sexta-feira, 31 de outubro de 2025

POR QUE PASSAR TEMPO SOZINHO É TÃO IMPORTANTE[1]

 


Thuy-vy Nguyen[2]

 

Passar tempo sozinho pode causar medo em muita gente, o que é compreensível. Ao mesmo tempo, a diferença entre momentos de solitude e solidão é muitas vezes incompreendida.

Como psicóloga, estudo a solitude — o tempo que passamos sozinhos, sem interagir com outras pessoas. Comecei esta pesquisa há mais de dez anos e, até aquele momento, as descobertas relacionadas ao tempo que os jovens passavam sozinhos sugeriam que eles frequentemente se sentiam para baixo.

Nas redes sociais, na televisão ou nas músicas que ouvimos, normalmente imaginamos a felicidade como euforia, entusiasmo e animação. A partir dessa perspectiva, a solitude é muitas vezes confundida com a solidão.

Na psicologia, os pesquisadores definem a solidão como um sentimento de angústia que sentimos quando não temos, ou não somos capazes de obter, os tipos de conexões ou relacionamentos sociais que desejamos. A solitude é diferente.

Embora as definições de solitude das pessoas possam variar, o que é interessante é que, para muitos, ser solitário não significa necessariamente que não há mais ninguém por perto.

Em vez disso, muita gente pode sentir — e de fato sente — solidão em espaços públicos, seja sentada em um café movimentado tomando uma xícara de chá ou lendo um livro em um parque.

E minha pesquisa sugere que reservar um tempo para si mesmo pode ter um impacto positivo no seu humor diário.

Todos nós já tivemos dias em que há problemas no trabalho, quando as coisas não saem como o esperado ou quando assumimos muita responsabilidade e nos sentimos sobrecarregados.

O que eu descobri é que aprender a reservar um tempo para si mesmo, um momento de solitude, pode te ajudar a lidar com esses sentimentos.

 

O que podemos ganhar com a solitude?

Em uma série de experimentos, levei alunos de graduação para uma sala para se sentarem em silêncio consigo mesmos. Em alguns estudos, tirei as mochilas e dispositivos dos estudantes e pedi que ficassem sentados apenas com seus pensamentos; em outras ocasiões, os alunos ficaram na sala com livros ou celulares.

Depois de apenas 15 minutos sozinhos, descobri que quaisquer emoções fortes que os participantes pudessem estar sentindo, como ansiedade ou euforia, diminuíram. Concluí que a solitude tem a capacidade de reduzir os níveis de excitação das pessoas, o que significa que pode ser útil em situações em que nos sentimos frustrados, agitados ou com raiva.

Muita gente poderia presumir que apenas os introvertidos apreciariam a solitude. Mas embora seja verdade que os introvertidos podem preferir ficar sozinhos, eles não são as únicas pessoas que podem colher os benefícios da solitude.

Em uma pesquisa realizada com mais de 18 mil adultos em todo o mundo, mais da metade votou na solitude como uma das principais atividades que pratica para descansar. Portanto, se você é extrovertido, não deixe que isso te impeça de reservar um tempo para a solitude para desacelerar.

 

Ficar sozinho com seus pensamentos pode ser difícil

A parte desafiadora de passar um tempo sozinho é que, às vezes, pode ser chato e solitário.

Muita gente acha que ficar a sós com seus pensamentos pode ser difícil e prefere ter algo para fazer. De fato, se forçar a sentar e não fazer nada pode fazer com que você ache o tempo sozinho menos agradável. Então você pode preferir fazer algum tipo de atividade durante seu momento de solitude.

No meu estudo, dei aos participantes a opção de não fazer nada ou passar o tempo separando centenas de lápis em caixas.

Após serem solicitados a ficar sozinhos por dez minutos, a maioria dos participantes optou por separar os lápis. Esse é o tipo de atividade que eu pensei que a maioria das pessoas acharia chata.

No entanto, a escolha de fazer a tarefa chata decorre do desejo de se manter ocupado quando outras pessoas não estão por perto para ocupar nosso espaço mental.

