Miramez
Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é o seu
sofrimento?
− Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente
que os sofrimentos físicos.
Questão 255 / O Livro dos Espíritos
Quando o Espírito diz que está
sofrendo, os sofrimentos não são físicos; são angústias morais, bem piores do
que os padecimentos terrenos. É nesse sentido que a Doutrina dos Espíritos vem
trabalhando junto aos encarnados, e por vezes com os fora da carne, evitando as
angústias morais para o futuro, que são piores.
A consciência registra, sem que
a consciência ativa saiba, todos os atos da alma, como que fotografando em
todas as suas nuances, de modo que no momento certo, essas forças negativas
transbordam para a mente do Espírito, entregando-o às conseqüências que são
próprias do clima negativo das ações inferiores. É o que se chama de remorso,
ou regressão de memória.
A sensibilidade do aparelho
consciencial está muito acima de todos os aparelhos da Terra, mesmo os mais
aperfeiçoados. A consciência, além de guardar as imagens dos feitos, registra
os sons e tem a capacidade de dar vida a todos os nossos feitos e, ainda muito
mais, faz com que pensemos naqueles fatos. As angústias morais torturam a alma
qual um tribunal íntimo devedor. Eis aí o dente por dente do velho texto dos
judeus.
Jesus, sabendo que as
consciências humanas estavam carregadas de angústias, qual celeiro pestilento
de acomodações inferiores, veio em nosso socorro nos mostrar os caminhos da
esperança, se nos dispusermos a limpar as nossas consciências com os
instrumentos do amor e da caridade.
Pode-se evitar muitas angústias
para o futuro, em se compreendendo a presença da Doutrina dos Espíritos na
Terra. Ela vem trazer a revivência dos conceitos do Cristo, nos dando
oportunidades de ressarcir o passado carregado de mazelas inferiores. O esquecimento
das paixões somente se dá com a transformação do caráter, já viciado nas
ilusões do mundo.
As angústias da alma, no plano
espiritual, são vivas. Em muitos casos, só a reencarnação alivia essas torturas
incomparáveis do Espírito. Já chegou a hora de queimar o joio aflorado em nós,
que cresceu junto ao trigo em nossa intimidade. Devemos mudar para crescer;
devemos conhecer a verdade porque ela nos liberta dos liames das trevas.
É bom que nos conscientizemos, e
a experiência nos fala mais alto, de que, mesmo encarnada, a alma tem e sente
essas angústias, mas, na verdade, comparando com as que sentem os Espíritos
desencarnados, elas são virtudes, por lhes faltar o corpo físico que age como
esponja absorvente do magnetismo inferior, que a mente desprende com
freqüência.
Que os irmãos encarnados
aproveitem sua estadia na Terra, limpando aí mesmo a sua área consciencial,
mudando seus pensamentos, para que suas idéias mudem igualmente e a sua fala
tome o caráter da fala do Cristo, que ajuda e consola, que cura e embeleza a
sua feição.
Que abençoem o que Deus lhes deu
por amor: um corpo de carne, aparelho esse valioso na sua subida para os planos
onde se encontra a felicidade, descobrindo o céu na intimidade da Filosofia
Espírita – coração. Que possam refrear todos os seus impulsos inferiores,
fazendo e usando essa energia para despertar qualidades superiores que se
encontram dentro de si.
Já encontramos a estrada; basta
trilharmos por ela. Esse é o convite de Jesus para todos os corações. A
natureza das angústias, tanto como Espírito livre quanto na carne, se
diferencia ao infinito. Tudo é de acordo com as faltas cometidas, ou processos
de despertamento necessário aos Espíritos. Jesus é o nosso sol, que nos ajuda a
queimar o joio, sem perda do trigo, que nos alimenta pela eternidade afora.
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