segunda-feira, 9 de outubro de 2023

LEÔNCIO CORREIA[1], [2]

 


 

Leôncio Correia nasceu em 1 de setembro de 1865, na cidade de Paranaguá, Rio de Janeiro. Filho de João Ferreira Correia e Carolina Pereira Correia, ficou órfão aos seis anos, já que seu pai faleceu, em 1865, aos 33 anos de idade. Logo acolhido pelos tios, personagens célebres do campo político local e nacional, tendo tido como patrono o Comendador Ildefonso Pereira Correia, principal empresário ervateiro do estado (do Paraná) e irmão do Senador Correia, alto funcionário do Império e com ampla inserção na Corte. Foi um advogado, escritor, jornalista e político brasileiro.

Republicano histórico, tendo tomado parte na campanha abolicionista, começou a sua vida pública muito moço, no Paraná, seu Estado natal, onde se bateu pela implantação da República.

Leôncio Correia era um dos poucos republicanos de 1889, por ocasião de sua morte.

Foi deputado estadual no Paraná, de 1892 a 1897, deputado federal, diretor da Instrução Pública do Rio de Janeiro, diretor do Colégio Pedro II (Internato), diretor da Imprensa Nacional, diretor do Instituto de Educação do Rio de Janeiro.

Leôncio Correia foi o pioneiro na homenagem ao Dia da Bandeira: em 1907, ainda diretor da Instrução Pública, tornou obrigatória nas escolas primárias a Festa da Bandeira.

Durante muito tempo lecionou História Universal na Escola Normal (hoje Instituto de Educação do Rio de janeiro), da qual foi, mais tarde, Diretor.

Na política, na imprensa e na tribuna, foi sempre um defensor das liberdades públicas. Era formado em Direito, mas não abraçou a advocacia nem a magistratura.

Ao lado de Machado de Assis, Olavo Bilac, Paula Ney e outras brilhantes figuras das letras, desenvolveu grande atividades literárias.

Inegavelmente, sua carreira literária é uma das mais fulgurantes e fecundas do Brasil.

Era membro da Academia Paranaense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, da Academia Carioca de Letras, da Federação das Academias de Letras, no Instituto Brasileiro de Cultura, e outras instituições literárias.

Deixou diversos livros publicados, dentre os quais estes: “Barão do Serro Azul”, “A Boêmia do Meu Tempo (crônica)”, “Brasiliada (poema)”, “Evocações (crônicas)”, “Flauta de Outono (poesia)”, “Panóplias (crônicas)”, “Perfis (sonetos)”, “A Verdade Histórica sobre o 15 de Novembro”, “Meu Paraná (crônicas e versos)”, “Vultos e Fatos do Império e da República (ensaio)”, “Parlendas e Palestras (discursos)” etc.

Como parte das comemorações do 1º Centenário do Estado do Paraná, o Governador Bento Munhoz da Rocha mandou editar as “Obras Completas” de Leôncio Correia, prefaciadas por nomes ilustres da nossa literatura, como Rodrigo Otávio Filho, Andrade Muricy, Othon Costa etc., todos a enaltecerem, sob vários aspectos, a fecunda existência daquele paranaense inesquecível.

Cabe-nos, agora, tratar de Leôncio Correia como espírita.

Em 1922 tomou parte no Congresso Espírita realizado no Rio de Janeiro.

Pertenceu ao Conselho da Associação Espírita Obreiros do Bem, foi presidente da Liga Espírita do Brasil (atual Liga Espírita do Estado da Guanabara) no triênio 1939-1942.

No dia 15 de Novembro de 1939, na Associação Brasileira de Imprensa, quando se comemorou o cinquentenário da República Brasileira, Leôncio Correia ocupou a presidência de honra do 1º Congresso Brasileiro de Jornalistas Espíritas.

Por ocasião do 90º aniversário do poeta, Deolindo Amorim revelou, do homem espírita, esta página do passado:

Estávamos no período crepuscular da ditadura. Não havia liberdade de imprensa, liberdade crítica, nem mesmo liberdade religiosa, porque as sociedades espíritas estavam sob fiscalização policial.

Leôncio Correia era o presidente da então Liga Espírita do Brasil. Os diretores das sociedades espíritas eram obrigados a comparecer à Polícia Central para serem fichados, porque o regime era de arrocho, todas as formas de liberdade do pensamento estavam abafadas pela censura.

Pois bem, Leôncio Correia, já velho, com sua expressão respeitável, não faltou ao cumprimento do dever, foi à repartição policial, e lá deixou as suas impressões digitais, na qualidade de presidente da Liga Espírita.

O funcionário da Polícia, um tanto espantado, exclamou, com certo ar de estranheza:

− Dr. Leôncio, por aqui? ! ...

E Leôncio Correia, sem perder a sua serenidade imperturbável, respondeu humildemente:

− Que vou fazer, meu amigo? São ordens...

 

No dia 19 de Junho de 1950, na cidade do Rio de Janeiro, ocorreu a desencarnação do venerando confrade Dr. Leôncio Correia, que fora presidente da Liga Espírita do Brasil, posteriormente Liga Espírita do Estado da Guanabara.

A imprensa diária tratou largamente da vida pública e literária do eminente brasileiro e primoroso poeta, cuja existência tanto engrandeceu as letras nacionais.

Em sua homenagem, fundou-se na rua Jardim Botânico o Instituto Leôncio Correia, conceituado estabelecimento de ensino primário e admissão.

Além das fronteiras da Morte o poeta continua, vez por outra, a nos deleitar com suas magníficas produções.

Uma delas está publicada no “Parnaso de Além-Túmulo”, obra mediúnica de Francisco Cândido Xavier.

Não vamos transcrevê-las todas.

Para encerrarmos esta singela biografia do saudoso companheiro, cujo centenário de nascimento foi festivamente lembrado, inclusive com a emissão, pelo D.C.T., de um selo comemorativo.

Permita-nos o leitor reproduzir apenas um soneto do Espírito de Leôncio Correia, psicografado pelo referido médium e que foi estampado, em 1955, nas páginas do “Reformador“:

 

RESURREIÇÃO

Triste viajante na floresta escura,

Tateando na estrada erma e sombria,

Alcancei a aflição do último dia,

Esmagado na sombra da amargura...

Mas, além do pavor da sepultura,

Eis que a paz novamente a graça da alegria,

E, ave exalçando a graça da alegria,

Embriaga-me a luz vibrante e pura!

Glória às dores da vida transitória!...

Não traduzo o meu grito de vitória,

Por mais que a minha fé se estenda e brade;

Cego que torna a ver, além do mundo,

Canto somente a luz de que me inundo,

Nos caminhos de sol da eternidade.

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