Miramez
É exato que certas circunstâncias desenvolvem a segunda
vista?
A moléstia, a proximidade do perigo, uma grande comoção
podem desenvolvê-la. O corpo, às vezes, vem a achar-se num estado especial que
faculta ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos carnais.
Nas épocas de crises e de
calamidades, as grandes emoções, todas as causas, enfim, de superexcitação do
moral provocam não raro o desenvolvimento da dupla vista. Parece que a
Providência, quando um perigo nos ameaça, nos dá o meio de conjurá-lo. Todas as
seitas e partidos perseguidos oferecem múltiplos exemplos desse fato.(Allan
Kardec)
Questão 452 / O Livro dos Espíritos
Certas circunstâncias
desenvolvem a segunda vista, como a enfermidade e as emoções que venham a
afetar a alma. No entanto, desenvolvem não somente a segunda vista, mas
desenvolvem também todas as faculdades mais afloradas, destacando-se aquela que
se encontra mais fácil de se evidenciar.
Quando o encarnado se encontra à
beira da morte, no dizer dos próprios homens, certamente que esse Espírito
passa a ver alguma coisa do mundo espiritual, porque afrouxam-se os laços do
Espírito, pelas circunstâncias por que ele passa. Às emoções violentas
correspondem exercícios acentuados no campo dos dons espirituais; esses se
afloram, porém, é indispensável que, se ele continuar aflorado, seu portador
saiba aproveitar a oportunidade para o bem comum. Esses dons são mãos do
Espírito que podem passar a semear, e quem semeia deve colher o que plantou, no
campo imenso da vida do Espírito. É muito nobre conhecermos de tudo na criação.
No nível em que a humanidade da Terra se encontra, a necessidade mais urgente é
de transformação interna das criaturas, porque, mudando-se por dentro, a lei
faz mudar por fora. Quem é feliz na intimidade, a felicidade se estende no
exterior, trazendo para junto da criatura a paz que já existe no centro d’alma.
Tudo isso que falamos, do
desenvolvimento por grande comoção, não se pode generalizar, porque, em muitos
casos, os seres passam por isso tudo que mencionamos e nada aflora no campo das
suas observações. Depende muito da escala em que o Espírito se encontra, ante
as suas qualidades espirituais.
Em época de provações coletivas,
por exemplo, onde a natureza entra em comoção violenta, a crença em Deus é bem
maior, visto que o desenvolvimento espiritual fica mais visível para a maior
parte dos que sofrem esse arrocho emotivo. Mesmo nos circos romanos, onde se
trucidavam milhares de cristãos, eles desenvolviam a segunda vista quando não a
tinham, e a aumentavam quando já eram dotados desta faculdade, e cantavam hinos
de louvor a Deus pelos seus testemunhos frente às feras famintas, enquanto os
ignorantes que se alegravam com os sofrimentos, não sabiam o porquê da sua
felicidade, tendo-os como seguidores fanáticos do Carpinteiro. Assim ainda
ocorre com as perseguições que se passam com os grandes missionários: eles
ficam mais perto da realidade e os perseguidores mais longe da verdade. Os
perseguidos ainda oram pelos perseguidores, sabendo que todos são filhos de
Deus e que a lei do amor os une. Ninguém se perde, pois todos vibram dentro da
eternidade e do seio d’Aquele que os fez à luz da Verdade.
Convém notar pela prática das
faculdades, que elas nascem de dentro, mas que suas diretrizes pertencem à
maturidade das almas guiadas por Deus sob a égide de Nosso Senhor Jesus Cristo
na Terra.
Os dons espirituais foram doados
para aflorarem-se em todas as criaturas. Mesmo que negados, algum dia eles vêm
à tona. Isso constitui lei do Criador para a felicidade da criação. Os talentos
são instrumentos para a paz de consciência. Devemos começar agora mesmo as
mudanças de comportamento, porque desta maneira estaremos cooperando
visivelmente com a nossa própria paz de Espírito, sem precisar das grandes
comoções nos caminhos, diminuindo, assim, os nossos sofrimentos, no que tange à
nossa luz.
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