quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Hipersonia: quando dormir não tira o sono[1]


 
19/12/2015

 
Por mais que passem o dia todo dormindo, algumas pessoas simplesmente continuam com sono. Elas se sentem cansadas toda hora e não conseguem ficar "acordadas" durante o dia sem ficar bocejando e lutando contra a exaustão.
Pessoas assim lutam contra um distúrbio raro chamado hipersonia.
"Na maioria dos casos, elas não têm dificuldade alguma para dormir. Mas o fato de dormirem não é algo que acaba com o cansaço. Elas têm problemas para se levantar e se sentem confusas e irritadas", afirmaram os pesquisadores da Associação Espanhola de Narcolepsia e Hipersonia (AEN).
Alguns dos efeitos, segundo a associação, são: fadiga, cansaço, perda de concentração e problemas de movimento.
Para lidar com o problema, as pessoas que sofrem com esse distúrbio costumam utilizar vários despertadores e alarmes para conseguirem levantar da cama no horário – e, ao se levantarem, acabam se sentindo desorientadas.
Segundo a AEN, todos esses fatores podem acabar influenciando a autoestima, a vida social e a rotina de trabalho de quem sofre desse transtorno.
Isso porque, durante o dia, as pessoas com hipersonia têm uma sensação contínua de sonolência e, como consequência disso, diminuem seus níveis de atenção, concentração e memória.
Segundo a Associação Americana de Sono (ASA, na sigla em inglês), a hipersonia se assemelha à narcolepsia (condição neurológica de sono incontrolável) pelos sintomas, mas, enquanto muitos narcolépsicos têm problemas para dormir, quem sofre de hipersonia consegue dormir tranquilamente e até melhor do que a maioria das pessoas.
De acordo com a ASA, a hipersonia pode ser ocasionada por outros transtornos de sono e também por fatores genéticos – ou também pelo uso de certos medicamentos ou drogas.
O distúrbio também pode aparecer em pessoas que têm fibromialgia (síndrome que provoca dores em todo o corpo) ou em pessoas que sofreram danos cerebrais.
 
"Higiene do sono"
"É uma doença relativamente rara e só afeta 1% da população. É ligeiramente mais comum em mulheres do que em homens e normalmente só começa na idade adulta", afirma a ASA.
Normalmente, o distúrbio é tratado com estimulantes e anfetaminas – e às vezes com antidepressivos.
"Uma 'higiene de sono' adequada é a mudança de conduta mais importante que deve ser implementada", acrescentam.
"Isso inclui o estabelecimento de horários de sonos regulares, ter um ambiente adequado para dormir e uma cama com travesseiros confortáveis, além de evitar a cafeína e outros estimulantes perto da hora de dormir."
 
Sensação de cansaço
Mas esses conselhos não parecem ter sido muito efetivos para Danielle Hulshizer.
Ela sofre de hipersonia idiopática há anos e por isso está sempre cansada, ainda que durma a noite toda e ainda tire sestas durante o dia – o cansaço nunca desaparece.
"Se me dessem um centavo por cada vez que alguém me diz que está me achando cansada e que tenho que dormir mais, eu ficaria milionária", brincou, em entrevista à CNN.
Hulshizer conta que acorda tão cansada quanto quando foi dormir – mesmo depois de ter dormido 12 horas. Ela atribuía o cansaço ao estresse e à agenda sempre lotada, desde quando era mais nova.
Nunca pensou que pudesse ter um problema real, até que foi diagnosticada, anos depois, com hipersonia.
 
