Leôncio Correia nasceu em 1 de
setembro de 1865, na cidade de Paranaguá, Rio de Janeiro. Filho de João
Ferreira Correia e Carolina Pereira Correia, ficou órfão aos seis anos, já que
seu pai faleceu, em 1865, aos 33 anos de idade. Logo acolhido pelos tios,
personagens célebres do campo político local e nacional, tendo tido como
patrono o Comendador Ildefonso Pereira Correia, principal empresário ervateiro
do estado (do Paraná) e irmão do Senador Correia, alto funcionário do Império e
com ampla inserção na Corte. Foi um advogado, escritor, jornalista e político
brasileiro.
Republicano histórico, tendo
tomado parte na campanha abolicionista, começou a sua vida pública muito moço,
no Paraná, seu Estado natal, onde se bateu pela implantação da República.
Leôncio Correia era um dos
poucos republicanos de 1889, por ocasião de sua morte.
Foi deputado estadual no Paraná,
de 1892 a 1897, deputado federal, diretor da Instrução Pública do Rio de
Janeiro, diretor do Colégio Pedro II (Internato), diretor da Imprensa Nacional,
diretor do Instituto de Educação do Rio de Janeiro.
Leôncio Correia foi o pioneiro
na homenagem ao Dia da Bandeira: em 1907, ainda diretor da Instrução Pública,
tornou obrigatória nas escolas primárias a Festa da Bandeira.
Durante muito tempo lecionou
História Universal na Escola Normal (hoje Instituto de Educação do Rio de
janeiro), da qual foi, mais tarde, Diretor.
Na política, na imprensa e na
tribuna, foi sempre um defensor das liberdades públicas. Era formado em
Direito, mas não abraçou a advocacia nem a magistratura.
Ao lado de Machado de Assis,
Olavo Bilac, Paula Ney e outras brilhantes figuras das letras, desenvolveu
grande atividades literárias.
Inegavelmente, sua carreira
literária é uma das mais fulgurantes e fecundas do Brasil.
Era membro da Academia
Paranaense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, da
Academia Carioca de Letras, da Federação das Academias de Letras, no Instituto
Brasileiro de Cultura, e outras instituições literárias.
Deixou diversos livros
publicados, dentre os quais estes: “Barão do Serro Azul”, “A Boêmia do Meu
Tempo (crônica)”, “Brasiliada (poema)”, “Evocações (crônicas)”, “Flauta de
Outono (poesia)”, “Panóplias (crônicas)”, “Perfis (sonetos)”, “A Verdade
Histórica sobre o 15 de Novembro”, “Meu Paraná (crônicas e versos)”, “Vultos e
Fatos do Império e da República (ensaio)”, “Parlendas e Palestras (discursos)”
etc.
Como parte das comemorações do
1º Centenário do Estado do Paraná, o Governador Bento Munhoz da Rocha mandou
editar as “Obras Completas” de Leôncio Correia, prefaciadas por nomes ilustres
da nossa literatura, como Rodrigo Otávio Filho, Andrade Muricy, Othon Costa
etc., todos a enaltecerem, sob vários aspectos, a fecunda existência daquele
paranaense inesquecível.
Cabe-nos, agora, tratar de
Leôncio Correia como espírita.
Em 1922 tomou parte no Congresso
Espírita realizado no Rio de Janeiro.
Pertenceu ao Conselho da
Associação Espírita Obreiros do Bem, foi presidente da Liga Espírita do Brasil
(atual Liga Espírita do Estado da Guanabara) no triênio 1939-1942.
No dia 15 de Novembro de 1939,
na Associação Brasileira de Imprensa, quando se comemorou o cinquentenário da
República Brasileira, Leôncio Correia ocupou a presidência de honra do 1º Congresso
Brasileiro de Jornalistas Espíritas.
Por ocasião do 90º aniversário
do poeta, Deolindo
Amorim revelou, do homem espírita, esta página do passado:
Estávamos no período crepuscular da ditadura. Não havia
liberdade de imprensa, liberdade crítica, nem mesmo liberdade religiosa, porque
as sociedades espíritas estavam sob fiscalização policial.
Leôncio Correia era o presidente da então Liga Espírita
do Brasil. Os diretores das sociedades espíritas eram obrigados a comparecer à
Polícia Central para serem fichados, porque o regime era de arrocho, todas as
formas de liberdade do pensamento estavam abafadas pela censura.
Pois bem, Leôncio Correia, já velho, com sua expressão
respeitável, não faltou ao cumprimento do dever, foi à repartição policial, e
lá deixou as suas impressões digitais, na qualidade de presidente da Liga
Espírita.
O funcionário da Polícia, um tanto espantado, exclamou,
com certo ar de estranheza:
− Dr. Leôncio, por aqui? ! ...
E Leôncio Correia, sem perder a sua serenidade
imperturbável, respondeu humildemente:
− Que vou fazer, meu amigo? São ordens...
No dia 19 de Junho de 1950, na cidade
do Rio de Janeiro, ocorreu a desencarnação do venerando confrade Dr. Leôncio
Correia, que fora presidente da Liga Espírita do Brasil, posteriormente Liga
Espírita do Estado da Guanabara.
A imprensa diária tratou
largamente da vida pública e literária do eminente brasileiro e primoroso
poeta, cuja existência tanto engrandeceu as letras nacionais.
Em sua homenagem, fundou-se na
rua Jardim Botânico o Instituto Leôncio Correia, conceituado estabelecimento de
ensino primário e admissão.
Além das fronteiras da Morte o
poeta continua, vez por outra, a nos deleitar com suas magníficas produções.
Uma delas está publicada no
“Parnaso de Além-Túmulo”, obra mediúnica de Francisco
Cândido Xavier.
Não vamos transcrevê-las todas.
Para encerrarmos esta singela
biografia do saudoso companheiro, cujo centenário de nascimento foi
festivamente lembrado, inclusive com a emissão, pelo D.C.T., de um selo comemorativo.
Permita-nos o leitor reproduzir
apenas um soneto do Espírito de Leôncio Correia, psicografado pelo referido
médium e que foi estampado, em 1955, nas páginas do “Reformador“:
RESURREIÇÃO
Triste viajante na floresta
escura,
Tateando na estrada erma e
sombria,
Alcancei a aflição do último
dia,
Esmagado na sombra da
amargura...
Mas, além do pavor da
sepultura,
Eis que a paz novamente a
graça da alegria,
E, ave exalçando a graça da
alegria,
Embriaga-me a luz vibrante e
pura!
Glória às dores da vida
transitória!...
Não traduzo o meu grito de
vitória,
Por mais que a minha fé se
estenda e brade;
Cego que torna a ver, além do
mundo,
Canto somente a luz de que me
inundo,
Nos caminhos de sol da
eternidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário