Este grande iniciado nasceu na
Boêmia província da Checoslováquia, no dia 24 de dezembro de 1872, situada
entre a Áustria e a Alemanha.
Foi nas montanhas da Boêmia que nasceu na
"Véspera de Natal" esse gênero das línguas e do Esperanto. Seu
primeiro livro foi editado em 1890, ainda na Boêmia, em Esperanto, quando tinha
apenas 18 anos de idade e, posteriormente, publicado em quarenta idiomas
diferentes.
Lorenz, no Brasil, foi morar em
Dom Feliciano, na época, distrito de Encruzilhada do Sul, Estado do Rio Grande
do Sul. (https://www.youtube.com/watch?v=VyQl0Dz9vkM)
Publicou várias obras como
"Raios de Luz Espiritual", "Elementos de Quiromância",
"Lições Práticas de Ocultismo Utilitário", "A Sorte Revelada
pelo Horóscopo Cabalístico", "O Filho de Zanoni", "A
Cabala" e muitas outras obras.
Foi um grande Astrólogo. Por
mais de 20 anos redigiu o "Almanaque do Pensamento", editado até hoje
pela Editora Pensamento.
Era colaborador espontâneo do
Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento. Através de suas obras foi um
evangelizador do Ocidente. Falava 72 línguas com seus respectivos dialetos.
Desencarnou no dia 24 de maio de
1957, às 13 horas, em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul.
Era doutor em Cabala da Ordem
Cabalística da Rosa-Cruz. Aconteceram muitos fatos na vida deste iniciado de
primeira grandeza. Como exemplo de tais fatos, vamos transcrever a matéria
publicada na Revista Maçônica "União", de outubro de 1965:
“Corria o ano de 1928 e
governava o Estado do Rio Grande do Sul o Dr. Getúlio Vargas. Certa manhã,
recebi um amável convite para comparecer às 14 horas na Biblioteca Pública,
pois que lá estava sendo feita uma triagem de todo o Professorado Estadual do Curso
Primário, por ordem de S. Exa. o Dr. Getúlio Vargas, então vivamente
interessado na reforma e aprimoramento do ensino. Além disso, salientou que
entre os que seriam examinados estava um homem que era um verdadeiro fenômeno e
que ele tinha sincero desejo de que também eu o conhecesse.
Aquiescendo ao convite,
compareci à hora aprazada e lá o encontrei. O amigo que me convidara era
professor de Contabilidade e mantinha o Curso Rápido Comercial num prédio sito
à Praça Parobé.
Ao fundo de um enorme salão
estava a Comissão Examinadora, presidida pelo ilustre e saudoso Ir. Dr.
Maurício Cardoso. Os demais membros da Comissão eram o que de mais exponencial
existia em Porto Alegre naquela época.
A chamada dos examinadores era
procedida em ordem alfabética, e naquele dia estavam na letra "F". Em
dado momento ouviu-se chamar: "Francisco Valdomiro Lorenz".
Imediatamente viu-se, encaminhando-se em direção à Mesa, um cidadão aparentando
45 anos, trajado de branco, botinas pretas, lenço de seda ajustado ao pescoço
com uma aliança e de chapéu de palhinha na mão. À sua passagem pelo longo
corredor, com facilidade se escutaram risinhos de professorinhas muito bem
vestidas e pintadas, o que fez com que o Ir. Bahlis (quem me convidou)
murmurasse, contrafeito: daqui a pouco vocês mudarão de atitude! Efetivamente,
iniciadas as provas, o grande matemático, Dr. Francisco Rodolpho Simch, viu que
estava diante de um grande estudioso da matéria, o que o levou a distender-se
longamente sobre o tema que lhe estava afeto. Com profunda admiração, constatou
que o examinando discorria com indiscutível autoridade sobre os mais complexos
aspectos da Matemática, culminando por enredar-se na própria origem dos
algarismos - matéria essa muito familiar ao examinando. Sob grande e justificada
expectativa seguiu-se a prova de Português. Respondendo e solucionando todas as
perguntas e questões atinentes com segurança e, sobretudo, simplicidade, foi em
certa parte solicitado a analisar a palavra "sobrevivência". Fê-lo,
lógica e lexicamente, dentro das normas gramaticais, tendo, ao final, se
colocado à disposição para responder sobre algo mais que desejassem a respeito
da aludida palavra. Foi a essa altura que teve início um diálogo que ficou
indelevelmente gravado na mente de todos os presentes. Vou esforçar-me no
sentido de relatá-lo com a máxima fidelidade:
Dr. Maurício Cardoso: - Pelo que vejo, o Sr.
dedica-se ao estudo da etimologia das palavras.
Lorenz: - Sim, Ex.ª, estudo.
Dr. Maurício Cardoso: - Além do Latim, grego e
árabe, que são as raízes de nosso idioma, aprecia ou estuda também outras
línguas vivas?
Lorenz: - Sim, Ex.ª. De modo especial as
línguas chamadas "mortas".
Dr. Maurício Cardoso: - O senhor diz
"mortas". Por que não prefere as "vivas"?
Lorenz: - Porque, salvo erro de minha parte,
as "vivas" nada mais são que herdeiras das "mortas".
Dr. Maurício Cardoso: - Embora
imperfeitamente, dedico-me também ao estudo de alguns idiomas, porém vivos.
