sábado, 10 de dezembro de 2016

A SEXUALIDADE ANTE O IMPERATIVO DA EDUCAÇÃO, DA DISCIPLINA E DO EMPREGO DIGNO[1]



Jorge Hessen[2]


Atualmente estamos atravessando períodos instáveis na área da sexualidade e do sentimento humano. Em um artigo publicado no Mail, David Levy, autor de ‘Love and Sex With Robots’ (Amor e sexo com robôs, em tradução livre), diz: “Os robôs sexuais serão muito semelhantes aos humanos em tamanho e aparência. Eles terão órgãos genitais como os dos humanos, e será possível práticas sexuais com eles de acordo com a orientação e as preferências sexuais do dono”. As máquinas em questão estão sendo desenvolvidas pela empresa Abyss Creations em sua fábrica na Califórnia. O preço estimado para o varejo é de U$ 15 mil (cerca de R$ 48 mil) [3].
Noticia-se horríveis casos de pedofilia, zoofilia, necrofilia, febofilia, pederastia, entre outros intermináveis tipos perversões sexuais. Atualmente há ativistas que copulam literalmente com a natureza para “salvá-la” da destruição (!…?…) Isso mesmo! Apareceu uma nova modalidade de comportamento sexual, o ecossexualismo, que está se disseminando especialmente no hemisfério Norte.
Narram que os ecossexualistas praticam o coito com árvores. Penduram-se desnudos nos galhos e arriscam chegar à descarga orgástica. Se auto-excitam debaixo de cachoeiras ou rolam no chão, ou na grama até atingirem o ápice do prazer.
Fomos informados sobre um tipo de relacionamento afetivo em regime de poliamor, ou seja, os poliamantes praticam o desejo ou a aceitação de ter mais de um relacionamento íntimo simultaneamente com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos. O praticante defende a possibilidade de se estar envolvido de modo “responsável” em relações íntimas, profundas e eventualmente duradouras com vários parceiros simultaneamente.
Existem os “relacionamentos abertos”, isto é relação afetiva “estável” (habitualmente entre duas pessoas) em que os participantes são livres para ter outros parceiros. Se for casado, diz-se que é um “casamento aberto”. Parece que o “relacionamento aberto” e o “poliamor” não são a mesma coisa. Em termos gerais, afirma-se que “relacionamento aberto” refere-se a uma não exclusividade sexual na união, enquanto o poliamor envolve a extensão desta não exclusividade para o campo afetivo ao permitir que se criem laços emocionais exteriores à relação primordial com certa estabilidade.
Sabemos que o comportamento na área da sexualidade é essencial para o desenvolvimento individual, interpessoal e social. Também sabemos que os direitos sexuais são direitos humanos universais baseados na liberdade inerente, dignidade e igualdade para todos os seres humanos.
Conhecemos as leis humanas e sabemos do direito à liberdade sexual, à autonomia, à integridade, à segurança do corpo, à privacidade, à igualdade, à expressão sexual, à livre associação sexual, às escolhas reprodutivas livres e responsáveis, à informação baseada no conhecimento científico, à educação, à saúde sexual.
Não estamos aqui para lançar censuras a tais “direitos”, mas cumpre-nos lembrar e advertir que no Livro do Levítico, a Lei de Moisés constrói o estatuto referente às práticas sexuais, determinando as proibidas, as abomináveis e as impuras[4]. Sem embargo, contudo, compreendemos que as Leis de Deus estão inscritas na consciência de cada um.
Sobre o tema sexualidade, Emmanuel desenvolve conceitos doutrinários a fim de explicar que as teorias ao redor do sexo foram objeto de sensatas explicações por Kardec no Século XIX, na previsão dos choques de opinião, em matéria afetiva, que a Humanidade de agora enfrenta. O mentor de Chico Xavier sintetizou todas as divagações nas regras seguintes: Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência[5].
Portanto, sem educação, sem controle, sem disciplina, sem emprego digno, será enganar-nos, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, até porque o emprego do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um.
Admoesta o autor de “Vida e Sexo” que em matéria de comportamento sexual todos nós nos achamos muito longe da meta por alcançar. Se alguém nos parece cair, sob enganos do sentimento, devemos silenciar e esperar. Se alguém se nos afigura tombar em delinquência por desvarios do coração devemos esperar e silenciar[6].
Devemos calar as nossas possíveis acusações ante as supostas culpas alheias, porquanto nenhum de nós, por agora, é capaz de medir a parte de responsabilidade que nos compete a cada um nas irreflexões e desequilíbrios dos outros. Não dispomos de recursos para examinar as consciências alheias, e cada um de nós, ante a Sabedoria Divina, é um caso particular, em matéria de amor, reclamando compreensão[7].
Diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, coloquemo-nos, em pensamento, no lugar dos acusados, analisando as nossas tendências mais íntimas e, após verificarmos se estamos em condições de censurar alguém, escutemos no âmago da consciência o apelo inolvidável do Cristo: “Amai­vos uns aos outros, como eu vos amei” [8].




[2] Fonte: A Luz na Mente
[4] Lv 18, 26-30
[5] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, RJ: Ed. FEB, 1977
[6] Idem
[7] Idem
[8] Jo. 13, 14

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