Morel Felipe Wilkon
O espiritismo é insistente em
nos apontar o orgulho e o egoísmo como os geradores de todas as nossas falhas
de caráter. O ciúme não escapa a essa regra.
Você conhece alguma pessoa
ciumenta? Não me refiro ao ciúme comum, aquele que dizem que é o tempero do
amor. Falo do ciúme doentio, que foge dos limites do aceitável. O espírito
imortal traz consigo, ao reencarnar, suas características adquiridas no curso de
muitas vidas. Essas características desabrocham logo na infância na forma de
tendências. Se a educação e o acompanhamento familiar não souberem detectar e
modificar essas tendências desde cedo, essas características se desenvolverão
livremente.
O espírito imortal mantém um
padrão comportamental que lhe acompanha a bagagem milenar. Fruto da sua lenta e
gradativa evolução. A sua maneira de pensar e de sentir, o seu modo de ação e
reação você traz de outras existências. A formação da sua personalidade, na
infância, apenas utilizou o seu material espiritual.
O espiritismo é insistente em
nos apontar o orgulho e o egoísmo como os geradores de todos os defeitos
humanos. O ciúme não escapa a essa regra. Como sentimento egoísta, o ciúme
procura roubar a liberdade do outro, tenta obrigá-lo a seguir por um caminho
delimitado ou simplesmente aprisioná-lo. O ciúme é um exercício enlouquecido de
poder, de dominação e de aprisionamento do outro.
A pessoa ciumenta não sabe
diferenciar imaginação e realidade, não sabe distinguir fantasia e certeza.
Qualquer dúvida em sua cabeça logo se transforma em delírio. A vítima do
ciumento se sujeita a ter seus pertences revistados em busca de vestígios que
nem imagina do que seja. O ciumento tem ciúme do passado do outro, dos seus
relacionamentos anteriores, e vive imaginando detalhes sobre fatos verdadeiros
ou não.
O que o ciumento quer é o
controle total e absoluto dos sentimentos, da atenção e do comportamento em
geral do outro. O outro passa por situações vexatórias e bizarras, isso quando
não impera a violência. Quantos crimes passionais devem sua origem ao ciúme
doentio? Quantos casos de mulheres que se sujeitam à violência doméstica por
depender emocionalmente ou economicamente do parceiro?
Ciúme não é amor. Pode estar
relacionado a amor, mas a um amor que está doente. É um sentimento
profundamente egoísta que envolve um medo insuportável de perder o parceiro
para outra pessoa. Mesmo que essa pessoa só exista na imaginação do ciumento. O
ciumento é alguém com a autoestima baixíssima, que não confia em si e nos seus
sentimentos. Julga o outro pelos seus pensamentos mórbidos.
O ciúme, assim como outros
sentimentos como raiva, mágoa, inveja, desencadeia uma série de doenças. Essas
doenças podem se manifestar já nesta encarnação ou acompanhar o espírito
imortal até uma próxima oportunidade na matéria para expurgar essas energias
negativas, esse lixo mental e emocional.
É importante que o ciumento
e sua vítima se conscientizem da necessidade de ajuda. Parece claro que, além
da própria personalidade desajustada do ciumento, há interferência de espíritos
obsessores nessas situações. Mas de nada adianta tratamento desobsessivo ou
ajuda profissional se não houver o propósito firme de uma reforma íntima urgente. Só com a vontade real de se ajudar, de
colaborar consigo mesmo, pode ser efetivada uma melhoria significativa. Isso
vale para o ciumento e também para o seu parceiro, que é vitimado pelo seu
ciúme. Nunca é demais lembrar que ninguém é vítima por acaso. O acaso não
existe. Tudo o que nós colhemos é o que um dia nós plantamos…
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