Manoel Philomeno de Miranda
(espírito) [2]
Inerente a todos os seres
humanos, a faculdade mediúnica expressa-se de maneira variada, conforme a
estrutura evolutiva, os recursos morais, as conquistas espirituais de cada
indivíduo.
Incipiente em uns e ostensiva
noutros, pode ser considerada com a peculiaridade psíquica que permite a
comunicação dos homens com os Espíritos, mediante cujo contributo inúmeras
interrogações e enigmas encontram respostas e elucidações claras para o
entendimento dos reais mecanismos da existência física na Terra.
Distúrbios psíquicos
inexplicáveis, desequilíbrios orgânicos injustificáveis, transtornos
comportamentais e dificuldades nos relacionamentos sociais e afetivos,
malquerenças e aflições íntimas destituídas de significado, exaltação e
desdobramentos da personalidade, algumas alucinações visuais e auditivas, na
mediunidade encontram seu campo de expansão, refletindo os dramas espirituais
do ser, que procedem das experiências anteriores à atual existência física, alguns
transformados em fenômenos obsessivos profundamente perturbadores.
Mal compreendida por largo tempo
através da História, foi envolta em mitos e cercada de superstições, que nada
têm a ver com a sua realidade.
Sendo uma percepção da alma
encarnada cujo conteúdo as células orgânicas decodificam, não significa
manifestação de angelitude ou de santificação, como também não representa
punição imposta por Deus, a fim de alcançar os calcetas e endividados perante
as Soberanas Leis.
Existente igualmente no ser
espiritual, é uma faculdade do Espírito que, através dos delicados equipamentos
sutis do seu perispírito, faculta o intercâmbio entre os desencarnados de
diferentes esferas da Erraticidade.
Dessa maneira, não se trata de
um calvário de padecimentos intérminos em cujo curso a tristeza e o sofrimento
dão-se as mãos, como pretendem alguns portadores de comportamento masoquista,
mas também não é característica de superioridade moral, que distingue o seu
possuidor em relação às demais pessoas.
Pode ser considerada como a
moderna escada de Jacó, que permite a ascensão espiritual daquele que se lhe
dedica com abnegação e devotamento.
Semelhante às demais faculdades
do ser humano, exige cuidados especiais, quais aqueles que se dispensam à
inteligência, à memória, às aptidões artísticas e culturais...
O conhecimento do seu mecanismo
torna-se indispensável para que seja exercida com seriedade, ao lado de
cuidados outros que se lhe fazem essenciais, quais sejam, a identificação da
lei dos fluidos, a aplicação dos dispositivos morais para o aperfeiçoamento
incessante, a disciplina dos equipamentos nervosos, as disposições superiores
para o bem, o nobre e o edificante.
Neutra, sob o ponto de vista
ético-moral, qual ocorre com as demais faculdades, é direcionada pelo seu portador,
que se encarrega de orientá-la conforme as próprias aspirações, perseguindo os
objetivos elevados, que são a meta essencial da reencarnação.
À medida que o médium introjeta
reflexões em torno do seu conteúdo valioso, mais se lhe dilatam as possibilidades,
que, disciplinadas, facultam ensejo para a produção de resultados compatíveis
com o direcionamento que se lhe aplique.
A observação cuidadosa dos
sintomas através dos quais se expressa, favorece a perfeita identificação
daqueles que se comunicam e podem contribuir em favor do progresso moral do
medianeiro.
O hábito do silêncio interior e
da quietação emocional faculta-lhe a captação das ondas que permitem o
intercâmbio equilibrado, ampliando-lhe a área de serviços espirituais.
Concessão divina para a
Humanidade, é a ponte que traz de volta aqueles que abandonaram o corpo físico
ou que dele foram expulsos, sem que deixassem a vida, comprovando-lhes a
imortalidade em triunfo.
Ante a impossibilidade de ser
alcançada a perfeição mediúnica, face à condição predominante de mundo de
provações que caracteriza o planeta terrestre e tipifica os seus habitantes por
enquanto, cada servidor deve lutar para adquirir a qualidade de bom médium,
isto é, aquele que comunica com facilidade, que se faz instrumento dócil aos
Espíritos que o utilizam sob a orientação do seu Mentor.
Nunca se acreditando imaculado,
sabe que pode ser vítima da mistificação dos zombeteiros e maus, não a temendo,
mas trabalhando por sutilizar as suas percepções psíquicas e emocionais, e
elevando-se moralmente para atingir patamares mais enobrecidos nas faixas da
evolução.
A facilidade com que os
desencarnados o utilizam, especialmente por estar disponível sempre que
necessário, propicia-lhe maior sensibilidade e o credencia ao apoio dos Guias
da Humanidade, que o cercam de carinho e o inspiram para a ascensão contínua.
Consciente dos próprios limites
e das infinitas possibilidades da Vida, reconhece o quanto necessita de
transformar-se interiormente para melhor, a fim de ser enganado menos vezes e
jamais enganar aos outros, pelo menos conscientemente.
A disciplina e o equilíbrio
moral, os pensamentos e as ações honoráveis, o salutar hábito da oração e da
meditação, precatam-no das investiduras dos maus e perversos que pululam em
toda parte, preservando-lhe os sutis equipamentos mediúnicos dos choques de
baixo teor vibratório que lhes são inerentes, ajudando-o, assim, a manter
contato com esses infelizes, quando necessário, porém, sob o controle dos Guias
que os conduzem, jamais ao paladar e apetite da loucura que os avassala.
O bom médium é simples e sem as
complexidades do agrado da ignorância, do egoísmo e da presunção, cujas
conquistas são internas e que irradia os valores morais de dentro para fora,
qual antena que possui os requisitos próprios para a captação das ondas que
serão transformadas em imagens sonoras, visuais ou portadoras de força motriz
para muitas finalidades.
Quando esteja açodado pelas
conjunturas difíceis ou afligido pelas provações iluminativas, que fazem parte
do seu processo de evolução, nunca deve desanimar, nem esperar fruir de
privilégios, que os não possui, seguindo fiel e tranquilo no desempenho da
tarefa que lhe diz respeito, preservando a alegria de viver, servir e amar.
O trabalho edificante será
sempre o seu apoio de segurança, que o fortalecerá em todos os momentos da
existência física, nunca se refugiando na inoperância, que é geradora de mil
males que sempre perturbam.
Porque identifica as próprias
deficiências, não se jacta da faculdade que possui, reconhecendo que ela pode
ser bloqueada ou retirada, empenhando-se para torná-la uma ferramenta de luz a
serviço do Amor em todos os instantes.
Os bons médiuns, que
escasseiam, em razão da momentânea inferioridade humana, são os instrumentos
hábeis para contribuírem em favor do Mundo Novo de amanhã, quando a
mediunidade, melhor compreendida e mais bem exercida, se tornará uma conquista
valiosa do espírito humano credenciado para a felicidade que já estará
desfrutando.
[2] Psicografia de Divaldo Franco
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