Ramiro Gama
Com a saída do chefe da casa e
dos filhos mais velhos para o trabalho e com a ausência das crianças na escola,
Dona Cidália era obrigada, por vezes, a deixar a casa, a sós, porque devia
buscar lenha, à distância.
Aí começou uma dificuldade.
A madrasta bondosa preocupou-se.
Sem verduras não haveria
dinheiro para o serviço escolar.
Dona Cidália observou...
Observou...
E ficou sabendo que lhes
subtraía os recursos da horta; entretanto, repugnava-lhe a idéia de ofender uma
pessoa amiga por causa de repolhos e alfaces.
Chamou, então, o Chico e
lembrou.
— Meu filho, você diz que, às
vezes, encontra o Espírito de Dona Maria.
Peça-lhe um conselho. Nossa
horta está desaparecendo e, sem ela, como sustentar o serviço da escola?
Chico procurou o quintal à
tardinha e rezou e, como das outras vezes, a mãezinha apareceu.
O menino contou-lhe o que se
passava e pediu-lhe socorro.
D. Maria então lhe disse:
— Você diga à Cidália que realmente não devemos brigar
com os vizinhos que são sempre pessoas de quem necessitamos. Será então
aconselhável que ela dê a chave da casa à amiga que vem talando a horta, sempre
que precise ausentar-se, porque, desse modo a vizinha, ao invés de prejudicar
os legumes, nos ajudará a tomar conta deles.
Dona Cidália achou o conselho
excelente e cumpriu a determinação.
Foi assim que a vizinha não mais
tocou nas hortaliças, porque passou a responsabilizar-se pela casa inteira.
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