Como será o tecido sutil da
espiritual roupagem que o homem envergará, sem o corpo de carne, além da morte?
Tão arrojada é a tentativa de
transmitir informes sobre a questão aos companheiros encarnados, quão difícil
se faria esclarecer à lagarta com respeito ao que será ela depois de vencer a
inércia da crisálida.
Colado ao chão ou à folhagem,
arrastando-se, pesadamente, o inseto não desconfia que transporta consigo os
germes das próprias asas.
O perispírito é, ainda, corpo
organizado que, representando o molde fundamental da existência para o homem,
subsiste, além do sepulcro, demorando-se na região que lhe é própria, de
conformidade com o seu peso específico.
Formado por substâncias químicas
que transcendem a série estequiogenética conhecida até agora pela ciência
terrena, é aparelhagem de matéria rarefeita, alterando-se, de acordo com o
padrão vibratório do campo interno.
Organismo delicado, com extremo
poder plástico, modifica-se sob o comando do pensamento.
É necessário, porém, acentuar
que o poder apenas existe onde prevaleçam a agilidade e a habilitação que só a
experiência consegue conferir.
Nas mentes primitivas,
ignorantes e ociosas, semelhante vestimenta se caracteriza pela feição pastosa,
verdadeira continuação do corpo físico, ainda animalizado ou enfermiço.
O progresso mental é o grande
doador de renovação ao equipamento do espírito em qualquer plano de evolução.
Note-se, contudo, que não nos
reportamos aqui ao aperfeiçoamento interior.
O crescimento intelectual, com
intensa capacidade de ação, pode pertencer a inteligências perversas.
Daí a razão de encontrarmos, em
grande número, compactas falanges de entidades libertas dos laços fisiológicos,
operando nos círculos da perturbação e da crueldade, com admiráveis recursos de
modificação nos aspectos em que se exprimem.
Não possuem meios para a ascese
imediata, mas dispõem de elementos para dominar no ambiente em que se
equilibram.
Não adquiriram, ainda, a
verticalidade do Amor que se eleva aos santuários divinos, na conquista da
própria sublimação, mas já se iniciaram na horizontalidade da Ciência com que
influenciam aqueles que, de algum modo, ainda lhes partilham a posição
espiritual.
Os “anjos caídos” não passam de
grandes gênios intelectualizados com estreita capacidade de sentir.
Apaixonados, guardam a faculdade
de alterar a expressão que lhes é própria, fascinando e vampirizando nos reinos
inferiores da natureza.
Entretanto, nada foge à
transformação e tudo se ajusta, dentro do Universo, para o geral aproveitamento
da vida.
A ignorância dormente é acordada
e aguilhoada pela ignorância desperta.
A bondade incipiente é
estimulada pela bondade maior.
O perispírito, quanto à forma
somática, obedece a leis de gravidade, no plano a que se afina.
Nossos impulsos, emoções,
paixões e virtudes nele se expressam fielmente.
Por isso mesmo, durante séculos
e séculos nos demoraremos nas esferas da luta carnal ou nas regiões que lhes
são fronteiriças, purificando a nossa indumentária e embelezando-a, a fim de
preparar, segundo o ensinamento de Jesus, a nossa veste nupcial para o banquete
do serviço divino.
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