11-12-1761 / 20-02-1822
Joanna de Ângelis Um espírito
que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua
mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma
de sacrifícios. Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome JOANNA DE
ÂNGELIS, e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la na mansa figura de
JOANA DE CUSA, numa discípula de Francisco de Assis, na grandiosa SÓROR JUANA
INÉS DE LA CRUZ e na intimorata JOANA ANGÉLICA DE JESUS. Conheça agora cada um
destes personagens que marcaram a história com o seu exemplo de humildade e
heroísmo.
JOANA DE CUSA
Joana de Cusa, segundo
informações de Humberto de Campos, no livro "Boa Nova", era alguém
que possuía verdadeira fé. Narra o autor que: "Entre a multidão que invariavelmente
acompanhava JESUS nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara
dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de
Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na
cidade onde se conjugavam interesses vitais de comerciantes e de
pescadores". O seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe
compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina daquele
Mestre que Joana seguia com acendrado amor. Vergada ao peso das injunções
domésticas, angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou
ouvir a palavra de conforto de JESUS que, ao invés de convidá-la a engrossar as
fileiras dos que O seguiam pelas ruas e estradas da Galileia, aconselhou-a a
seguí-Lo à distância, servido-O dentro do próprio lar, tornando-se um
verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo:
seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus,
amando o companheiro do mundo como se fora seu filho. JESUS traçou-lhe um
roteiro de conduta que lhe facultou viver com resignação o resto de sua vida.
Mais tarde, tornou-se mãe. Com o passar do tempo, as atribuições se foram
avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana
sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar. Esquecendo
"o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães,
ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho
tivesse pão". Trabalhou até a velhice. Já idosa, com os cabelos
embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço,
para testemunhar o amor por JESUS, o Mestre que havia iluminado a sua vida
acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz. Narra Humberto de Campos, no
livro citado: "Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras
flagelações. - Abjura!... - exclama um executor das ordens imperiais, de olhar
cruel e sombrio. A antiga discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra
de negação ou de queixa. Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que
exclama, entre lágrimas: - “Repudia a JESUS, minha mãe”!... Não vês que nós
perdemos?! Abjura!... por mim, que sou teu filho!..." Pela primeira vez,
dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho
são espadas de angustia que lhe retalham o coração. Após recordar sua
existência inteira, responde: "- Cala-te, meu filho! JESUS era puro e não
desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas
as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a DEUS!" Logo em
seguida, as labaredas consomem o seu corpo envelhecido, libertando-a para a
companhia do seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com quem aprendeu a
sublimar o amor.
UMA DISCÍPULA
DE FRANCISCO DE ASSIS
Séculos depois, Francisco, o
"Pobrezinho de Deus", o "Sol de Assis", reorganiza o
"Exército de Amor do Rei Galileu", ela também se candidata a viver
com ele a simplicidade do Evangelho de Jesus, que a tudo ama e compreende,
entoando a canção da fraternidade universal.
SOROR JUANA
INÉS DE LA CRUZ
No século XVII ela reaparece no
cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao Bem. Renasce em 1651 na
pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilômetros da cidade do México,
com o nome de JUANA DE ASBAJE Y RAMIREZ DE SANTILLANA, filha de pai basco e mãe
indígena. Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã
aprender a ler e escrever engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara
pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da
criança, que já respondia ás perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe
as primeiras letras. Começou a fazer versos aos 5 anos. Aos 6 anos, Juana
dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para
costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no
México uma Universidade e empolgou-se com a ideia de no futuro, poder aprender
mais e mais entre os doutores. Em conversa com o pai, confidenciou suas
perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse
gracejando: -"Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos
podem estudar." Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua
mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não
queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade. Na Capital, aos 12
anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha. Além disso,
falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte
brilhante, na tradição europeia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para
dama de companhia de sua mulher. Na Corte encantou a todos com sua beleza,
inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas
poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar
os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do
México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A plateia assistiu,
pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das
perguntas dos professores. E tanto a plateia como os próprios especialistas
aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o Vice-rei. Mas, a sua sede de
saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte. A fim de se
dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo
interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender
Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas
Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu
e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de
São Jerônimo da Conceição, que tem menos obrigações religiosas, podendo
dedicar-se às letras e à ciência. Tomou o nome de SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ.
Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres,
instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas,
ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era
frequentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo,
intercambiando conhecimentos e experiências. A linda monja era conhecida e
admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os
religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de
vários lugares. Era conhecida como a "Monja da Biblioteca". Se
imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz
de lecionar e pregar livremente. Em 1695 houve uma epidemia de peste na região.
Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs religiosas que, juntamente
com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a
uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e
doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade.