Portanto, se você se pegar checando o celular toda vez que tiver alguns momentos de solitude, isso é bastante comum. Não seja duro consigo mesmo. Muita gente navega no celular para lidar com o estresse e o tédio.

Algumas pessoas também preferem passar o tempo sozinhas fazendo tarefas diárias, como ir ao supermercado ou lavar roupa. É um tempo solitário válido.

 

Praticar atividades de lazer sozinho

É interessante, no entanto, que muita gente evite praticar atividades de lazer sem companhias, como ir ao cinema ou jantar fora.

Isso pode acontecer porque tendemos a pensar nelas como atividades que fazemos com familiares e amigos, então estar desacompanhado pode nos fazer sentir julgados e constrangidos. Viajar sozinho é outra atividade que pode ser intimidadora, sobretudo para as mulheres.

Mas um dos principais benefícios de ir sozinho é a oportunidade de encontrar a tranquilidade e ter a liberdade de escolher o que fazer e como fazer.

Enquanto estudava a solitude, me desafiei a realizar algumas dessas atividades de lazer em meus momentos de solitude e achei a experiência bastante libertadora. Outras mulheres têm experiências semelhantes, especialmente quando viajam, se sentindo empoderadas e livres.

Para superar nosso medo da solitude, precisamos reconhecer seus benefícios e vê-la como uma escolha positiva — e não como algo que acontece com a gente. Se fazer uma viagem sozinho é um pouco demais para você agora, reservar um tempo na sua agenda lotada para pequenas doses de solitude pode ser exatamente o que você precisa.



[2] * Thuy-vy Nguyen é professora assistente do departamento de psicologia da Universidade de Durham, no Reino Unido.

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

INFLUÊNCIA[1]

 


Miramez

 

 Parecenças físicas e morais

 

Nenhuma influência exercem os Espíritos dos pais sobre o filho depois do nascimento deste?

Ao contrário: bem grande influência exercem. Conforme já dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho.

Questão 208 / O Livro dos Espíritos

 

Há alguns pais que conseguem passar para seus filhos a esperança de Cristo e a educação espiritual nas linhas do Evangelho de Jesus Cristo. Deus usa as criaturas para a ascensão dos próprios filhos. Qual a finalidade da família? É o crescimento das almas, rompendo barreiras e alcançando a vida em estado de graça, na luz do amor.

Os pais que não cuidam de seus descendentes se encontram cegos e surdos à voz da consciência em Deus. Não se pode descuidar da disciplina, desde mesmo a gestação. Por que não conversar com o recém-chegado do mundo espiritual? O corpo está se formando, mas o Espírito já se encontra ao lado, vivendo a formação do seu fardo físico e, por vezes, ajudando os seus futuros pais, dependendo da sua condição evolutiva. Se for um Espírito menos esclarecido lembremo-nos do que disse Jesus: São os doentes que precisam de médico.

Lembremo-nos de Jesus, quando disse: - Eu e meu Pai somos Um. Nesse sentido, o filho e a mãe são um, na unidade de vida, um sorvendo os sentimentos do outro, com equilíbrio ou desequilíbrio, de conformidade com os alimentos mentais das referidas trocas. Imaginemos a responsabilidade dos pais em questão!

Aproveitemos o tempo, começando pela oração, reformando os pensamentos no lar e em cada um que pertence ao lar, porque o recém-chegado se encontra assimilando tudo o que os familiares pensam e sentem, principalmente a mãe, a futura mãe. Cada vício ou hábito dos genitores impregnará os sentimentos do filho, e pode se desenvolver, se esse não tem uma formação elevada adquirida em outras vidas. Cada virtude vivenciada no seio da família é semente de luz que se planta no coração dos filhos, por amor, e que se multiplica em favor do agricultor. Pois é dando que se recebe.

