Jorge Hessen
Uma situação de crise econômica
e agravamento da insegurança, como nos dias de hoje, alteram as relações
sociais, sobretudo no trabalho. Há nessa conjuntura uma relação entre o social
e o trabalho, e o sujeito na organização será afetado por isso, aumentando seu
medo e sofrimento. O maior temor de quem tem emprego hoje é perdê-lo. A
demissão é traumática, sem dúvida. O modelo de relação de trabalho atual é
cruel. O sujeito que, dentro da organização, assiste a diversas demissões, vê
vários de seus colegas serem "despedidos", e que tem medo de ser a
próxima vítima, sabe que a falta de proteção é uma das causas dos seus medos e
angústias.
Vivemos e continuamos a viver
numa sociedade atemorizada. O medo é um sentimento proveniente da incerteza
diante dos desafios da vida. A sociedade promete demasiadamente ao indivíduo,
entretanto não lhe proporciona segurança e vende ilusões sorrateiras. A
tecnologia materialista impele o homem a desejar ter cada vez mais, a consumir
e adquirir bens materiais, esquecendo-se dos bens verdadeiros - os bens
espirituais (que coincidentemente algumas “religiões” comercializam sem nenhum
pudor).
Urge reagir a esta perspectiva
de obter, de adquirir. Porém, há os que desejam competir e temem fracassar.
Vários deixam-se abater ante as extravagâncias de comportamento, dos gastos
excessivos e do exibicionismo, esperando vencer a consternação do medo. Os
desprevenidos descambam para a delinquência e para as devassidões. Procuram
possuir (sem poder) o que a sociedade oferece, sendo possuídos pela posse,
gerando uma onda de violência urbana e de vícios pervertidos. O excesso da vida
automatizada provocou carência de solidariedade humana, originando uma
avalanche de incertezas e desconfianças.
O medo pode ser decorrente de
grande choque moral nas profundezas do ser, como intenções maquiavélicas ou
infidelidades conjugais. Tudo isso suscita a contemporânea consciência de culpa
e os enigmas de relacionamento. O receio de encarar os seus problemas e
resolvê-los arremessa as pessoas a conectarem-se com outras mentes
desencarnadas em desalinho que lhes inspiram e sugerem a fuga através das
drogas, da bebida, do cigarro, do apelo erótico exagerado.
Irrompe-se o temor de não se
sentir parte do grupo dos "vitoriosos", conduzindo os medrosos a
chamar a atenção para si através do comportamento excêntrico, uso excessivo de
tatuagens e de trajes espalhafatosos. E o patético da síndrome do medo é quando
alguém não se sente amado e busca desenfreadamente o amor a qualquer preço, em
qualquer lugar. Como não consegue distinguir o legítimo amor, busca o
abominável escambo (troca) de parceiros, a compensação dos desejos, aportando
facilmente na licenciosidade, na prostituição escamoteada.
Confiemos plenamente na
Inteligência Suprema que providencialmente administra a vida, sabendo que Ele,
a Causa primeira de todas as coisas, é Soberanamente Bom e Justo, e que nos
seus estatutos não há espaços para injustiças. Certamente, agindo assim, ao
olharmos para trás, teremos uma percepção diferente dos fatos que nos
aconteceram e perceberemos que todas as experiências, boas ou más, cooperaram
para o nosso bem, mediante as quais o ser progride sempre!
Através do trabalho solidário e
fraternal, aprendemos a entender as dores e angústias dos nossos companheiros,
a ter compaixão, e finalmente a amar verdadeiramente. O triunfo é sobre nós
mesmos, e para consegui-lo é preciso lutar. Portanto, oremos e peçamos
orientação de Jesus; deixemos os receios e expulsemos o medo, para que possamos
viver e agir com dignidade.
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