SÓROR JOANA
ANGÉLICA DE JESUS
Passados 66 anos do seu regresso
à Pátria Espiritual, retornou, agora na cidade de Salvador na Bahia, em 1761,
como JOANA ANGÉLICA, filha de uma abastada família. Aos 21 anos de idade
ingressou no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de SÓROR JOANA
ANGÉLICA DE JESUS, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa
Senhora da Conceição. Foi irmã, escrivã e vigária, quando, e, 1815, tornou-se
Abadessa e, no dia 20 de fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o
Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi
assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil. Nos
planos divinos, já havia uma programação para esta sua vida no Brasil, desde antes,
quando reencarnara no México como Sóror Juana Inês de La Cruz. Daí, sua
facilidade estrema para aprender português. É que, nas terras brasileiras,
estavam reencarnados, e reencarnariam brevemente, Espíritos ligados a ela,
almas comprometidas com a Lei Divina, que faziam parte de sua família
espiritual e aos quais desejava auxiliar. Dentre esses afeiçoados a Joanna de
Ângelis, destacamos Amélia Rodrigues, educadora, poetisa, romancista,
dramaturga, oradora e contista que viveu no fim do século passado ao início
deste.
JOANNA NA
ESPIRITUALIDADE
Quando, na metade do século
passado, "as potências do Céu" se abalaram, e um movimento de
renovação se alastrou pela América e pala Europa, fazendo soar aos "quatro
cantos" a canção da esperança com a revelação da vida imortal, Joanna de
Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade, para o trabalho de
implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus. E ela,
no livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem, referindo-se
aos componentes de sua equipe de trabalho diz: "Quando se preparavam os
dias da Codificação Espírita, que ando se convocavam trabalhadores dispostos à
luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam
seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer
nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de
sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do
Reino." Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" vamos encontrar
duas mensagens assinadas por "Um Espírito amigo". A primeira, no Cap.
IX, item 7 com o título "A paciência", escrita em Havre, 1.862. A
segunda no Cap. XVIII itens 13 e 15 intitulada "Dar-se-á àquele que
tem", psicografada no mesmo ano que a anterior, na cidade de Bordéus. Se
observarmos bem, veremos a mesma Joanna que nos escreve hoje, ditando no
passado uma bela página, como o modelo das nossas atitudes, em qualquer
situação. No mundo Espiritual, Joanna estagia numa bonita região, próxima da
Crosta terrestre. Quando vários Espíritos ligados a ela, antigos cristãos
equivocados se preparavam para reencarnar, reuniu a todos e planejou construir
na Terra, sob o céu da Bahia no Brasil, uma cópia, embora imperfeita, da
Comunidade onde estagiava no Plano Espiritual, com o objetivo de, redimindo os
antigos cristãos, criar uma experiência educativa que demonstrasse a
viabilidade de se viver numa comunidade, realmente cristã, nos dias atuais.
Espíritos gravemente enfermos, não necessariamente vinculados aos seus orientadores
encarnados, viriam na condições de órfãos, proporcionando oportunidade de
burilamento, ao tempo em que, eles próprios, se iriam liberando das injunções
cármicas mais dolorosas e avançando na direção de Jesus. Engenheiros
capacitados foram convidados para traçarem os contornos gerais dos trabalhos e
instruírem os pioneiros da futura Obra. Quando estava tudo esboçado, Joanna
procurou entrar em contato com Francisco de Assis, solicitando que examinasse
os seus planos e auxiliasse na concretização dos mesmos, no Plano Material. O
"Pobrezinho de Deus" concordou com a Mentora e se prontificou a
colaborar com a Obra, desde que “nessa Comunidade jamais fosse olvidado o amor
aos infelizes do mundo, ou negada a Caridade aos “filhos do Calvário”, nem se
estabelecesse a presunção que é vérmina a destruir as melhores edificações do
sentimento moral’”. Quase um século foi passado, quando os obreiros do Senhor
iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos de Joanna, que
inspirava e orientava, secundada por Técnicos Espirituais dedicados que
espalhavam ozônio especial pela psicosfera conturbada da região escolhida, onde
seria construída a "Mansão do Caminho", nome dado à alusão à
"Casa do Caminho" dos primeiros cristãos. Nesse ínterim, os colaboradores
foram reencarnando, em lugares diversos, em épocas diferente, com instrução
variada e experiências diversificadas para, aos poucos, e quando necessário,
serem "chamados" para atender aos compromissos assumidos na
espiritualidade. Nem todos, porém, residiriam na Comunidade, mas, de onde se
encontrassem, enviariam a sua ajuda, estenderiam a mensagem evangélica,
solidários e vigilantes, ligados ao trabalho comum. A Instituição crescendo
sempre comprometida a assistir os sofredores da Terra, os tombados nas
provações, os que se encontram a um passo da loucura e do suicídio. Graças às
atividades desenvolvidas, tanto no plano material como no plano espiritual, com
a terapia de emergência a recém-desencarnados e atendimentos especiais, a
"Mansão do Caminho" adquiriu uma vibração de espiritualidade que
suplantas humanas vibrações dos que ali residem e colaboram.
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