Possível solução
A princípio, o tratamento foi feito com estimulantes, mas depois Hulshizer começou a sofrer dores de cabeça e tremores e se sentia cansada de novo.
Foi aí que David Rye, neurologista da Emory University School of Medicine, de Atlanta, nos Estados Unidos, começou a tratá-la com um medicamento que normalmente é utilizado para acordar os pacientes de anestesias, chamado Flumazenil.
A droga teve efeito imediato - e agora está sendo estudada pelos pesquisadores.
"Foi incrível, me fez sentir que estava viva pela primeira vez. Eu me sinto como uma nova pessoa", disse Hulshizer.
Segundo a Universidade, muitos adultos que têm problemas de sonolência liberam uma substância no cérebro que atua como uma "pílula para dormir".
"Nosso estudo será um grande avanço para determinar a causa desses transtornos, ainda que seja preciso investigar se os resultados se aplicarão à maioria dos pacientes", explicou Merrill Mitler, diretora do programa no Instituto Nacional de Transtornos Neurológicos e Acidente Neurovasculares, que apoia o projeto de Rye.
"Os pacientes que têm hipersonia sofrem grande incompreensão", completou.
 
Tipos de hipersonia
o   Hipersonia recorrente: pouco frequente (apenas 200 casos são conhecidos). Acontece entre 1 e 10 vezes ao ano.
o   Hipersonia idiopática (ou primária) com sono prolongado: sonolência excessiva, constante e diária durante pelo menos três meses. O sono noturno se prolonga durante umas 12 ou 14 horas. E há grande dificuldade para acordar.
o   Hipersonia idiopática (ou primária) com sono reduzido: o sono dura entre 6 e 10 horas. Os pacientes podem ter dificuldade para acordar tanto do sono noturno, quanto para sestas.
o   Sono insuficiente induzido pelo comportamento: voluntário, mas não buscado diretamente, derivado de comportamentos que não permitem alcançar a quantidade de sono necessária para manter nível adequado de vigília e alerta.
o   Outros tipos de hipersonia: devido a doenças (doenças neurológicas ou transtornos metabólicos, entre outros); hipersonia secundária ocasionada pelo consumo de medicamentos ou drogas.


terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Mas é ela que não me deixa![1]


 
Antônio Carlos Navarro[2] – 29/12/2015

 
O trabalho mediúnico é, entre outras coisas, surpreendente.
Certa feita, em uma sessão mediúnica destinada à orientação de espíritos desencarnados, fomos surpreendidos com o desenrolar de uma das conversações estabelecidas.
Anteriormente, havíamos sido procurados por uma pessoa, que relatava estar sendo vítima de determinada influência espiritual menos feliz, e isso a incomodava muito.
Percebia-se, a “vítima”, sempre acompanhada mesmo quando sozinha e, corriqueiramente, sentia-se invadida por determinadas angústias inexplicáveis.
Direcionada ao tratamento fluído-terápico e ao fortalecimento da fé e da confiança por meio da prece, da leitura edificante e do esclarecimento proporcionado pelas palestras públicas, teve seu nome inserido nos círculos de oração do Centro Espírita.
Passadas algumas sessões mediúnicas, um determinado Espírito se fez presente, apresentando através de suas informações, relação com a condição daquela pessoa. De imediato, o médium orientador buscou envolvê-lo, respeitosamente, no sentido de rever seus posicionamentos, valores e atitudes, e ver que aquela situação não lhe permitia dar continuidade ao seu progresso no plano espiritual, e isso lhe traria muitos prejuízos, além do prejuízo causado ao encarnado, do qual seria responsável em parte.
Foi quando o Espírito comunicante exclamou:
– Eu quero seguir minha vida, mas é ela que não me deixa!
E acrescentou:
– Já estou saturado dessa situação, mas o vínculo que foi criado entre eu e esta pessoa deverá ser rompido por nós dois, e eu já fiz a minha parte, mas ela ainda insiste em manter os mesmos hábitos, e estes me “chamam” para junto dela em função de termos estabelecidos essa sintonia conjuntamente.
Orientado ao fortalecimento de sua própria vontade e a orar com sinceridade, para livrar-se daquela situação, também foi informado a ele que a sua presença ali significava que já estava sendo amparado pelos Espíritos Socorristas.
Ao analisarmos, para aprendizado, o ocorrido, de imediato nos lembramos de algumas questões de O Livro dos Espíritos, como segue:
 
