Eurípedes Kühl
O perispírito é o laço que à matéria do corpo prende o
Espírito, que o tira do meio ambiente, do fluido universal. Participa ao
mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria
inerte.
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 257, pg.
165, 81ªEd., 2001, Brasília/DF
Esse invólucro, semimaterial que tem a forma humana,
constitui para o Espírito um corpo fluídico, vaporoso, mas que, pelo fato de
nos ser invisível no seu estado normal, não deixa de ter algumas das
propriedades da matéria.
O Livro dos Médiuns, cap. 1, item 3, pg. 23.
Conhecimento do princípio das coisas
O segundo capítulo de O Livro
dos Espíritos (O L.E.), que trata Dos elementos gerais do Universo, engloba
vinte perguntas e respostas: nº 17 a 36. Como já acontecera no capítulo
anterior, nesse também há questões (17, 18 e 19) não respondidas pelos
Espíritos, por tratarem da revelação do “princípio das coisas”, cujo mistério o
homem ainda não tem faculdades para compreender, mesmo porque a ciência tem
limites estabelecidos por Deus.
A seguir, sintetizarei algumas
das questões citadas acima:
- Questão 21: Só Deus sabe se a matéria existe
desde sempre — a eternidade;
- Questão 22: A matéria existe em estados que
ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos
cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém,
não o seria. (Grifei).
- Questão 22a: A matéria é o laço que prende o
Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo,
exerce sua ação;
- Questão 23: O espírito é o princípio
inteligente do Universo;
- Questão 25: O Espírito independe da matéria e
ambos são distintos um do outro, mas a união do Espírito e da matéria é
necessária para intelectualizar a matéria;
- Questão 25a: Essa união é necessária a vós
outros porque não tendes organização apta a perceber o Espírito sem a matéria.
A isto não são apropriados os vossos sentidos;
– Questão 27: Deus, Espírito
e a matéria constituem a trindade universal, o princípio de tudo o que
existe. Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal
(ou primitivo, ou elementar), que tem propriedades especiais e age como
intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais
grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela. O fluido universal
está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido como a matéria é matéria,
e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do
Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que conheceis apenas
uma parte mínima. Esse fluido de que se utiliza o Espírito é o princípio sem o
qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as
qualidades que a gravidade lhe dá; (Grifei)
- Questão 27a: O fluido universal, que chamais
fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que
não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e
que se pode considerar independente. (Grifei)
Propriedades da matéria
São inúmeras as propriedades da
matéria, que, por leis naturais e físicas, divinas, sábias, atende à manutenção
saudável da organização física de todos os seres vivos.
Na Terra são tantos sons, cores,
flores e florestas, e diversos climas, pelo que o homem deve sempre ser grato
ao Supremo Criador.
Como exemplo das incontáveis
utilizações da matéria terrena, cito a existência de inumeráveis
possibilidades, tanto com o fogo, quanto com a água — abençoados ambos —, com
potencial a serviço da vida.
A gama de transformações e
combinações materiais possíveis, praticamente, para finalidades sem fim, vai ao
infinito e é justamente isso que possibilita ao homem exercitar a inteligência
e tornar seu viver mais confortável. O agudo e o grave (na música), tanto
quanto o frio e o calor (nas geladeiras e nas vestimentas), são vertentes
naturais domesticadas pelo homem, que deve ser grato à Providência Divina, que
tudo oferta a ele para sobreviver na Terra.
Espaço universal
Dimensionar o espaço universal,
estabelecendo-lhe fronteiras, bem como conceder-lhe certidão de nascimento, é
absolutamente impossível ao homem, que pode, apenas, concebê-lo infinito — sem
limites. Vácuo, por definição, seria o “espaço ocupado por coisa alguma”.
Kardec perguntou (questão n° 36
de O L.E.) e obteve como resposta:
— O vácuo absoluto existe em alguma parte do Espaço
universal?
— Não, não há o vácuo. O que te parece vazio está
ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos. (Grifei)
Estávamos em 1857...
A Ciência oficial tinha como
verdade que entre os corpos celestes havia, sim, o vácuo absoluto. Então, eis
que... Só nos fins do século XIX, início do XX, concorde com aquilo que Kardec
registrou na já mencionada questão nº 22 de O Livro dos Espíritos, foi
que a existência dos átomos e das moléculas foi definitivamente aceita pela
Ciência. Aí, passou a ser “oficial” a suspeita da Ciência de que o vácuo — a
imensa área escura do espaço — estava repleto de matéria, tanto quanto um copo
vazio está sempre cheio de ar.
Mas, como prová-lo?!
O Espiritismo e a Ciência...
Em 1905 Albert Einstein
(1879-1955), físico alemão, de paralelo com a física clássica, enuncia o
conceito de fóton (quantum específico da luz) e diz que uma onda luminosa
monocromática é formada de fótons, que têm massa de repouso nula, propagando-se
no vácuo à velocidade da luz.
Após o reconhecimento da
existência dos átomos, colocou-se a questão de sua estrutura. Um primeiro
modelo, baseado nos quanta (dispositivo planetário: elétrons gravitando em
torno de um núcleo), foi aperfeiçoado, com a descoberta do nêutron em
1930-1932.
Elétrons e nêutrons, em termos
de física, passaram a ser considerados como partículas subatômicas fundamentais
da família dos leptons (do grego = miúdos).
Vários são os leptons
conhecidos: os elétrons, os múons, os neutrinos (nome dado a pequenos nêutrons
por Enrico Fermi (1901-1954), físico italiano, e outros.
