terça-feira, 13 de dezembro de 2016

RECURSO INFALÍVEL[1]



Richard Simonetti
 

A morte, com raras exceções, é traumatizante. Afinal, o Espírito deixa um veículo de carne ao qual está tão intimamente associado que se lhe afigura, geralmente, parte indissociável de sua individualidade (ou toda ela para os materialistas).
Por outro lado, raros estão preparados para a jornada compulsória, quando deixamos a acanhada ilhota das percepções físicas rumo ao glorioso continente das realidades espirituais.
Impregnados por interesses e preocupações materiais, os viajores enfrentam compreensíveis percalços.
Em tal circunstância, tanto o paciente que enfraquece paulatinamente, quanto os familiares em dolorosa vigília, podem valer‐se de um recurso infalível: a oração.
Por suas características eminentemente espiritualizantes, representando um esforço por superar os condicionamentos da Terra para uma comunhão com o Céu, ela favorece uma "viagem" tranquila para os que partem.
Os que ficam encontram nela um lenitivo providencial que ameniza a sensação de perda pessoal, preenchendo o vazio que se abre em seus corações com a reconfortante presença de Deus, fonte abençoada de segurança, equilíbrio e serenidade em todas as situações.
Todavia, a eficiência da oração está subordinada a uma condição essencial: o sentimento.
Se simplesmente repetimos palavras, em fórmulas verbais, caímos num processo mecânico inócuo. Só o coração consegue comunicar‐se com Deus, dispensando verbalismo.
O próprio "Pai Nosso", a sublime oração ensinada por Jesus, não é nenhum recurso mágico, cuja eficiência esteja subordinada à repetição. Trata‐se de um roteiro relativo à nossa atitude na oração, iniciando‐se com a orientação de que devemos estar muitos confiantes, porque Deus é nosso Pai, e termina ensinando que é preciso vencer o mal que existe em nós com o combate sistemático às tentações.
Destaque‐se aquele incisivo "seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu", em que Jesus deixa bem claro que compete a Deus definir o que é melhor para nós.
Em qualquer circunstância, particularmente na grande transição, se nutrirmos sentimentos de desespero e inconformação, sairemos do santuário da oração tão perturbados e aflitos como quando entramos.
Quando o desencarnante e seus familiares controlam as emoções, cultivando, em prece, sentimentos de confiança e contrição, os técnicos da Espiritualidade encontram facilidade para promover o desligamento, sem traumas maiores para o que parte, sem desequilíbrios para os que ficam.




[1] Quem tem medo da morte? – Richard Simonetti

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