Questão 467[3] – Pode o homem se libertar da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal?
– Sim, porque apenas se ligam àqueles que os solicitam por seus desejos ou os atraem pelos seus pensamentos.
Evidencia-se, com a resposta dos Espíritos Superiores que nossas companhias espirituais dependem de nossos desejos, e se estes forem no sentido da satisfação de viciação física, atrairemos espíritos que portam os mesmos vícios, mas também os atrairemos pela viciação mental resultante de nossos pensamentos negativos; porém, sempre será possível revertermos a situação, desde que assumamos novos hábitos, mentais e comportamentais, em relação às viciações causadas pelas paixões humanas, como nos esclarece O Livro dos Espíritos:
Questão 469 – Como se pode neutralizar a influência dos maus Espíritos?
Fazendo o bem e colocando toda a confiança em Deus, repelis a influência dos Espíritos inferiores e anulais o domínio que querem ter sobre vós. Evitai escutar as sugestões dos Espíritos que vos inspiram maus pensamentos, sopram a discórdia e excitam todas as más paixões. Desconfiai, especialmente, daqueles que exaltam o vosso orgulho, porque vos conquistam pela fraqueza. Eis por que Jesus nos ensinou a dizer na oração dominical: “Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal!”.
Vai-te e não peques mais, orientou o Senhor Jesus[4], como solução para todos os nossos sofrimentos, ou seja, é preciso mudar, mas mudar a nós mesmos.
Querer livrar-se da influência ou perseguição dos espíritos através de um afastamento unilateral, acusando-os dos males que nos acometem é infantilidade espiritual, e não trará resultados favoráveis a nós outros.
Aquele Espírito saturou-se diante da situação e passou a desejar a liberdade, mas como era partícipe do conluio estabelecido, dependia também do encarnado, até o momento em que sua vontade de mudar tornou-se convincente a ponto de chamar a atenção dos Espíritos Socorristas, que representam a Misericórdia Divina, e que sem demora o socorreram.
E nós, o que temos feito para nos livrarmos de nossas viciações, sejam físicas ou mentais, para pleitearmos liberdade em relação aos espíritos inferiores?
 

Pensemos nisso.




[2] Estudioso e palestrante espírita. Trabalhador do Centro Espírita Francisco Cândido Xavier em São José do Rio Preto - SP
[3] Todos os grifos são nossos.
[4] João 8:11

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Vampirismo (Como espíritos obsessores sugam energia vital dos encarnados) [1]


 
Marlene Rossi Severino Nobre - Associação Médico-Espírita do Brasil.

 
Entenda como os espíritos obsessores sugam a energia vital de encarnados, desencadeando o aparecimento de algumas enfermidades.
A simbiose prejudicial é conhecida como parasitose mental. Esse processo é tão antigo como o próprio homem. Após a morte, os espíritos continuam a disputar afeição e riquezas com os que permanecem na carne ou arruam empreitadas de vingança e violência contra eles. Na parasitose mental temos o vampirismo. Por esse processo, os desencarnados sugam a vitalidade dos encarnados, podendo determinar nos hospedeiros doenças das mais variadas e até mesmo a morte prematura. Para o mundo espiritual, "vampiro é toda entidade ociosa que se vale indebitamente das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens".
O médico desencarnado Dias da Cruz lembra que "toda forma de vampirismo está vinculada à mente deficitária, ociosa ou inerte que se rende às sugestões inferiores que a exploram sem defensiva". E explica a técnica utilizada pelos espíritos vampirizadores, situando-a nos processos de hipnose. Por ação do hipnotizador, o fluido magnético derrama-se no campo mental do paciente voluntário, que lhe obedece o comando. Uma vez neutralizada a vontade do sujeito, as células nervosas estarão subjugadas à invasão dessa força. Os desencarnados de condição inferior, consciente ou inconscientemente, utilizam esse processo na cultura do vampirismo.
 