O pai deve franquear as boas maneiras todos os dias, pensando, falando e vivendo, para que a luz de Deus ilumine a cidade de seu coração, para que a missão que ombreia ante a consciência e Deus seja bem cumprida, e que, quando voltar ao mundo de origem, as suas mãos levem os frutos de todos os seus esforços, cumulando a paz em sua consciência. Mesmo que custe bem caro, a vida no bem, em favor dos filhos, representa esperança e bem-estar para os trabalhadores.

Se na Terra não existe felicidade, ela existe mais adiante, e as suas raízes devem ser fincadas no mundo onde ora viveis. A influência dos pais ante os filhos é uma realidade. Se, mesmo com os bons exemplos, alguns deles continuarem fora do padrão em que se vive, não esmoreçamos; adiante eles aprenderão e, como nada se perde, o bem é mais duradouro, senão eterno - embora possa dormir dentro da alma - algum dia nascerá, com todo o seu fulgor de vida, e quem o plantou, receberá o perfume da paz daquilo que fez. Do plantio de luz, nascerá a claridade de estrelas.

Felizes os filhos que adquirem qualidades morais semelhantes às dos pais, e muito mais felizes aqueles que os ajudam a ampliar a conduta em Cristo. Simpatizemos com o bem, na ardidura do amor, para que esse amor nos ilumine por dentro, a mostrar igualmente por fora o céu que despertou em nós, mostrando Deus e Cristo para os que nos acompanham.



[1] FILOSOFIA ESPÍRITA – Volume 5 – João Nunes Maia

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

JAMES LEININGER (caso de reencarnação)[1]

 



K.M. Wehrstein

 

James Leininger é o assunto de um conhecido caso de reencarnação infantil americana. Na primeira infância, James tinha pesadelos frequentes de estar preso em um avião em chamas que estava caindo. Em outras declarações a seus pais, ele disse que foi abatido em um avião perto de Iwo Jima, foi baseado em um navio chamado 'Natoma' e tinha um amigo chamado Jack Larsen. Descobriu-se que esses e outros detalhes correspondem intimamente à vida de James Huston Jr, um piloto americano morto em combate em março de 1945. Os pais de James escreveram um livro best-seller sobre sua investigação, e o caso recebeu ampla atenção da mídia.

 

Visão geral

James Madison Leininger nasceu em 10 de abril de 1998 em San Francisco, filho de Bruce Leininger, um executivo de recursos humanos, e Andrea Leininger, redatora de currículos, dona de casa e ex-dançarina profissional. A família mudou-se logo depois para Dallas, Texas e depois para Lafayette, Louisiana. As expressões de memória de vidas passadas de James se manifestaram principalmente entre as idades de dois e cinco anos, após a mudança para Lafayette. A combinação de suas memórias detalhadas e a capacidade dos pais de verificá-las por meio de pesquisas meticulosas torna este caso particularmente interessante e um dos mais conhecidos do gênero no mundo ocidental.

 

Memórias e Comportamentos

Quando James tinha 22 meses de idade, conforme relatado por seus pais, seu pai o levou ao James Cavanaugh Flight Museum em Dallas. Lá ele ficou paralisado com a visão dos aviões da Segunda Guerra Mundial e, no final da visita, teve que ser forçado a partir[2].

Passando por uma loja de brinquedos quando James tinha apenas dois anos de idade, sua mãe notou uma caixa cheia de brinquedos de plástico e barcos. Ela pegou um pequeno avião a hélice e o entregou a James, acrescentando: 'Olha, há até uma bomba embaixo dele.' Ele disse: 'Isso não é uma bomba, mamãe. Isso é um tanque dwop' [sic][3]. Conversando sobre isso com o marido mais tarde, ela aprendeu que um tanque de queda é um tanque de combustível extra instalado em uma aeronave para estender seu alcance.

