quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

ENGANO NA ESCOLHA[1]

 


Miramez

 

Até que chegue ao estado de perfeita pureza, o Espírito tem de passar constantemente por provas?

− Sim, mas elas não são como as entendeis. Chamais provas às tribulações materiais; ora, o Espírito, chegado a um certo grau, mesmo sem ser perfeito, não tem mais nada a sofrer. Mas tem sempre deveres que o ajudam a se aperfeiçoar, e que não são penosos para ele, a não ser os de ajudar os outros a se aperfeiçoarem.

Questão 269 / O Livro dos Espíritos

 

O Espírito pode perfeitamente se enganar na escolha da prova que queira experimentar na Terra. A sua percepção, não atingindo a realidade, leva-o a pensar que está sendo inteligente escolhendo provas de ociosidade, tendo, como no dizer popular, só "sombra e água fresca".

Quando volta ao mundo espiritual ele se arrepende, e deseja retornar com volume maior de obrigações e com provas duras, para compensar o tempo perdido, na ilusão que lhe enganava.

Ele pode, também, pedir provas além das suas forças e sucumbir no meio do caminho. Os extremos são perigosos, mesmo quando objetivamos o bem; tudo depende das forças da alma que já despertou, e os benfeitores espirituais deixam, em nome do Criador, que certas situações ocorram, quando isso serve de lições mais profundas ao Espírito, de maneira a se conscientizar da verdade. Até o próprio engano é lição, porque as consequências favorecerão ao Espírito a oportunidade de procurar os caminhos mais acertados.

Ninguém engana a Deus. As Suas leis são agentes de luz na disciplina das criaturas; compete a cada uma analisar e decidir-se a fazer a vontade do Senhor que vibra em tudo.

A Doutrina dos Espíritos, como bênção de Deus, ajuda os homens no labor de compreender, mesmo na Terra, certas leis que vigoram e os faz entender o que devem seguir, encontrando na caridade o mesmo amor que salva e que instrui, que aprimora e que eleva, que clareia a vida e que dá vida. É no sentido do bem para todos que pedimos aos nossos companheiros que não percam tempo.

Escutemos as conversações dos homens honrados, estejam eles onde estiverem. Quantos desses não estão no mundo com a missão de levantar o padrão moral das criaturas!? Registra-se esse fato em todo o mundo. Copiemos a vida dos grandes seres, que eles são rastros de luz a deixar herança para os que têm boa vontade no aprendizado.

Procuremos analisar as verdades que já nos foram apresentadas, que encontraremos caminhos iluminados por onde seguir, na marcha para Deus.

Os enganos são inúmeros na Terra, sendo sinal de volta dolorosa à mesma, com serviço dobrado e deveres multiplicados pela soma da ignorância. Comecemos agora a trabalhar o nosso interior. A cada passo que dermos, conscientes do nosso dever de esforçar para subir, as mãos de Deus auxiliar-nos-ão, com mais vigor, por termos aproximado delas, pela decisão de trabalhar em nosso bem e no bem comum.

Não nos esqueçamos da oração, que ela nos colocará em condições de fugir do engano, a dispensar-nos meios de compreender o valor do nosso próprio trabalho em nosso favor.

Analisemos o provérbio: Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará. Essa é uma grande verdade, que não deveria ser somente dita, mas vivida. Quem cultiva seu campo íntimo, caminhando lado a lado com Jesus, espalha sementes de luz no próprio caminho, e será clareado por ele, e nunca se enganará nas escolhas que pode fazer para a sua glória, rumo à glória de Deus.



[1] Filosofia Espírita – Volume 6 – João Nunes Maia

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