Marlene Rossi Severino Nobre - Associação Médico-Espírita do
Brasil.
Entenda como os espíritos
obsessores sugam a energia vital de encarnados, desencadeando o aparecimento de
algumas enfermidades.
A simbiose prejudicial é
conhecida como parasitose mental. Esse processo é tão antigo como o próprio
homem. Após a morte, os espíritos continuam a disputar afeição e riquezas com
os que permanecem na carne ou arruam empreitadas de vingança e violência contra
eles. Na parasitose mental temos o vampirismo. Por esse processo, os
desencarnados sugam a vitalidade dos encarnados, podendo determinar nos
hospedeiros doenças das mais variadas e até mesmo a morte prematura. Para o
mundo espiritual, "vampiro é toda entidade ociosa que se vale
indebitamente das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que
visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros
propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos
homens".
O médico desencarnado Dias da
Cruz lembra que "toda forma de vampirismo está vinculada à mente
deficitária, ociosa ou inerte que se rende às sugestões inferiores que a
exploram sem defensiva". E explica a técnica utilizada pelos espíritos
vampirizadores, situando-a nos processos de hipnose. Por ação do hipnotizador,
o fluido magnético derrama-se no campo mental do paciente voluntário, que lhe
obedece o comando. Uma vez neutralizada a vontade do sujeito, as células
nervosas estarão subjugadas à invasão dessa força. Os desencarnados de condição
inferior, consciente ou inconscientemente, utilizam esse processo na cultura do
vampirismo.
SUGANDO AS ENERGIAS
Justapõem-se à aura das
criaturas que lhes oferecem passividade, sugando-lhes as energias, tomam conta
de suas zonas motoras e sensoriais, inclusive os centros cerebrais (linguagem e
sensibilidade, memória e percepção), dominando-as à maneira do artista que
controla as teclas de um piano. Criam, assim, doenças fantasmas de todos os
tipos, mas causam também degeneração dos tecidos orgânicos, estabelecendo a
instalação de doenças reais que persistem até a morte. Entre essas doenças,
Dias da Cruz afirma que "podemos encontrar desde a neurastenia até a
loucura complexa e do distúrbio gástrico à raríssima afemia estudada por
Broca".
Relaciona ainda outras
moléstias: “pelo ímã do pensamento doentio e descontrolado, o homem provoca
sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio, capazes de
conduzi-lo à escabiose e à ulceração, à dipsomania e à loucura, à cirrose e aos
tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios
que corroem a vida moral. Através do próprio pensamento desgovernado, pode
fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como são as
psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinquência, desânimo
e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos patogênicos indefiníveis,
que lhe favorecem a derrocada ou a morte”.
Em Nos Domínios da Mediunidade,
André Luiz se refere a um caso interessante de um homem desencarnado e uma
mulher encarnada que vivem em regime de escravidão mútua, nutrindo-se da
emanação um do outro. Ela busca ajuda na sessão do trabalho desobsessivo
realizado por um centro espírita e, com o concurso de entidades abnegadas,
consegue o afastamento momentâneo do espírito obsessor. Bastou, porém, que o
espírito fosse retirado para que ela o fosse procurar, reclamando sua presença.
Há muitos casos em que o encarnado julga querer o reajustamento, porém, no
íntimo, alimenta-se dos fluidos doentios do companheiro desencarnado e se apega
a ele instintivamente.
Em Obreiros da Vida Eterna,
André Luiz descreve cenas de vampirismo em uma enfermaria de hospital.
"Entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação
da mente, postavam-se em leitos diversos, inflingindo-lhes padecimentos
atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como
atormentando-os e perseguindo-os", afirma. E confessa que os quadros lhe
traziam grande mal-estar.
VAMPIRISMO COM REPERCUSSÕES ORGÂNICAS
Na possessão, temos um grau mais
avançado de atuação do espírito obsessor, constrangendo de forma quase absoluta
a ação do obsediado. Kardec a compreendeu como "uma substituição, posto
que parcial, de um espírito errante a um encarnado". Como se trata de um
grau mais avançado de vampirismo, as patologias orgânicas estão sempre
presentes.