Pouco depois de completar dois anos, James começou a ter pesadelos, até cinco vezes por semana, nos quais gritava e chutava as pernas no ar, gritando 'Acidente de avião! Avião em chamas! O homenzinho não pode sair!' Aos 28 meses, em resposta a perguntas, ele disse a seus pais que o homenzinho era ele mesmo e que seu avião havia sido abatido pelos japoneses[4]. Cerca de duas semanas depois, ele acrescentou mais detalhes: seu nome era James; ele havia pilotado um Corsair; e ele voou de um 'barco', cujo nome ele deu como 'Natoma' - que apesar de soar japonês, ele insistiu que era americano[5]. Nos três meses seguintes, James acrescentou que tinha um amigo, um colega piloto chamado Jack Larsen[6], e que ele havia sido abatido perto de Iwo Jima[7].

No jogo, James bateu seus aviões de brinquedo em móveis, quebrando as hélices. Ele também começou a expressar suas memórias na arte, desenhando obsessivamente batalhas navais-aéreas entre americanos e japoneses, nas quais aviões queimavam e caíam, balas e bombas explodiam por toda parte. Essas sempre foram cenas da Segunda Guerra Mundial, com aeronaves movidas a hélice, não jatos ou mísseis. Ele nomeou a aeronave americana corretamente como Wildcats e Corsairs, e se referiu aos aviões japoneses como 'Zekes' e 'Bettys', explicando que o nome do menino se referia a aviões de combate e o nome da menina a bombardeiros, o que estava correto.

Ele às vezes assinava os desenhos 'James 3' e, quando perguntado por que, dizia que era 'o terceiro James[8]', uma aparente referência a ele seguindo James Huston Jr, ou seja, o segundo.

Ao se afivelar na parte de trás do carro, ele costumava fazer mímica de colocar o capacete, um movimento que sua mãe reconheceu durante uma visita a um show aéreo local, quando ele subiu na cabine de um Piper Cub e colocou o capacete do piloto.

 

Investigação do pai

Como um cristão devoto, Bruce Leininger estava desconfortável com a ideia de reencarnação e começou a pesquisar as declarações de seu filho na firme esperança de descartá-la. Ele já sabia que o Corsair era um avião americano da Segunda Guerra Mundial. Pesquisando na Internet, ele descobriu que o USS Natoma Bay era um porta-aviões que serviu no Pacífico na Segunda Guerra Mundial, participando da operação Iwo Jima, e que um piloto chamado Jack Larsen havia sido baseado no navio.

Ele então começou a se aproximar dos veteranos de Natoma Bay, que se mostraram próximos. Um candidato inicial para as memórias de James, Jack Larsen, no entanto, não foi morto em combate. A atenção então se voltou para James McReady Huston Jr, da Pensilvânia, que havia sido morto perto de Iwo Jima, aos 21 anos, e cuja vida as declarações de James pareciam corresponder. Uma exceção foi que Huston foi abatido em um FM2 Wildcat, não em um Corsair; os veteranos não conseguiam se lembrar de nenhum Corsário na Baía de Natoma. Nem os detalhes do relato de James sobre o avião ser abatido puderam ser confirmados. No entanto, uma visita à irmã de Huston, Anne Barron, descobriu uma fotografia de Huston em frente a um Corsair, confirmando que ele havia pilotado esta aeronave[9]. O depoimento decisivo veio de testemunhas oculares que viram o avião ser atingido no motor, que explodiu em uma bola de fogo antes de cair, confirmando o relato de James[10]. Um diário de bordo da unidade registrando o acidente agora pode ser visualizado online (role até a página 32).

Em uma reunião dos pilotos da Baía de Natoma, James reconheceu um deles, Bob Greenwalt, por sua voz[11].

Anne Barron também verificou outros detalhes que James havia feito anteriormente sobre sua família anterior, incluindo os problemas causados pelo alcoolismo de seu pai. Depois de falar com James, ela se convenceu de que ele era de fato seu irmão renascido, a partir de seu conhecimento de fatos conhecidos apenas por Huston, como a existência de uma pintura de sua mãe de Anne quando criança[12].

