Izabel Vitusso
Como as manifestações artísticas
conseguem nos elevar, nos transportar ao infinito e nos levar até Deus? Essa e
outras perguntas que dizem respeito à manifestação da arte são abordadas pelo
escritor Léon
Denis em seu livro O espiritismo na arte (ed. Lachâtre)
No capítulo sobre a música, que
de todas as artes é a considerada a que mais rapidamente nos eleva até o Alto,
Denis explica que tudo no espaço se traduz por vibrações harmônicas e que aqui
na Terra o que denominamos uma bela sinfonia são apenas ecos deformados dos
concertos celestes.
Ao explicar sobre os efeitos que
uma boa sinfonia pode causar em nós, lembrou que por diversas vezes viu
lágrimas rolarem em alguns médiuns que pareciam perceber os ecos da sinfonia
eterna.
Conta que durante as sessões com
os espíritos realizadas pelo médium escocês Jesse Schefard, ouviam-se coros
celestes e acordes de numerosos instrumentos. “Também solos podiam ser ouvidos,
em que se reconheciam vozes de cantores já falecidos”.
Léon Denis escreve que Schefard
se hospedou certa vez na casa da senhora Koning-Nierstrass, em Haia, na
Holanda, e que durante uma das sessões que realizavam em sua casa, o médium se
levantou em transe e pôs-se ao piano.
Batidas ressoaram por todos os
lados, luzes adejavam no cômodo como borboletas... De repente, vozes de homens
e mulheres encheram o ambiente. Era um coro que cantava uma espécie de cântico,
Hosana e Glória a Deus, que foram ouvidos por todos. Ora era um coro, ora vozes
de mulheres, com o soprano dominando todo o canto.
A senhora Koning, que estava
sentada próxima ao médium, pôde constatar ainda que o médium em transe não
havia aberto a boca.
Dois dias depois, uma das
vizinhas disse à senhora:
— Ah! Madame, desfrutei do lindo concerto que houve uma
noite em sua casa; que músicos, e que belo coral fizeram-se ouvir!
Madame Koning perguntou:
— A senhora ouviu uma voz de cada vez ou um coro?
— Um coro, respondeu a senhora. Eu distinguia bem
distintamente o soprano. Quem é que cantava tão maravilhosamente?
Esse testemunho espontâneo
destruía qualquer hipótese de alucinação, explica Denis, analisando o fenômeno de rara beleza de
captação dos acordes celestes que a arte pode nos proporcionar. Destaca ainda
que em todos os graus da escala dos mundos e da hierarquia dos espíritos a
música ocupa lugar cativo nas manifestações que as almas prestam a Deus.
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