SUGANDO AS ENERGIAS
Justapõem-se à aura das criaturas que lhes oferecem passividade, sugando-lhes as energias, tomam conta de suas zonas motoras e sensoriais, inclusive os centros cerebrais (linguagem e sensibilidade, memória e percepção), dominando-as à maneira do artista que controla as teclas de um piano. Criam, assim, doenças fantasmas de todos os tipos, mas causam também degeneração dos tecidos orgânicos, estabelecendo a instalação de doenças reais que persistem até a morte. Entre essas doenças, Dias da Cruz afirma que "podemos encontrar desde a neurastenia até a loucura complexa e do distúrbio gástrico à raríssima afemia estudada por Broca".
Relaciona ainda outras moléstias: “pelo ímã do pensamento doentio e descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio, capazes de conduzi-lo à escabiose e à ulceração, à dipsomania e à loucura, à cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios que corroem a vida moral. Através do próprio pensamento desgovernado, pode fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como são as psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinquência, desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos patogênicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte”.
Em Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz se refere a um caso interessante de um homem desencarnado e uma mulher encarnada que vivem em regime de escravidão mútua, nutrindo-se da emanação um do outro. Ela busca ajuda na sessão do trabalho desobsessivo realizado por um centro espírita e, com o concurso de entidades abnegadas, consegue o afastamento momentâneo do espírito obsessor. Bastou, porém, que o espírito fosse retirado para que ela o fosse procurar, reclamando sua presença. Há muitos casos em que o encarnado julga querer o reajustamento, porém, no íntimo, alimenta-se dos fluidos doentios do companheiro desencarnado e se apega a ele instintivamente.
Em Obreiros da Vida Eterna, André Luiz descreve cenas de vampirismo em uma enfermaria de hospital. "Entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos diversos, inflingindo-lhes padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como atormentando-os e perseguindo-os", afirma. E confessa que os quadros lhe traziam grande mal-estar.
 
VAMPIRISMO COM REPERCUSSÕES ORGÂNICAS
Na possessão, temos um grau mais avançado de atuação do espírito obsessor, constrangendo de forma quase absoluta a ação do obsediado. Kardec a compreendeu como "uma substituição, posto que parcial, de um espírito errante a um encarnado". Como se trata de um grau mais avançado de vampirismo, as patologias orgânicas estão sempre presentes.
Dentro desse item de vampirismo com repercussões orgânicas, destacamos os casos de epilepsia e obsessão, como por exemplo no livro Nos Domínios da Mediunidade, caso Pedro. Analisando essa casuística, constatamos que a possessão tem características e mecanismos diversos. No caso Pedro-Camilo, instalou-se ao longo de 20 anos sob a atuação de um único obsessor. Durante esse período, o quimismo espiritual ou a fisiologia do perispírito se desequilibrou e, consequentemente, desencadeou distúrbios orgânicos, entre os quais a ameaça de amolecimento cerebral.
No caso Margarida, estabeleceu-se mais efetivamente em dez dias, com organização técnica competente e atuação de uma falange composta de, aproximadamente, 60 obsessores, entre os quais dois hipnotizadores e dezenas de parasitas ovoides, decretando a falência orgânica quase total em virtude do controle do sistema endócrino, da pressão sanguínea e de funções importantes da economia orgânica.
 