De acordo com os Leiningers, James sofreu um pesadelo no aniversário da morte de Huston[13]. Ele fez declarações sobre duas memórias do período entre as encarnações. Primeiro, ele disse que se lembrava de ter escolhido os Leiningers como seus pais e deu alguns detalhes verídicos da época anterior à sua concepção, incluindo detalhes corretos de um hotel no Havaí em que eles estavam hospedados durante as férias[14]. Em segundo lugar, quando seus pais lhe perguntaram por que ele havia chamado seus três bonecos GI Joe de Billy, Walter e Leon, ele respondeu: 'Porque foram eles que me reconheceram quando cheguei ao céu[15]'. Os pais souberam mais tarde que três companheiros de esquadrão de Huston que haviam sido mortos antes de sua própria morte se chamavam Billie Peeler, Walter Devlin e Leon Conner[16].

 

Carol Bowman

Quando James tinha três anos, Andrea Leininger contatou a terapeuta de regressão e autora Carol Bowman depois de ler seu livro Children's Past Lives: How Past Life Memory Affects Your Child[17]. Bowman sugeriu algumas técnicas para aliviar os pesadelos de James, a principal das quais era garantir que a catástrofe havia acabado, que havia acontecido no passado e que agora ele estava seguro em sua vida atual. Isso causou uma queda acentuada na frequência dos pesadelos[18]. Bowman continuou a se corresponder com os Leiningers por oito anos e os colocou em contato com seu agente literário para fins de publicação de um livro contando a história de James[19]. O livro Soul Survivor: The Reincarnation of a World War II Fighter Pilot[20], foi publicado em 2009 e teve uma breve participação na lista de best-sellers do New York Times.

 

ABC Horário nobre

Pouco antes do quarto aniversário de James, Bowman foi convidada pela rede de TV ABC, que planejava transmitir um programa de TV sobre memórias de vidas passadas de crianças, para seu melhor caso. Ela apresentou os produtores aos Leiningers[21]. Algumas imagens foram gravadas, mas o programa nunca foi ao ar. De acordo com os Leiningers, os produtores decidiram que o caso era fraco em termos de evidência[22]. No entanto, Jim Tucker, psiquiatra infantil e investigador de memórias de vidas passadas de crianças na Divisão de Estudos Perceptivos do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia, que também estava programado para aparecer no programa, lembra que todo o programa foi considerado muito fraco, não o caso de James em particular[23]. Tucker recebeu uma cópia da filmagem[24].

Dois anos depois, a ABC entrou em contato com os Leiningers novamente, perguntando se eles estariam interessados em participar de um segmento para o ABC Primetime, apresentado por Chris Cuomo. A essa altura, Huston havia sido identificado e mais evidências foram encontradas. O segmento foi transmitido em 15 de abril de 2004 e pode ser visto aqui. Gerou mais atenção da mídia, incluindo artigos nos principais jornais do mundo e outras reportagens de TV.

Impressionado com a força do caso agora, Tucker mais uma vez contatou os Leiningers. No início, eles estavam dispostos a ser entrevistados, mas depois, sobrecarregados pela atenção da mídia e tendo decidido publicar a história de James como um livro, eles recusaram temporariamente. Somente em 2010 Tucker conseguiu entrevistar a família[25].

 

Investigação de Tucker

Tucker escreveu um relato informal do caso como um capítulo em seu livro de 2013 Return to Life: Extraordinary Cases of Children Who Remember Past Lives, depois publicou um relatório formal do caso em 2016[26]. Ele observou que, embora os registros escritos originais dos Leiningers sobre o caso tenham sido perdidos, o fato de James ter feito as declarações antes de Huston ter sido identificado foi provado tanto pelas imagens de vídeo que Tucker recebeu da ABC em 2002 quanto por materiais escritos, como impressões datadas da Internet, confirmando que Bruce procurou informações sobre a Natoma Bay em 2000[27], e se correspondeu para encontrar Jack Larsen.

As declarações verificadas da filmagem são:

§  Seu avião foi baleado no motor e caiu na água.

§  Ele morreu na batalha de Iwo Jima.

§  O avião estava pegando fogo e afundou, e ele não conseguiu sair.

