quinta-feira, 5 de outubro de 2023

DEDICAÇÃO[1]

 


Miramez

 

O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu nascimento?

− Desde o nascimento até à morte, e frequentemente o segue depois da morte, na vida espírita, e mesmo através de numerosas existências corpóreas, porque essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.

Questão 492/O Livro dos Espíritos

 

O Espírito protetor, ou anjo-guardião, tem uma dedicação extremosa para com aquele que é seu protegido. Conhece-lhe as dificuldades e sabe muito bem das suas fraquezas; sente como pai as suas necessidades, mesmo as físicas, e sabe, como protetor, tolerar suas deficiências; no entanto, ele não perde oportunidade de o aconselhar, como se fosse a consciência, para melhorar cada vez mais sua conduta espiritual ante a vida.

Dedicação não quer dizer apoio em tudo. A paternidade espiritual é porta para a escola, onde o aprendiz é envolvido na fraternidade, mas, quando preciso, recebe a energia que educa. O protetor está mais ocupado com o seu protegido em educá-lo, porque a instrução vem como consequência espiritual, O educado sempre procura a instrução, como sendo o conforto e a luz do seu caminho.

O Espírito protetor acompanha seu tutelado desde o nascimento até a desencarnação e, em muitos casos, continua acompanhando-o no mundo dos Espíritos. Há muitos casos em que o Espírito guardião serve de amparo ao seu protegido por muitas reencarnações, e sente no coração a glória das suas vitórias. Ele abraça seu protegido e lhe infunde energias que o amor fornece, como sendo a vitória de Jesus reunindo ovelhas para o grande rebanho da fraternidade.

Há casos, ainda que raros, em que o anjo-guardião toma um corpo físico para ser mãe ou pai do seu tutelado, para lhe levantar o ânimo nas lutas indispensáveis e nas provas por que deve passar, colocando outro em seu lugar, no mundo espiritual, trabalhando em conjunto para a salvação do seu filho do coração. É a renúncia que salva, é a caridade verdadeira vestindo-se de carne, no sentido de ambientar seu tutelado no bem que nunca morre, em nome d’Aquele que é a Luz do mundo.

Quando o tutelado reconhece o esforço grandioso do seu protetor para o encaminhar no bem, chora no seu calor de pai, e faz todos os esforços para corresponder ao amor que recebe do coração que o ama sem exigir. Quando o apóstolo João fala que Deus é amor, compreendemos de imediato a essência dessa virtude sem par, e se nós já sentimos alguma coisa dessa virtude, devemos trabalhar para purificá-la cada vez mais, em todos os sentidos.

A vida, sendo lei de Deus, que verte d’Ele, não exige que despertemos de imediato para o amor na pureza total que somente os Espíritos puros podem viver, mas, nos mostra que podemos nos esforçar todos os dias para melhorar, elevando o nosso amor em direção às culminâncias da própria vida em Cristo.

Se alguém dedica o tempo para nos ajudar, porque não fazermos o mesmo, ajudando aos que se encontram na nossa retaguarda? Façamos o mesmo; doemos o que recebemos por amor, ajudemos a alguém a compreender melhor a paternidade universal, a amar a Jesus, a procurar entender a caridade, sem esquecer o perdão. Se somos rodeados por vários Espíritos de luz, eles ficarão alegres com esse trabalho, e são testemunhas de que estamos nos esforçando em procura da luz. Dá o primeiro passo na descoberta de ti mesmo, que a ajuda não tardará, vinda de todos os lados. Dedica-te ao bem, que a dedicação do Bem Maior virá em tua procura; tal é a lei.



[1] Filosofia Espírita – Volume 10 – João Nunes Maia

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