidamente comprovados, foram fotografados e medidos por diversos
pesquisadores que relataram detalhadamente as manifestações e produziram uma
base científico-espiritualista para compreender a produção nos mais diversos
ambientes e condições da “matéria espiritual”.
Como sempre ocorre com os
fenômenos espirituais, os enganadores tentaram se aproveitar da credulidade e
da fé das pessoas, muitos deles sendo desmascarados como fraudes. Alguns faziam
uso de luvas, vapores e de ilusionismo para enganar a plateia que ia ver os
“espíritos”. Essa situação acabou por gerar uma grande dose de desconfiança e a
perda de prestígio dos fenômenos parapsicológicos na comunidade científica de
forma geral (que, em grande parte, se mantém cética até os dias atuais, apesar
das evidências reunidas).
Contudo, existiam médiuns que
produziam eventos legítimos de materialização que podiam ser devidamente
comprovados como reais e incontestáveis. Muitos pesquisadores, mesmo contra as
opiniões contrárias, continuaram pesquisando e descobrindo as peças que
formavam o quebra-cabeça das materializações.
As ideias apresentadas nos
trabalhos de diversos estudiosos levaram à aceitação de que o ectoplasma é
gerado mediante uma notável interação entre diversos planos físicos e
espirituais, durante a qual as vibrações etéricas acumulariam matéria das
pessoas envolvidas nas manifestações e reproduziriam as intenções do espírito
manifestado de uma forma consistente e material.
Os estudiosos concluíram que, na
verdade, existe um número reduzido de pessoas capazes de produzir casos
autênticos de ectoplasmia, mesmo sem ter de recorrer a ritos específicos ou
realizar as chamadas “sessões”. Acredita-se que os médiuns aproveitam as
energias etéricas, magnéticas e do seu envolvimento com o mundo espiritual,
somadas às vibrações emanadas das pessoas presentes ao experimento, e assim
produzem as energias e condições necessárias para a manifestação.
No Oriente, essa ideia já foi
muito discutida e difundida, além de experimentada, ao longo de milhares de
anos. Aqueles que possuem tais poderes (siddhas)
não são necessariamente sábios (rishis,
pessoas de conduta irrepreensível e de profundo saber espiritual); na verdade,
muitos deles fazem uso de suas capacidades para ganhar a vida, como se fossem
pianistas, desenhistas ou qualquer profissão que exigisse algum dom especial.
O Médium
A manifestação de ectoplasma
causa esgotamento físico nos médiuns, pois eles cedem parte de sua “energia
vital” para produzir e enriquecer a materialização periespiritual. Isso foi
devidamente comprovado por uma série de investigações realizadas por W. J.
Crawford, professor de Engenharia Mecânica da Queens University, de Belfast.
Ele se dedicou a estudar uma médium famosa na Irlanda, conhecida como Goligher,
e descobriu que, durante as sessões (quando surgia o ectoplasma), tanto a
médium quanto seus assistentes perdiam peso. Com um conjunto complexo de
medidas, ele determinou que, nas manifestações de ectoplasma (quando ele saía
pela boca da médium), ela perdia cerca de vinte e seis quilos (algo
considerável para qualquer ser humano), e ainda anotou em seus estudos que a
perda de peso de massa era evidente no corpo da médium, pois ela definhava a
olhos vistos.
O professor Crawford, segundo
foi relatado por várias pessoas próximas, estabeleceu uma teoria coerente para
explicar o surgimento e a materialização do ectoplasma, plausível tanto para os
cientistas quanto para os espíritas; só que essa teoria nunca chegou ao
conhecimento do público, pois ele nunca a revelou a quem quer que fosse. Desde
então, surgiram vários boatos, mas nada foi revelado, nem mesmo após a sua
morte.
Um trabalho notável no que diz
respeito à comprovação científica da ectoplasmia foi desenvolvido pelo barão Von
Schrenk-Notzing. Ele conseguiu obter um pedaço de ectoplasma e realizou mais de
uma centena de exames laboratoriais. Descobriu-se a presença de leucócitos
(células do sistema imunológico humano) e células epiteliais (pele, a primeira
camada celular), colocando em cena os possíveis mecanismos psicofísicos da
ectoplasmia.