§  Ele pilotou um Corsair.

§  Seu avião voou de um barco.

§  Seu avião foi abatido pelos japoneses.

§  Os corsários tendiam a furar os pneus quando pousavam[28].

Se os Leiningers estivessem criando uma fraude complexa, argumentou Tucker, eles certamente teriam apresentado um caso tão bom para a ABC em 2002 quanto fizeram em 2004, sem saber que teriam outra oportunidade de mídia. Outros motivos para duvidar da fraude como explicação, argumentou Tucker, foram o tempo que o caso levou para se desenvolver e o número de pessoas envolvidas na investigação, todas as quais teriam que conspirar juntas. Tucker também descartou a fantasia, já que os pesadelos e comportamentos persistentes de James, como aviões de brinquedo caindo repetidamente e seus desenhos cheios de dor, eram mais característicos de crianças que sofreram traumas do que crianças fantasiando. No que diz respeito à coincidência, Tucker considerou a possibilidade de tais declarações detalhadas corresponderem exatamente à identidade e às circunstâncias de um determinado indivíduo falecido por puro acaso como implausivelmente pequena[29].

Tucker observou que todas as declarações documentadas que levaram à identificação de Huston foram feitas pelo próprio James. Ele não poderia ter lido sobre Huston ou Natoma Bay. Ele também não poderia ter sido exposto a nenhum programa de televisão sobre esses tópicos, e seus pais e outras pessoas ao seu redor não tinham conhecimento deles[30].

 

Críticas e Respostas

Paul Kurtz, o falecido fundador do Comitê de Investigação Cética, foi citado no segmento Primetime dizendo que os pais eram "auto-enganados" e "fascinados com o misterioso", e construíram um "conto de fadas". Kurtz afirmou que James deve ter adquirido seu conhecimento dos aviões da Segunda Guerra Mundial ouvindo as conversas de seus pais ou conversando com seus jovens amigos[31]. Ele não ofereceu nenhuma explicação para a intensidade da emoção de James manifestada nos pesadelos extremamente frequentes, para as encenações contínuas de acidentes de avião em jogo ou para os desenhos prolíficos e dramáticos.

Uma postagem no blog Skeptico atribuiu as experiências de James à sua primeira visita ao Cavanaugh Flight Museum, observando que um dos aviões exibidos lá é um Corsair. Sugeriu ainda que uma fantasia havia sido alimentada por meio de perguntas importantes de seus pais, avó e Bowman, bem como presentes de aviões de brinquedo; que James assinou seus desenhos 'James 3' porque essa era sua idade na época; que a verificação da Natoma Bay é questionável porque James disse apenas 'Natoma', não o nome completo; e que o nome Jack Larsen poderia ter sido solicitado, mal lembrado ou falsificado. O artigo também argumentou que o caso foi invalidado pelo fato de James Huston ter sido abatido enquanto pilotava um FM2 Wildcat em vez de um Corsair[32].

No entanto, Tucker entrou em contato com o Cavanaugh Flight Museum e soube que não havia Corsair em exibição entre 1999 e 2003, época em que as duas primeiras visitas de James ocorreram[33]. Tucker também contestou a alegação de que Bruce Leininger fazia parte de uma fantasia de reencarnação fabricada, tendo observado em primeira mão a recusa de Leininger em acreditar que a reencarnação era a explicação, e observando que sua extensa pesquisa tinha a intenção de refutar a noção[34]. Tucker observou também que James continuou a assinar seus desenhos 'James 3' depois que ele completou quatro anos[35].

