Jorge Hessen[2]
É evidente que na expressão “o
telefone só toca de lá para cá “popularmente atribuída a Chico Xavier não está
explícita a opinião de alguma interdição de se evocar os “mortos.” Contudo,
será que atualmente deve-se provocar, como ocorreu na época de Kardec, a
evocação dos espíritos para uma conversinha “agradável” e “amigável”, “franca”
e “direta” com os Espíritos, visando obter notícias, revelações e outras
informações banais dos mesmos? Inúmeros neófitos e curiosos procuram grupos
espíritas almejando notícias dos entes que “partiram”. Mas será que a
finalidade de um centro espirita é essa?
Vigilância e prudência não fazem
mal a ninguém. Sou dos que não recomenda a provocação de evocação dos
desencarnados, sobretudo se o médium estiver voltado para a recepção de
notícias póstumas de Espíritos sofredores (normalmente recém-desligados do
físico), pois em todos os casos de intercâmbio com o além a espontaneidade é
essencial para a credibilidade das mensagens.
Até mesmo nas mensagens
instrutivas de alto valor doutrinário não há a necessidade de se fazer uma
evocação direta, pois pode-se receber espontaneamente mensagens instrutivas de
qualquer espírito evoluído. O mais importante neste caso é o exame racional e
lógico da mensagem recebida, conforme recomenda o bom senso, para se evitar o
desvairo da mistificação.
O Espírito Emmanuel, após ser
indagado se era aconselhável a evocação direta de determinados espíritos,
esclareceu: “Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso
algum. Se essa evocação é passível de êxito, sua exequibilidade somente pode
ser examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos,
pois, no complexo dos fenômenos espiríticos a solução de muitas incógnitas
(sobre tal tema) espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina[3].”
Insatisfeitos com essas
criteriosas orientações de Emmanuel, surgem alguns causídicos “espíritas”
sucessivamente espicaçados (quase fascinados) pelo fenômeno do intercâmbio com
os “mortos”, fazendo referência ao interesse do mestre lionês pela evocação
direta para justificarem suas interações com os “finados”. Entretanto,
“precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador,
aliada a necessidades e méritos ainda distantes da esfera de atividade de
aprendizes comuns” [4]
tais quais somos.
Para os entusiastas (quase
fascinados) pelos fenômenos mediúnicos, mormente os que desejam notícias dos
parentes mortos, corroboramos inteiramente as advertências do Espírito Emmanuel
quando explana: “Qualquer comunicado com o invisível deve ser espontâneo, e o
espiritista cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do
egoísmo humano, ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem
amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem conveniente e
oportuno os mentores espirituais[5].”
Para Kardec, “frequentemente, as
evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos,
sobretudo quando se objetiva obter dos Espíritos respostas precisas a questões
circunstanciadas[6].”
Os médiuns – lembra ainda Kardec – “são geralmente mais procurados para
evocações de caráter particular do que para comunicações de interesse geral.
Eles não deveriam, porém, aceder a tais pedidos, senão com muita reserva,
quando feitos por pessoas de cuja sinceridade estejam seguros. Além disso, é
preciso evitar sua participação nas evocações movidas por simples curiosidade
ou interesse, sem intenção séria por parte do evocador, afastando-se de tudo o
que possa transformá-los em agentes de consultas, em ledores da buena dicha[7].”
Evocar um “morto” é questão que
precisa portanto ser bem avaliada, tendo sempre em mente a finalidade a que ela
se presta. No livro Conduta Espírita, cap. 25, André Luiz reafirmou a proposta
feita por Emmanuel, recomendando-nos seja “abolida, em nosso meio, a prática da
evocação nominal dos espíritos[8].”
Não tendo havido informações
novas, provindas de fontes robustas, confiáveis e consagradas, não concebo por
que a recomendação de Emmanuel, reafirmada por André Luiz, deva ser ignorada. A
comunicação com os Espíritos efetua-se por iniciativa deles. A frase “o
telefonema vem do lado de lá“, dita por Chico Xavier, diz bem como o assunto
deve ser encarado com mais seriedade em qualquer contexto do debate sobre o
tema, até porque o assunto é grave e não tem nada a ver com as mitologias
evocadas por alguns “letrados” em Espiritismo.
[2] Site: A Luz na Mente
[3] Xavier, Francisco Cândido. O consolador , ditado pelo
espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, Questão 369
[4] Idem questão 380
[5] Disponível em acessado em 08 de agosto de 2016
[6] idem
[7] idem
[8] Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Conduta
Espírita , ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001
Obg por me abrir o olho ,eu estava focada em saber da minha filha que desencarno a 5 anos e5 meses que nunca pensei nisso ,espero que ela e o Shr Deus me perdoe pois sei que ela esta com Deus ...obrigada
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