Os neutrinos
Desde então, muitos físicos se
debruçaram na pesquisa dos neutrinos, talvez as partículas mais intrigantes do
mundo subatômico. Intrigantes por possuírem propriedades misteriosas,
fantasmagóricas até! Sim: são capazes de atravessar toda a Terra sem uma única
colisão... Quais se fossem fantasmas... Atravessam objetos sólidos, inclusive o
corpo humano, felizmente sem nenhum dano. Espantoso disso tudo é que trilhões
(!) deles, a cada segundo, nos atravessam! No entanto, quando tudo, mas tudo
mesmo, indicava que não possuíssem massa, eis o que aconteceu: dando um salto
de Kardec aos nossos tempos, no início de junho de 1998, no Japão, um grupo de
cento e vinte (!) cientistas, buscando entender o que pudesse ajudar a entender
algo que eventualmente existisse na escuridão do Universo, e principalmente
tentando comprovar que os neutrinos possuem massa, realizou um experimento no
observatório japonês Super-Kamiokande[2]:
1.
num tanque de aço
inoxidável com 12,5 milhões de galões de água ultrapurificada (!!!), colocado
1,6 quilômetro abaixo da superfície da Terra (um ambiente de estabilidade
perfeita), foram instalados detectores de luz;
2.
observou-se que,
às vezes, um neutrino colidia com uma molécula de água e produzia um lampejo
azul;
3.
os cientistas
verificaram que os lampejos variavam de intensidade, o que significa que os
neutrinos mudavam de forma, logo devem possuir massa.
Criados a partir do processo de
desagregação do núcleo do átomo, os neutrinos podem ser milhões de vezes
menores do que um elétron, até hoje a partícula com menor massa conhecida.
Quando visto por outra partícula em experiências de espalhamento parece como um
disco de 10-38cm2.
Atualmente (estamos em 2024) se
sabe que existem ao menos três tipos de neutrinos: “neutrino do elétron”,
“neutrino do múon” e “neutrino do tau”, cada um associado a uma partícula.
Intrigante, de novo, que eles podem intercambiar, entre si, as formas. E isso
ainda não é tudo: desde 1995, nos EUA, um experimento indicou, sem comprovante,
ser possível existir um quarto neutrino, chamado de “neutrino estéril”,
induzindo debate de parte da Ciência quanto à existência desse neutrino.
Neutrinos são forjados no centro
de estrelas como o Sol, em desintegrações de núcleos radioativos e em raios
cósmicos. Em consequência, todo o sistema solar e particularmente a psicosfera
terrena estão saturados deles.
— Ora: isso não lembra o que o Espiritismo diz sobre o
fluido cósmico, em uma das suas infinitas transformações, particularmente
aquela que constitui o envoltório atmosférico dos corpos celestes?
Com efeito, lembramos as
palavras de Kardec, em seu livro A Gênese, cap. XIV, item 2:
O fluido cósmico universal é a matéria elementar
primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável
variedade dos corpos da Natureza.
Em outras palavras: fluido
cósmico universal é a matéria primitiva básica a partir da qual todas as outras
se formam. No caso da Terra, vindo os neutrinos do Sol, isso não parece
confirmar a informação do Espírito Emmanuel sobre a formação da Terra[3]?
E, em termos de envoltório sutil
e etéreo da atmosfera dos corpos celestes, não é dali que os Espíritos retiram
a “matéria-prima” com a qual organizam seu perispírito, para atuarem nesse
corpo celeste específico, no qual irão estagiar, ora encarnados, ora
desencarnados, na longa rota evolutiva?
Se neutrinos contêm massa, mas
são tão infinitamente pequenos que podem, aos trilhões, atravessar todos os
corpos sólidos, isso também não lembra uma das propriedades do perispírito,
que, mesmo ainda sendo matéria (segundo as questões nº 93 e 94 de O L.E. e o
item nº 23 do cap. XIV de A Gênese, também de Allan Kardec), atravessa
corpos sólidos sem a menor dificuldade e se desloca instantaneamente a grandes
distâncias?
A interatividade nas formas dos
neutrinos também não nos lembram as diferentes constituições perispirituais a
que Kardec se refere, quando registrou as diferentes classes de espíritos, com
as respectivas densidades dos perispíritos que os recobrem?
Essa mesma interatividade dos
neutrinos conhecidos não teria ação psicossomática naquilo que a Biologia
denomina de “genoma humano” (o código da vida) — o DNA?
Termino por aqui meus
comentários, rogando aos que me leem que relevem meu pretensioso voo rasante
sobre a Ciência. Não tenho qualquer formação científica, não obstante, nem por
isso me sinto impedido de ao menos conjecturar e, então, formular a hipótese —
não mais que hipótese — de que talvez o perispírito seja formado com matéria
solar, a partir dos neutrinos...
A propósito, rogo apenas que
concedam o favor da lembrança das palavras proféticas de Kardec[4]
e teçam suas deduções:
Caminhando de
par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas
descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se
modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.
De minha parte, reflito que a
humildade de Kardec bem que pode ser configurada de outra forma: o tempo
permitirá à Ciência comprovar o que os Espíritos já sabem há muito tempo...
[1] O CONSOLADOR - Ano 18 - N° 878 - 30 de Junho de
2024 - https://www.oconsolador.com.br/ano18/878/especial.html
[2] Reportagem científica da Revista VEJA de 17.06.1998: O
VAZIO ESTÁ CHEIO.
[3] Espírito EMMANUEL, em “O Caminho da Luz”, psicografia
de F.C.Xavier, 24ª Ed., 1994, FEB, Rio/RJ, no capítulo I, “A gênese
planetária”, registra que a Terra seria “um bloco de matéria informe deslocada
do Sol”, fato que hoje a Ciência tem como a melhor de todas as probabilidades.
[4] KARDEC, Allan, in A Gênese, Cap I, n° 55, p.
44, 35ª Ed., 1992, FEB, Rio/RJ
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