Agradar-lhe-á dialogarmos rapidamente em francês, que é considerado
"idioma universal"?
Lorenz respondeu-lhe em francês, tendo o Dr.
Maurício manifestado sua satisfação.
Dr. Maurício Cardoso: - Mas, o que me diria se
tentássemos dialogar noutros idiomas que atualmente são usados pelos povos
deste Planeta?
Lorenz: - Estou às inteiras ordens de V. Ex.ª.
Neste ponto foi que os presentes
tiveram a revelação do Grande Homem modestamente vestido e que suscitara os
risinhos que tanto mal fizeram ao saudoso Ir. Bahlis.
Como era notório nas altas esferas da
intelectualidade brasileira, o Dr. Maurício Cardoso falava corretamente doze
idiomas "vivos". Valendo-se disso, conversou com o Ir. Lorenz em
todos eles, e em cada um desses idiomas, com grande diplomacia e humildade, escutava
observações de Lorenz, mais ou menos como esta:
- Ex.ª, a sua pronúncia desta
palavra denota que o seu professor era originário ou descendente de algum
habitante de tal ou qual cidade da Alemanha, Áustria, Inglaterra, Pérsia etc..
Isso é natural, porquanto esses povos, através de muitos séculos, empenharam-se
em muitas guerras, e certas palavras sofreram substanciais alterações,
principalmente em sua tônica.
E prosseguindo: - nas capitais,
onde se cultuam as regras gramaticais, a pronúncia é assim (e pronunciava as
palavras, citando os motivos).
Empolgado diante daquele verdadeiro
repositório de saber, o Dr. Maurício Cardoso arriscou:
- O senhor fala mais alguma língua?
- Sim, algumas.
- Quantas mais?
- Bem, diz Lorenz, eu entendo e escrevo
atualmente em cinquenta e duas. Entretanto, devo confessar que estou lutando
para aperfeiçoar-me na pronúncia das que eram faladas pelos Maias, Astecas e
Ameríndios. (https://www.youtube.com/watch?v=YiLjLwHX1kk)
- Mas, então o Sr. fala o idioma japonês?
- Sim, respondeu Lorenz.
- Tenho um amigo na Diretoria de Higiene, o
Dr. Nemoto, japonês de nascimento, que certamente gostará de falar com o
senhor. Está de acordo em que lhe peça para vir até aqui para esse fim?
- Com muita honra, Ex.ª. Diante disso, o Dr.
Maurício Cardoso providenciou a vinda daquele cavalheiro e enquanto não
chegava, providenciou as demais provas de habitação do examinando, que em todas
elas se revelava um grande mestre.
As todas essas, eram quase 16 horas quando
chegou o Dr. Nemoto. Feitas as apresentações, imediatamente iniciaram o diálogo
em japonês, e, decorridos poucos instantes, o Dr. Nemoto esclarece aos
presentes que realmente seu ilustre interlocutor era mesmo um fenômeno linguístico,
porquanto, com sincera admiração de sua parte, ele descobria que ele, Nemoto,
não estava falando o japonês usado em Tóquio, e sim em Yokohama, o que era verdade.
Foi nessa altura que teve lugar um fato que
emocionou extraordinariamente aquela felicíssima assistência: o Dr. Maurício
bate no tímpano e diz: - Senhoras e Senhores! Convido a que nos levantemos!
Todos de pé, ele deixa a Presidência da Mesa,
encaminha-se para o nosso Ir. Lorenz e diz-lhe:
- Mestre, vinde ocupar o lugar que
indevidamente eu estava ocupando. Ele vos cabe.
Uma salva de palmas, que durou muito tempo,
coroou as palavras do Dr. Maurício Cardoso.
Muito acanhado, extraordinariamente
encabulado, Lorenz baixou a cabeça e apenas conseguiu murmurar:
- Oh! Por caridade Doutor, se está concluída a
minha prova, permita que eu volte para minha casa em São Feliciano.
- Mas, o senhor não reside em Porto Alegre?
- Não, senhor. Há muitos anos resido no
Distrito de São Feliciano, Município de Encruzilhada. Andam dizendo por aí que
em breve serão mudados os nomes para Dom Feliciano e Encruzilhada do Sul.
Diante disso, o Dr. Maurício externou em
palavras cheias, de emoção e entusiasmo a sua admiração por ele e deferiu seu
pedido.
No dia seguinte, nova surpresa estava
reservada ao Ir. Lorenz. O Dr. Getúlio Vargas, informado do que ocorrera,
mandou chamá-lo ao Palácio, manifestou-lhe também sua grande admiração e
convidou-o para trabalhar na Secretaria do Interior e Justiça, no Departamento
de Relações Consulares, pois, trabalhando como tradutor, iria prestar
relevantes serviços naquele setor.
- Sr. Governador, disse Lorenz. Sensibilizado
ao máximo, agradeço a V. Ex.ª tão honroso convite. Entretanto, se vossa extrema
bondade permite, imploro que me deixe voltar para minha Escola. O senhor nem
pode imaginar o quão feliz me sinto em poder ir diariamente para minha Escola,
levando junto comigo um elevado número de meninos!
O saudoso Dr. Getúlio Vargas, embora coerente
com a ideia inicial, terminou concordando, e lá se foi o Ir. Lorenz para o
convívio de seus amados meninos”.
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