Essa análise corroborava a ideia
de que os médiuns contribuem ativamente com a sua própria “matéria” para a
formação das materializações. O barão Von Schrenk-Notzing ampliou as definições
existentes sobre o ectoplasma, afirmando: “É uma matéria inicialmente
semifluida, que possui determinadas propriedades da matéria viva, especialmente
a capacidade de mutação de movimentos e de tomar diversas formas”. Como podemos
perceber, o barão tinha a ideia de que o ectoplasma era algum tipo de interação
orgânica entre o médium e as forças espirituais.
Os cientistas e outros
pesquisadores também coletaram centenas de fotografias das sessões de
materialização; elas mostram imagens com formas e estruturas variadas.
Geralmente, surgem em torno do médium das mais diversas maneiras: às vezes, de
forma difusa, outras, de maneira bastante nítida. Formam rostos, fios
translúcidos, pedaços de corpos, mãos e outras estruturas não-identificáveis.
Algumas das materializações mais
surpreendentes da época foram produzidas pelas médiuns Eva Carrière e Eusápia
Palladino. Mesmo com um histórico polêmico quanto à autenticidade de suas
manifestações, a produção de ectoplasmia das médiuns foi fotografada e
analisada.
Um evento notável em sua
extensão e nas consequências científico-espirituais foi o ocorrido em 1913,
durante uma convenção espírita em Moscou. Nela, um grupo de investigadores
perguntou a um espírito materializado se havia algum problema em se realizar
uma intervenção cirúrgica em seus antebraços ectoplasmáticos, para que pudessem
ver a substância da qual eram compostos. Ele aceitou, impondo como condição que
ele iria se preparar para que o médium nada sofresse no processo. Após cinco meses,
os investigadores e o médium voltaram a se reunir, e a operação foi realizada.
Em um dos antebraços os pesquisadores encontraram uma constituição
perfeitamente humana (ossos, nervos, sangue etc.), enquanto o outro era formado
por uma substância gelatinosa, clássica nos casos de ectoplasmia, e sem
definição de partes constituintes.
Esse fato contribuiu para
colocar a materialização ectoplasmática novamente sob um prisma científico.
Alguns experimentos chegaram a extremos, como no caso de médiuns colocados em
cadeiras e equipamentos especialmente projetados para evitar fraudes e, ainda
assim, os eventos ocorreram e foram detectados por aparelhos sensíveis,
deixando de lado qualquer dúvida sobre a autenticidade do fenômeno.
Explicando o
Ectoplasma
As teorias que procuram explicar
a ectoplasmia partem de um ponto comum: a existência de uma forma
energético-espiritual, denominada perispírito. Essa substância preencheria o
corpo material enquanto encarnado, servindo como receptáculo da consciência
durante a estada do ser no mundo físico-espiritual. É pela interação entre os
perispíritos desencarnados e as energias espirituais dos encarnados que médium
e espírito podem, então, romper os limites mentais e as fronteiras físicas,
produzindo o ectoplasma.
Esse perispírito foi relatado
por vários médiuns, que o descreveram das mais variadas formas. Geralmente, é
visto como um vapor branco-azulado que se desprende dos corpos de pessoas
mortas, saindo pela região do alto da cabeça. Essa “matéria”
teria uma existência intermediária entre as formas densa (atômica) e espiritual
(etérea).
Segundo alguns estudiosos, isso
também é comprovado por meio das fotografias Kirlian, que mostram uma estrutura
energética envolvendo os mais diversos objetos e, em específico nos seres
humanos, mostram uma profusão de cores e linhas que lembram os “caminhos de
luz” descritos nos antigos textos orientais sobre a acupuntura, quando falam a
respeito das linhas energéticas.
Segundo o que se conhece
atualmente dos mecanismos da ectoplasmia, o médium usa seu perispírito para
interagir com o perispírito do desencarnado; cedendo material orgânico e
energético, gera o ectoplasma e auxilia, com sua carga cultural e imaginativa,
para construir a materialização.