Dentro desse item de vampirismo
com repercussões orgânicas, destacamos os casos de epilepsia e obsessão, como
por exemplo no livro Nos Domínios da Mediunidade, caso Pedro. Analisando essa
casuística, constatamos que a possessão tem características e mecanismos
diversos. No caso Pedro-Camilo, instalou-se ao longo de 20 anos sob a atuação
de um único obsessor. Durante esse período, o quimismo espiritual ou a
fisiologia do perispírito se desequilibrou e, consequentemente, desencadeou
distúrbios orgânicos, entre os quais a ameaça de amolecimento cerebral.
No caso Margarida,
estabeleceu-se mais efetivamente em dez dias, com organização técnica
competente e atuação de uma falange composta de, aproximadamente, 60
obsessores, entre os quais dois hipnotizadores e dezenas de parasitas ovoides,
decretando a falência orgânica quase total em virtude do controle do sistema
endócrino, da pressão sanguínea e de funções importantes da economia orgânica.
INFECÇÕES FLUÍDICAS
Da mesma maneira como existem
infecções orgânicas, acontecem também as fluídicas, resultantes do
desequilíbrio mental.
O instrutor Aniceto, em conversa
com André Luiz, argumenta que "se temos a nuvem de bactérias produzidas
pelo corpo doente, temos a nuvem de larvas mentais produzidas pela mente
enferma, em identidade de circunstâncias. Desse modo, na esfera das criaturas
desprevenidas de recursos espirituais, tanto adoecem corpos como almas".
Os homens não têm preparo quase
nenhum para a vida espiritual. Em geral, não têm á mínima ideia de que "a
cólera, a intemperança, os desvarios do sexo e as viciações de vários matizes
formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima".
E cada uma dessas viciações da
personalidade produz as larvas mentais que lhe são consequentes, contaminando o
meio ambiente onde quer que o responsável pela sua produção circule ou estagie.
Elas não têm forma esférica, nem são do tipo bastonete, como as bactérias
biológicas, mas formam colônias densas e terríveis. E tal qual acontece no
plano físico, o contágio também pode se verificar na esfera psíquica.
Na condição de parasitismo
mental, as larvas servem de alimento habitual, porque são portadoras de
vigoroso magnetismo animal.
Para nutrir-se desse alimento,
bastará ao desencarnado agarrar-se aos companheiros de ignorância ainda
encarnados como erva daninha aos galhos das árvores e sugar-lhes a substância
vital.
SUBSTÂNCIAS PARA DOMINAR O PENSAMENTO
Dentro do estudo a que nos
propomos, temos de considerar também a produção dos espíritos inferiores
desencarnados. As substâncias destrutivas produzidas dentro do quimismo que
lhes é próprio atingem os pontos vulneráveis de suas vítimas. Esses produtos,
conhecidos como simpatinas e aglutininas mentais, têm a propriedade de
modificar a essência do pensamento dos encarnados, que vertem contínuos dos
fulcros energéticos dó tálamo, no diencéfalo. Esse ajuste entre desencarnados e
encarnados é feito automaticamente, em absoluto primitivismo nas linhas da
natureza. Os obsessores tomam conta dos neurônios do hipotálamo,
"acentuando a dominação sobre o feixe amielínico que o liga ao córtex
frontal, controlando as estações sensíveis do centro coronário que aí se fixam
para o governo das excitações e produzindo nas suas vítimas, quando
contrariados em seus desígnios, inibições de funções viscerais diversas,
mediante influência mecânica sobre o simpático e o parassimpático".
Temos aí um intrincado processo
de vampirismo, que leva as vítimas ao medo, à guerra nervosa, alterando-lhes a
mente e o corpo. É possível compreender, assim, os casos de possessos relatados
nos Evangelhos, que se curaram de doenças físicas quando os espíritos
inferiores que os subjugavam foram retirados pela ação curadora de nosso mestre
Jesus ou dos apóstolos.
Por enquanto, os médicos estão
às voltas com a extensa variedade de microorganismos patogênicos que devem
combater diuturnamente. Mas, no futuro, "a medicina da alma absorverá a
medicina do corpo. Poderemos, na atualidade da Terra, fornecer tratamento ao
organismo de carne. Semelhante tarefa dignifica a missão do consolo, da
instrução e do alivio, mas no que concerne à cura real, somos forçados a
reconhecer que esta pertence exclusivamente ao homem-espírito".
[1] Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 12, páginas 30-32
Nenhum comentário:
Postar um comentário