ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
14 de Setembro de 2007
São errantes, isto é, estão na erraticidade, todos os
Espíritos que têm caminho a percorrer nas lutas da evolução.
Erraticidade é
o nome que adotamos para indicar o tempo que o Espírito, terminada uma
experiência rencarnatória, aguarda para reencarnar-se de novo. Significa período de tempo entre uma
existência que terminou e outra que se estará iniciando. Não se refere a lugar,
mas a tempo. Alguns metapsiquistas importantes, estudiosos da reencarnação,
utilizam o termo intermissão, em vez
de erraticidade. O Espírito, durante
esse tempo, não está à toa. Ele está vivendo sua vida normal de espírito. Está
estudando, preparando-se, aprendendo, convivendo com outros Espíritos enquanto
a hora do novo mergulho na carne não chega. Dizemos, portanto que todos os
Espíritos sujeitos a novas encarnações – reencarnações, portanto, aguardam-nas
na chamada erraticidade. Erraticidade é, portanto, tempo de espera. Seria a
“fila da reencarnação”. E é uma senhora fila. Sobretudo hoje, quando os casais
se recusam, insistentemente, a dar acolhida aos filhos que querem nascer.
Na França, por
exemplo, havia o risco de os franceses desaparecerem do mapa. Mulher francesa
ter filhos?! Nem pensar! De repente, o governo de lá viu que devia fazer alguma
coisa. E ofereceu incentivo às mães que resolvessem abrir a porta da
fecundação. Era necessário que nascessem novos bebês, senão, do povo francês,
não restaria nem semente.
Na China, há
muito tempo, sofre consequências sérias o casal que tenha mais de um
filho. Filhas, lá, tempos atrás, nem por
decreto. Hoje estão os chineses com um problema sério: não há mulheres
suficientes para atender ao anseio de casamento dos rapazes. Falta mulher. Há
mais homens que mulheres.
Na Itália, na
Alemanha, nos Estados Unidos, também, não é fácil nascer. Coisa de gente rica.
Ou de economista. Ou até de ministro da saúde, ás vezes. Nasce muito é onde a
pobreza é farta. Rico não quer trabalho, nem problema, nem muita gente por
perto! Quer é gozar a vida!
Pois bem: sobre
esse tempo de espera já aprendemos algumas coisas. É sobre essas coisas que
vamos conversar um pouco hoje. Por exemplo:
1
– Reencarna o Espírito, logo depois de se haver separado do corpo, isto é, uma
encarnação pode ocorrer imediatamente após o término de outra que a antecedeu? (Há pouco tempo uma novela da Rede Globo de Televisão
- Alma Gêmea - apresentou uma cena em que sugeria ter acontecido exatamente
isso.).
Imediatamente, não. Há uma impossibilidade natural. No
período de nove meses em que o bebê está se formando no seio da mãe, o Espírito
que fornece a matriz do corpo que se forma, tem que estar presente, já em
condições de participar do processo; livre, portanto, dos resíduos que ainda
estaria carregando da experiência anterior. A literatura especializada registra
casos que sugerem a ocorrência de períodos muito curtos de intermissão. Não são comuns, mas existem.
2
– De quanto tempo podem ser esses intervalos entre uma encarnação e outra?
Muito variados. Desde poucos meses até milhares de
anos. Não há limite extremo estabelecido para esse estado de espera, que pode
prolongar-se muitíssimo, mas que nunca é perpétuo. Cedo ou tarde, o Espírito
terá que volver a uma existência apropriada a purificá-lo das máculas de
existências precedentes. A duração é uma consequência do livre arbítrio. Não há
pressa. É preciso que haja o convencimento do Espírito para que ele próprio se
decida a aceitar reencarnar-se. Excetuam-se os casos de reencarnação compulsória, também não muito comuns.
Hernani
Guimarães Andrade, examinando diversos casos de reencarnação colhidos por
pesquisadores de renome internacional, e baseando-se em informações de
Emmanuel, registradas no livro Roteiro, psicografado por Francisco Cândido
Xavier, deduz, matematicamente, que o tempo médio de intermissão para os casos
pesquisados foi de 250 anos, indicando uma média de quatro encarnações por
milênio. Mas sugere que, com o crescimento da população encarnada, esse tempo
médio, evidentemente, se tornará menor.
3
– Há alguma conotação entre “estado de erraticidade” e “inferioridade
espiritual”?
Não. Nenhuma. Dizemos que são errantes, isto é, estão
na erraticidade, todos os Espíritos
que têm caminho a percorrer nas lutas da evolução. Somente os Espíritos puros,
porque já chegaram lá, estão fora do grupo de Espíritos errantes. Até os
Espíritos Superiores que, segundo Kardec, já atingiram a penúltima classe da
escala analisada nas questões 100 e seguintes de O Livro dos Espíritos, até
eles, estão na fila da reencarnação; são, pois, Espíritos errantes, também.
4
– Como se instruem os Espíritos que aguardam nova experiência rencarnatória?
Estudando em universidades ou escolas preparatórias que,
à disposição deles, existem em profusão nas cidades espirituais a que estão
vinculados pela residência ou pela ocupação. Também aprendem observando os
lugares e as pessoas aonde vão; ouvem os discursos dos homens doutos e os
conselhos dos Espíritos mais elevados, o que lhes permite adquirir
conhecimentos que antes não tinham.
5
– Conservam os Espíritos algumas de suas paixões?
A morte não produz milagres. Os Espíritos são tais
como eram quando na pele de pessoas encarnadas. Sujeitos a emoções, portadores
de vícios e de virtudes. Os mais evoluídos se livram com facilidade dos
pequenos que na matéria conduziam. Os inferiores, não: conservam esses vícios
que muitas vezes os transformam em verdadeiras pedras de tropeço nos caminhos
da invigilância.
6
– O Espírito progride na erraticidade?
– Sim. Para isso é que estudam, trabalham e praticam.
Mas a comprovação desse progresso só se faz na experiência física.
7
– São felizes ou infelizes os Espíritos errantes?
Depende da consciência de cada um. Há os felizes e há
os em dificuldade. Como aqui.
8
– Afinal, como vivem?
Em colônias espirituais construídas por eles próprios.
Tais como a colônia “Nosso Lar” que serviu de tema para o primeiro livro de
André Luiz e através do qual aprendemos tantas coisas da vida e da organização
das comunidades que acolhem Espíritos errantes já equilibrados ou a caminho de
sua recuperação. (Sobre a colônia Nosso
Lar, leia o livro Cidade no Além, de Heigorina Cunha, prefaciado por André
Luiz).
Mas André Luiz
não é o único repórter do mundo espiritual. Inúmeros outros Espíritos, aqui e
no exterior, já nos deram seguros e universais esclarecimentos sobre a vida
espiritual; seus sistemas de administração, educação, saúde, segurança,
disciplina, remuneração. Lúcia Loureiro fez trabalho sério de pesquisa em
diversas obras do gênero, publicadas no Brasil ou no exterior e nos oferece
seus resultados no seu importante livro “Colônias Espirituais”, editado por
Editora Mnêmio Túlio, de São Paulo.
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