INFECÇÕES FLUÍDICAS
Da mesma maneira como existem infecções orgânicas, acontecem também as fluídicas, resultantes do desequilíbrio mental.
O instrutor Aniceto, em conversa com André Luiz, argumenta que "se temos a nuvem de bactérias produzidas pelo corpo doente, temos a nuvem de larvas mentais produzidas pela mente enferma, em identidade de circunstâncias. Desse modo, na esfera das criaturas desprevenidas de recursos espirituais, tanto adoecem corpos como almas".
Os homens não têm preparo quase nenhum para a vida espiritual. Em geral, não têm á mínima ideia de que "a cólera, a intemperança, os desvarios do sexo e as viciações de vários matizes formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima".
E cada uma dessas viciações da personalidade produz as larvas mentais que lhe são consequentes, contaminando o meio ambiente onde quer que o responsável pela sua produção circule ou estagie. Elas não têm forma esférica, nem são do tipo bastonete, como as bactérias biológicas, mas formam colônias densas e terríveis. E tal qual acontece no plano físico, o contágio também pode se verificar na esfera psíquica.
Na condição de parasitismo mental, as larvas servem de alimento habitual, porque são portadoras de vigoroso magnetismo animal.
Para nutrir-se desse alimento, bastará ao desencarnado agarrar-se aos companheiros de ignorância ainda encarnados como erva daninha aos galhos das árvores e sugar-lhes a substância vital.
 
SUBSTÂNCIAS PARA DOMINAR O PENSAMENTO
Dentro do estudo a que nos propomos, temos de considerar também a produção dos espíritos inferiores desencarnados. As substâncias destrutivas produzidas dentro do quimismo que lhes é próprio atingem os pontos vulneráveis de suas vítimas. Esses produtos, conhecidos como simpatinas e aglutininas mentais, têm a propriedade de modificar a essência do pensamento dos encarnados, que vertem contínuos dos fulcros energéticos dó tálamo, no diencéfalo. Esse ajuste entre desencarnados e encarnados é feito automaticamente, em absoluto primitivismo nas linhas da natureza. Os obsessores tomam conta dos neurônios do hipotálamo, "acentuando a dominação sobre o feixe amielínico que o liga ao córtex frontal, controlando as estações sensíveis do centro coronário que aí se fixam para o governo das excitações e produzindo nas suas vítimas, quando contrariados em seus desígnios, inibições de funções viscerais diversas, mediante influência mecânica sobre o simpático e o parassimpático".
Temos aí um intrincado processo de vampirismo, que leva as vítimas ao medo, à guerra nervosa, alterando-lhes a mente e o corpo. É possível compreender, assim, os casos de possessos relatados nos Evangelhos, que se curaram de doenças físicas quando os espíritos inferiores que os subjugavam foram retirados pela ação curadora de nosso mestre Jesus ou dos apóstolos.
Por enquanto, os médicos estão às voltas com a extensa variedade de microorganismos patogênicos que devem combater diuturnamente. Mas, no futuro, "a medicina da alma absorverá a medicina do corpo. Poderemos, na atualidade da Terra, fornecer tratamento ao organismo de carne. Semelhante tarefa dignifica a missão do consolo, da instrução e do alivio, mas no que concerne à cura real, somos forçados a reconhecer que esta pertence exclusivamente ao homem-espírito".

[1] Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 12, páginas 30-32

domingo, 27 de dezembro de 2015

O Verdadeiro Sentido da Vida[1]