Em novembro de 2021, o filósofo Michael Sudduth anunciou em um post de blog que havia conduzido uma investigação de dois anos sobre o caso e demonstraria que era fraudulento em uma longa crítica a ser publicada no Journal for Scientific Exploration (JSE). Na postagem do blog, ele escreveu: 'A história de James Leininger é uma farsa' e 'É evidência de um voo de fantasia', ambas as linhas foram removidas posteriormente[36]. A crítica de 30.000 palavras, publicada sem uma resposta de Tucker, acusa os Leiningers de encobrir a exposição do jovem James a várias fontes possíveis de informação das quais ele poderia ter derivado seu conhecimento e mudar repetidamente a história do que James havia dito quando para combinar fatos recém-descobertos. Sudduth também argumenta que as discrepâncias nos detalhes da morte da encarnação anterior entre James e testemunhas oculares tornam seu relato não probatório, e acusa Tucker de incompetência em não descobrir as fontes normais de informação e ignorar as discrepâncias[37].

Na próxima edição da JSE, após uma mudança de editor-chefe do filósofo Stephen Braude para o parapsicólogo James Houran, Tucker publicou uma breve resposta na qual corrige imprecisões na crítica de Sudduth, afirmando:

Infelizmente, seu relatório está cheio de distorções, descaracterizações e, às vezes, desinformação total. Há muitos casos para listar todos, mas grandes e pequenos, todos eles contribuem para uma imagem imprecisa que denigre a credibilidade dos pais de James como informantes e minha competência como pesquisador[38].

Sudduth em sua tréplica argumenta que a resposta de Tucker não é convincente com os argumentos da crítica[39].

O pesquisador de reencarnação James G. Matlock, convidado por Houran para comentar sobre ambos os lados e fornecer recomendações para melhorar a metodologia de pesquisa da reencarnação, dividiu seu comentário em duas partes. Para o primeiro, ele conduziu sua própria reinvestigação do caso e sua documentação, de modo a produzir um cronograma robusto, corrigindo tanto o dos Leiningers quanto o de Sudduth[40]. Na Parte 2, Matlock faz uma refutação detalhada dos pontos-chave de Sudduth, mostrando pelo uso de tabelas como a grande maioria das memórias e comportamentos de James não poderiam ter sido extraídos das fontes normais que Sudduth nomeou. Matlock então dá doze recomendações metodológicas, incluindo o uso total da tecnologia atual para registrar os enunciados dos sujeitos e realizar pesquisas de verificação; dividir cada investigação de caso entre uma equipe coletando informações sobre o assunto e uma segunda equipe tentando verificação, trabalhando independentemente umas das outras; e experimentos com reencarnação planejada e marcas de nascença experimentais[41].

 

Acompanhamento de mídia

Após a publicação de Soul Survivor em 2009, a Fox 8 News transmitiu um segmento de acompanhamento de Suzanne Stratford, que pode ser visto aqui. Ele contém entrevistas com o veterano de Natoma Bay, Leo Pyatt, descrevendo como James reconheceu os outros veteranos, e a irmã de Huston, Anne Barron, descrevendo como James sabia coisas que Huston havia feito quando menino e outros assuntos familiares privados.

O segmento também relata como uma estação de TV japonesa pagou a passagem da família para Chichi-Jima, a pequena ilha mais próxima de onde Huston havia morrido, de onde viajaram em um barco de pesca para visitar o local exato. Os Leiningers realizaram um serviço memorial e James, então com onze anos, jogou um buquê de flores no mar. A viagem, contada em Soul Survivor[42], parecia trazer uma catarse curativa, pois seus desenhos posteriores se tornaram menos destrutivos e caóticos. Neste vídeo, James comenta:

Espero que ajude as pessoas a entender o significado de como a vida é preciosa, quão rápido ela pode simplesmente explodir. E também espero que abra os olhos das pessoas para a reencarnação. Espero que abra os olhos das pessoas para o fato de que a reencarnação pode acontecer, é uma possibilidade, não é uma mentira.

Em um segmento de 2012 na Fox and Friends, Bruce descreve a investigação bem-sucedida, enquanto James, agora com quinze anos, descreve como os pesadelos cessaram após uma "liberação espiritual" experimentada no local do acidente. James continua sugerindo que a reencarnação pode ser a fonte do que parece ser um conhecimento inato. Ele acrescenta que ocasionalmente se lembra de sua vida anterior, mas está seguindo em frente com a atual. Este segmento pode ser visto aqui.

