sábado, 23 de setembro de 2023

A HISTÓRIA DA CHAVE[1]

 

 Ramiro Gama

 

Com a saída do chefe da casa e dos filhos mais velhos para o trabalho e com a ausência das crianças na escola, Dona Cidália era obrigada, por vezes, a deixar a casa, a sós, porque devia buscar lenha, à distância.

 Aí começou uma dificuldade.

 Certa vizinha, vendo a casa fechada, ia ao quintal e colhia as verduras.

A madrasta bondosa preocupou-se.

Sem verduras não haveria dinheiro para o serviço escolar.

Dona Cidália observou... Observou...

E ficou sabendo que lhes subtraía os recursos da horta; entretanto, repugnava-lhe a idéia de ofender uma pessoa amiga por causa de repolhos e alfaces.

Chamou, então, o Chico e lembrou.

— Meu filho, você diz que, às vezes, encontra o Espírito de Dona Maria.

Peça-lhe um conselho. Nossa horta está desaparecendo e, sem ela, como sustentar o serviço da escola?

Chico procurou o quintal à tardinha e rezou e, como das outras vezes, a mãezinha apareceu.

O menino contou-lhe o que se passava e pediu-lhe socorro.

D. Maria então lhe disse:

— Você diga à Cidália que realmente não devemos brigar com os vizinhos que são sempre pessoas de quem necessitamos. Será então aconselhável que ela dê a chave da casa à amiga que vem talando a horta, sempre que precise ausentar-se, porque, desse modo a vizinha, ao invés de prejudicar os legumes, nos ajudará a tomar conta deles.

Dona Cidália achou o conselho excelente e cumpriu a determinação.

Foi assim que a vizinha não mais tocou nas hortaliças, porque passou a responsabilizar-se pela casa inteira.



[1] Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama

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