 
Postado por PATY GARDONA – 26/12/2015

 
Cada um de nós encontra em sua vida um ser especial. Às vezes é um avô, um professor, um amigo de família.
 Uma pessoa mais velha, paciente e sábia, que se interessou por nós e nos compreendeu quando éramos jovens, inquietos e inseguros.
 Uma pessoa que nos fez olhar o mundo de um outro ângulo. Uma pessoa que, com seus conselhos e seu afeto, nos fez encontrar nosso caminho.
 Assim aconteceu ao jovem Mitch Albom que se tornaria o colunista esportivo número um da América.
 Durante os anos universitários, um professor lhe foi um grande amigo. Esse amigo o ensinou a amar os livros de forma autêntica.
 Mesmo fora dos horários das aulas, eles se encontravam para discutir assuntos sérios. Assuntos como as relações humanas. Nessas ocasiões, o professor lhe dava lições extraordinárias de vida.
 Certo dia, porque o aluno se queixava do choque entre o que a sociedade esperava dele e o que ele queria para si mesmo, o professor lhe falou:
 “A vida é uma série de puxões para a frente e para trás. Queremos fazer uma coisa, mas somos forçados a fazer outra”.
 “Algumas coisas nos machucam, apesar de sabermos que não deviam. Aceitamos certas coisas mesmo sabendo que não devemos aceitar nada como absoluto”.
 “Mas o amor”, dizia ele, “o amor vence sempre”.
 Quando saiu da Universidade, Mitch era um jovem idealista. Prometera a si mesmo que jamais trabalharia por dinheiro, que se alistaria nos Corpos da Paz, que viveria em lugares belos e inspiradores.
 Mas os anos passaram e ele acabou trocando montes de sonhos por cheques cada vez mais gordos.
 Então, um dia, dezesseis anos depois, ele tornou a encontrar o seu professor. Bem mais velho e doente.
 Eram os seus últimos meses de vida. Durante catorze semanas, até a sua morte, trataram de temas fundamentais para a felicidade e a realização humanas.
 Era a última grande lição: um ensinamento sobre o sentido da vida.
 E o jornalista reavaliou sua vida. Refletiu sobre as verdades ensinadas pelo professor, como a da necessidade de buscar o crescimento espiritual.
 De deixar de se preocupar tanto com coisas materiais e observar o universo ao seu redor. O universo das afeições. A natureza que nos cerca.
 A mudança que se opera nas árvores, a força do vento, as estações do ano.
 E o velho mestre, caminhando para o túmulo arrastado por enfermidade incurável, finalizou a última grande lição ao seu antigo aluno com a frase:
 “Meu filho, quando se aprende a morrer, se aprende a viver”.
 “A vida física é uma breve etapa. Sabedoria é ser aberto para as coisas belas que ela nos oferece. Para isso é preciso ignorar o brilho dos valores que a propaganda nos passa”.
 “É preciso prestar atenção quando os entes queridos falam, como se fosse a última vez que os ouvisse”.
 “É preciso andar com alegria como se fosse a última vez que pudéssemos estar de pé e nos servir das nossas pernas”.
 “E, acima de tudo, lembrar que sempre é tempo de mudar”.

sábado, 26 de dezembro de 2015

A NECESSIDADE DO TRABALHO[1]


 
Estudo com base no livro terceiro, caps. III do O Livro dos Espíritos (Allan Kardec)