Não há qualquer dúvida quanto à
razão da ectoplasmia atrair tanta atenção: é uma manifestação visível,
palpável, muitas vezes mensurável. Ao contrário de outros fenômenos
espirituais, ou parapsicológicos, se preferirem, causa um impacto mais
imediato. E não são poucos os que se dedicam ao seu estudo que afirmam ser a
ectoplasmia o fenômeno parapsicológico que apresenta o maior número de provas.
Além disso, permite que os pesquisadores possam comprovar, de forma
relativamente simples, se é uma manifestação verdadeira ou fraudulenta.
Não se sabe muito bem em que
ponto se encontram as pesquisas científicas com relação ao assunto. Cientistas
que não estão ligados ao espiritismo pouco ou nada falam sobre o assunto, ou
então rechaçam completamente o fenômeno, entendendo que ele jamais foi
devidamente comprovado, apesar das inúmeras evidências coletadas.
O que se sabe ao certo é que o
fenômeno continua a ocorrer, e a ser registrado, em muitos centros espíritas e
em locais que nada tenham a ver com a doutrina. Resta esperar que pesquisas
mais afirmativas e profundas sejam realizadas.
Pesquisas Recentes
Quando se fala sobre o fenômeno
da ectoplasmia, geralmente são apresentados documentos e fotos antigas. A
verdade é que esses casos foram muito examinados nos primórdios das pesquisas
parapsicológicas, fotografados e registrados com o rigor científico possível na
época. Depois, a impressão que se tem é de que as pesquisas foram um tanto
esquecidas.
No entanto, existem grupos de
pesquisa, espíritas ou não, que continuam procurando obter registros
cientificamente válidos para o fenômeno, e muitas vezes com êxito. As pesquisas
não são muito divulgadas: o que se ouve dizer é que os pesquisadores preferem
realizar suas experiências sem grande alarde, mantendo os resultados conhecidos
apenas de um pequeno grupo de interessados, evitando o escárnio que geralmente
ocorre quando se fala sobre certos assuntos.
Nas pesquisas do Dr. João
Alberto Fiorini, que deverão ser publicadas em livro, ele informa que o
ectoplasma é sensível à ação da luz comum (branca) e reage ao pensamento. Por
outro lado, suporta bem as radiações pouco energéticas do espectro da luz, como
o vermelho e o infravermelho. A temperatura é um pouco inferior à do ambiente
em que se encontra o médium, e sua cor pode ser acinzentada, branca, amarelada,
malhada ou negra. Também se encontra em todos os estados, ou seja, invisível,
visível, gasoso, plasmático, tangível, morfo, foculoso, filamentoso, sólido e
estruturado.
Esperamos, em breve, poder
apresentar algumas imagens e documentos obtidos a partir de pesquisas do
gênero, no Brasil, assim como conversar com cientistas envolvidos na pesquisa
parapsicológica, para que eles apresentem seus depoimentos a respeito e, quem
sabe, algumas pesquisas científicas. (GS)
Fenômenos de
Ectoplasmia
Ectoplasma: O ectoplasma pode exteriorizar-se em qualquer parte do
corpo do médium, ao qual está vinculado estreitamente. Dirigido pelas forças
presentes, o ectoplasma pode causar o fenômeno da telecinesia, que é a
movimentação de objetos. Em alguns casos, foi comprovado que o ectoplasma saía
do corpo do médium e, apoiando-se no chão, formava uma espécie de alavanca,
conseguindo assim erguer objetos bem mais pesados do que o médium.
Ectoplasmia: Do grego ectós, “fora”; plasma, “coisa formada”.
Ectoplasmia designa o fenômeno; ectoplasma designa a substância.
Ectocoloplasmia: Termo que foi utilizado para definir a “modelagem”
do ectoplasma para formar membros ou partes de pessoas, animais ou objetos.
Fantasmogênese: A produção ectoplasmática de um fantasma de pessoa,
animal ou coisa, pelo menos aparentemente inteiro.
Transfiguração: A transformação do próprio corpo do médium por meio
do ectoplasma.
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