Miramez
Como pode o homem conhecer o limite do necessário?
Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos
só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa.
Questão 7l5/O Livro dos Espíritos
Conhecer os limites do
necessário, abandonando o supérfluo, demanda tempo e espaço nos caminhos
percorridos. O homem a quem falta experiência, como pode conhecer?
O Espírito mais ignorante
precisa de experiências aliadas com a boa vontade para deduzir o que deve ser
feito e os limites do que lhe convém. Entretanto, o Espírito mais evoluído
conhece seus limites por intuição; já guarda na consciência todos os direitos e
deveres nos seus caminhos a percorrer.
A vida escreve para as almas e
ensina para todos os planos o modo pelo qual se pode e deve viver melhor. A
Doutrina dos Espíritos vem, através dos seus inúmeros conceitos, para os homens
reconhecerem a ponderação e seu valor, e nesse esforço para acertar, a intuição
desabrocha pelos canais dos seus dons, indicando-Ihes pelos sentimentos o que
devem fazer ou deixar de fazer.
A força poderosa que alinha as
criaturas para o equilíbrio é o tempo; ele é luz do progresso para todos os
Espíritos, porém, cabe a todos estimular seus dons espirituais e capacitar-se
naquilo que for da sua ordem fazer. Deus nos deixou a nossa parte, e somente
nós mesmos poderemos realizá-la. Convém ao homem estudar, meditar e trabalhar
sem esquecer o exemplo de Jesus. O Mestre dos mestres é o inspirador divino
para todas as criaturas do Seu rebanho de amor.
Lembremos o escrito de João,
onde Jesus fala, nestes termos, anotados no capítulo nove, versículo cinco:
Enquanto
estou no mundo, sou a luz do mundo.
Enquanto Jesus Cristo está no
mundo da consciência do discípulo, Ele é a luz da alma. Necessário se faz que
despertemos o Cristo em nós e asseguremos este estado d'alma permanentemente na
nossa intimidade, tendo a luz do mundo irradiando a felicidade pó coração e
para os corações.
Busquemos, pois, a harmonia, porque
ela nos garante o equilíbrio da vida, não nos deixando passar dos limites
daquilo que devemos usar. O desperdício é falta grave que a natureza registra e
depois nos cobra, porque ela é justiça em nossas vidas.
O mundo se encontra em
desequilíbrio em todas as áreas e o fator principal é o supérfluo. Muitos
sentem prazer no desperdício; enquanto muitos vivem dentro do supérfluo, outros
passam necessidades daquilo que alguns deixam de usar, mas que retêm por
vaidade e usura.
A natureza pode nos cobrar o que
não deixamos os outros usarem e a dor pode ser a mensageira da justiça, indo ao
nosso encontro. Procuremos na oração pedir a Deus para nos inspirar, no que
deve ser feito, porque tudo é de Deus. O que usamos é puramente empréstimo, do
qual, a qualquer hora, podem ser pedidas as contas.
O melhor para as almas, em todos
os planos de vida, é compreender as leis de Deus na sua essência. O desrespeito
à vontade divina nos faz sofrer as consequências. Apeguemo-nos à ponderação,
que ela nos levará ao conhecimento mais depressa.
Todo exagero traz consigo
sofrimentos, e o "conhece-te a ti mesmo" é o melhor para o Espírito
saber usar os bens da vida, vivendo em paz consigo mesmo. Isso é amor, que tem
o poder de desdobrar-se em variados caminhos para educar e instruir os filhos
de Deus. O supérfluo é o grande desastre de todas as sociedades do mundo atual.
Ele esconde o pão, a veste e o teto do carente e acumula onde não se precisa
mais. Isso se chama egoísmo e orgulho, a dupla responsável pela miséria em
todas as nações conhecidas.
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