 
O trabalho é uma lei da Natureza e por isso mesmo é uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta as suas necessidades e satisfações[2]. Porém não se deve entender por trabalho somente as ocupações materiais, pois o Espírito também trabalha como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho[3].  
O trabalho é uma consequência da natureza corpórea do homem. A vida corpórea é necessária ao Espírito, para que possa cumprir no mundo material as funções que lhe são designadas pela Providência: é uma das engrenagens da harmonia universal. A atividade, através do trabalho, lhe surge naturalmente, sem o suspeitar, e na função apropriada. Acreditando agir por si mesmo, desenvolve sua inteligência e facilita o seu adiantamento[4].  
O trabalho pode ser uma prova ou uma expiação, e ao mesmo tempo um meio de aperfeiçoar a sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria na infância intelectual. O homem busca a sua alimentação, a sua segurança e o seu bem-estar pelo seu trabalho e à sua atividade[5].  
Tudo trabalha na Natureza, até os animais, se bem que o trabalho dos animais, assim como a inteligência, é limitado aos cuidados da conservação. Por isso, entre eles, o trabalho não conduz a um progresso semelhante ao do homem. No homem o trabalho tem duplo objetivo: a conservação do corpo e ao desenvolvimento do pensamento, cuja necessidade, o eleva acima de si mesmo[6].
Quando se diz que o trabalho dos animais é limitado aos cuidados de sua conservação, refere-se ao fim a que eles se propõem, laborando, mesmo sem terem noção, eles se entregam inteiramente a prover as suas necessidades materiais e ao mesmo tempo, se tornam agentes que colaboram com os desígnios do Criador. Portanto, o trabalho dos animais concorre com o objetivo final da Natureza, embora muitas vezes não se possa observar o seu resultado imediato6.
A natureza do trabalho é relativa à natureza das necessidades; quanto menos necessidades materiais, menos material será o trabalho. Mas não se deve julgar, por isso, que o homem permanecerá inativo e inútil, pois a ociosidade lhe seria um suplício, ao invés de um benefício[7].  
Ninguém esta livre do trabalho, talvez aquele que possui bens suficientes esteja fora do labor material, mas não da obrigação de se tornar útil na proporção dos seus meios e de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que também é um trabalho. Se o homem a quem Deus concedeu bens suficientes para assegurar sua subsistência não está obrigado a comer o pão com o suor da fronte, a obrigação de ser útil a seus semelhantes é tanto maior para ele, quanto a parte que lhe coube por adiantamento lhe der maior lazer para fazer o bem[8].   
Diz Kardec na Revista Espírita de julho de 1862: Considerando as coisas deste mundo do ponto de vista extracorpóreo, o homem, longe de ser excitado pela negligência e pela ociosidade, compreende melhor a necessidade do trabalho. Falando do ponto de vista terrestre, esta necessidade é uma injustiça, aos seus olhos, quando se compara com aqueles que podem viver sem fazer nada: tem-lhes ciúme, os inveja. Falando do ponto de vista espiritual, esta necessidade tem sua razão de ser, sua utilidade, e a aceita sem murmurar, porque compreende que, sem trabalho, ficaria indefinidamente na inferioridade e privado da felicidade suprema a que aspira, e que não saberia esperar se não se desenvolve intelectualmente e moralmente[9].
A lei natural prevê direitos e deveres, assim, a solidariedade é sempre necessária. Os homens devem trabalhar em prol de seu conjunto de relação. Faz parte do progresso geral. Eis porque Deus fez do amor filial e do amor paterno um sentimento natural, a fim de que, por essa afeição recíproca, os membros de uma mesma família sejam levados a se auxiliarem mutuamente[10].
Porém, não basta dizer ao homem que ele deve trabalhar, é necessário que ele encontre uma ocupação, e isso nem sempre acontece. Então, quando a falta de trabalho se generaliza, toma as proporções de um flagelo e surge a miséria. A humanidade procura uma solução para que haja equilíbrio entre a produção e o consumo, mas esse equilíbrio, supondo-se que seja possível, sempre terá intermitências e durante essas fases o trabalhador tem necessidade de viver. Mas, há um elemento que é importante analisar, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: é a educação moral, pois é nela que consiste a arte de formar os caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos.
Quando se analisa sobre a massa de indivíduos que diariamente são lançados no meio da população, sem regras, sem educação, entregue aos próprios instintos, pode-se prever as consequências desastrosas desse fato. Contudo, quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem poderá melhorar os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para os seus, com respeito. E estes novos costumes lhe permitirão atravessar os inevitáveis maus dias de maneira menos dolorosa.
A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisso está o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, a garantia da segurança de todos[11].
Se o homem necessita passar por situações que lhe oferecem o aprendizado moral, ou seja, da boa conduta, pela experiência precisa aprender o que é o bem e o mal. O trabalho como é sempre uma atividade coletiva, fornece ao espírito as provas essenciais para este aprendizado.