 

Literatura

§  Bowman, C. (1997). Children’s Past Lives: How Past Life Memory Affects Your Child. New York: Bantam.

§  Bowman, C. (2021). Beyond Disbelief: Children’s Past Lives and the Continuum of Personality. [Webpage with essay written for the Bigelow Institute for Consciousness Studies Essay Contest 2021.]

§  Leininger, A., & Leininger, B., with Gross, K. (2009). Soul Survivor: The Reincarnation of a World War II Fighter Pilot. New York: Grand Central Publishing.

§  Matlock, J.G. (2022a). Clarifying muddied waters, part 1: A secure timeline for the James Leininger case. Journal of Scientific Exploration 36/1, 100-120.

§  Matlock, J.G. (2022b). Clarifying muddy waters, part 2: What the Sudduth-Tucker exchange re James Leininger suggests for reincarnation research. Journal of Scientific Exploration 36/4, 760-781.

§  Skeptico (2005). Reincarnation all over again. [Web post, 7 July.]

§  Sudduth, M. (2021a) Crash and burn: James Leininger story debunked [original] (20 November). [Blogpost.]

§  Sudduth, M. (2021b). The James Leininger case re-examined. Journal of Scientific Exploration 35/4, 933-1026.

§  Sudduth, M. (2022a). Crash and burn: James Leininger story debunked [revised] (18 January). [Blogpost.]

§  Sudduth, M. (2022b). Response to Jim Tucker. Journal of Scientific Exploration 36/1, 91-9.

§  Tucker, J.B. (2013). Return to Life: Extraordinary Cases of Children Who Remember Past Lives. New York: St. Martins.

§  Tucker, J.B. (2016). The case of James Leininger: An American case of the reincarnation type. EXPLORE: The Journal of Science and Healing 12, 200-7.

§  Tucker, J.B. (2022). Response to Sudduth’s ‘James Leininger case re-examined’. Journal of Scientific Exploration 36/1, 84-90.

 

Traduzido com Google Tradutor



[2] Leininger & Leininger (2009), 21.

[3] Leininger & Leininger (2009), 16.

[4] Leininger & Leininger (2009), 55-56.

[5] Leininger & Leininger (2009), 67-68.

[6] Leininger & Leininger (2009), 79.

[7] Leininger & Leininger (2009), 91.

[8] Leininger & Leininger (2009), 106.

[9] Leininger & Leininger (2009), 199; veja o encarte anexo.

[10] Por exemplo, John Richardson; ver Leininger & Leininger (2009), 217.

[11] Leininger & Leininger (2009), 244.

[12] Leininger & Leininger (2009), 236.

[13] Leininger & Leininger (2009), 207.

[14] Leininger & Leininger (2009), 154.

[15] Leininger & Leininger (2009), 157.

[16] Leininger & Leininger (2009), 158.

[17] Bowman (1997).

[18] Leininger & Leininger (2009), 102; Bowman (2021), 36.

[19] Bowman (2021), 36.

[20] Leininger & Leininger (2009).

[21] Bowman (2021), 36.

[22] Leininger & Leininger (2009), 117.

[23] Comunicação pessoal, 29 de março de 2017.

[24] Tucker (2013), 64.

[25] Tucker (2013), 64-66.

[26] Tucker (2016).

[27] Tucker (2016), Fig. 1.

[28] Tucker (2016), Tabela 1.

[29] Tucker (2016), 205.

[30] Tucker (2016), 206.

[31] Uma transcrição do segmento pode ser vista aqui.

[32] Skeptico  (2005).

[33] Tucker (2013), 69.

[34] Tucker (2013), 71.

[35] Tucker (2013), 73.

[36] Ver Sudduth (2021a e 2022a).

[37] Sudduth (2022b).

[38] Tucker (2022), 84.

[39] Sudduth (2022), 91.

[40] Matlock (2022a).

[41] Matlock (2022b).

[42] Leininger & Leininger (2009), 252.