[2] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, questão: 674.
[3]  __________, O Livro dos Espíritos, questão: 675.
[4]  __________, Revista Espírita, O Ponto de vista, julho de 1862.
[5] __________, O Livro dos Espíritos, questão: 676.
[6] __________, O Livro dos Espíritos, questão: 677.
[7] __________, O Livro dos Espíritos, questão: 678.
[8] __________, O Livro dos Espíritos, questão: 679.
[9] __________, Revista Espírita, O Ponto de vista, julho de 1862.
[10] __________, O Livro dos Espíritos, questão: 681.
[11] Ver nota de Allan Kardec após a resposta à questão 685 de O Livro dos Espíritos.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Influência humana permite a cães imitar expressões uns dos outros, diz pesquisa[1]




Helen Briggs - Repórter de Ambiente da BBC – 23/12/2015

 
Cachorros podem imitar as expressões uns dos outros em fração de segundos, afirmam cientistas italianos.
Até agora, a característica era associada exclusivamente a humanos e a alguns primatas, como chimpanzés e orangotangos.
O estudo foi publicado na revista científica Royal Society Open Science.
Os cientistas dizem que os cachorros demonstram o que seria uma forma de empatia básica, permitindo-lhes entender as emoções uns dos outros.
A característica teria surgido pelo convívio com o homem, durante o processo de domesticação desses animais, afirmaram os pesquisadores do Museu Histórico Natural da Universidade de Pisa, na Itália.
Esse é o motivo pelo qual os seres humanos imitam automaticamente um sorriso ou uma risada, possibilitando com isso a troca de emoções.
"Demonstramos que essa característica está presente nos cachorros. Ela é involuntária, automática e ocorre em uma fração de segundos", afirmou à BBC Elisabetta Palagi, responsável pelo estudo.
Ela explica que os cachorros mostram uma forma básica de "compreensão emocional" a partir da qual eles podem entender instantaneamente as emoções uns dos outros, por meio de expressões faciais e movimentos corporais.
Segundo a pesquisadora, essa característica é o primeiro passo rumo a formas mais complexas de empatia.
"Um cachorro, quando se encontra com outro cachorro, pode entender seu estado de espírito, ao imitar sua expressão e seu movimento corporal", explicou.
"Esse fenômeno também está presente nos humanos e em outras espécies de primatas".
 
Imitação rápida
Para chegar às conclusões, Palagi e outros dois cientistas gravaram cachorros brincando em um parque de Palermo, na Itália.
Os pesquisadores analisaram a forma como os cachorros interagiam, incluindo sinais usados por eles para indicar quando estavam se divertindo, tais como:
o   Agachar-se ou curvar-se para baixo em suas patas dianteiras
o   Relaxar a mandíbula e revelar alguns de seus dentes
Depois de analisar 50 horas de vídeo, os cientistas descobriram que os cachorros são capazes de imitar as expressões faciais e os movimentos de outros cachorros em uma fração de segundos.
Essa "imitação rápida" seria, segundo eles, uma resposta muito mais automática e involuntária do que o resultado de um possível treinamento.
 
Relação com humanos
No entanto, John Bradshaw, da Escola de Ciência Veterinária da Universidade de Bristol, no Reino Unido, afirmou que mais pesquisas são necessárias para afirmar com segurança que os cachorros são realmente capazes de entender as emoções uns dos outros.
"Os cachorros domesticados são leitores extraordinários da linguagem corporal, inclusive entre eles mesmos, e esse é o motivo pelo qual eles são tão fáceis de ser treinados", disse ele.
"Eles também amam brincar, aprendendo rapidamente que a imitação das ações do outro, seja um cachorro ou humano, significa que a brincadeira pode durar mais tempo. Mas a ciência ainda precisa mostrar que os cachorros têm um entendimento do processo cognitivo de outros cachorros, ou emoções".
Os cachorros são conhecidos por serem capazes de responder às emoções humanas, como imitar um bocejo, sugerindo que eles podem reproduzir alguns aspectos básicos de empatia.
Essa característica pode ter evoluído na medida em que os animais foram domesticados ou pode estar presente nos ancestrais selvagens dos caninos.
Os pesquisadores italianos planejam estudar se os lobos têm a mesma capacidade, assim como compreender melhor a relação complexa entre humanos e cachorros.