quinta-feira, 29 de setembro de 2022

PREDISPOSIÇÕES INSTINTIVAS[1]

 

Makiko Kimura - HUMAN INSTINCT

Miramez

 

As predisposições instintivas que o homem traz ao nascer não são um obstáculo ao exercício do seu livre arbítrio?

− As predisposições instintivas são as do Espírito antes da encarnação; conforme for ele mais ou menos adiantado, elas podem impeli-lo a atos repreensíveis, no que ele será secundado por Espíritos que simpatizem com essas disposições; mas não há arrastamento irresistível, quando se tem a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.

Questão 845/O Livro dos Espíritas

 

As predisposições instintivas do Espírito, quando toma um corpo físico, são as qualidades boas ou más do Espírito. Vivendo com essa alma, podemos reconhecer a sua estrutura espiritual.

Quando se fala que o ambiente em que o homem vive o influencia, trata-se de uma parcela diminuta, por vezes nada. Quando o Espírito tem sua evolução voltada para o bem, dá-se o contrário: quanto mais instigada para o mal, mais faz o bem, por já ter se conscientizado dos frutos que o amor produz.

O Espírito recebe o corpo que merece e ele se organiza de acordo com a estrutura do ser espiritual que nele vai reencarnar. Se atiramos um diamante no lamaçal, ele não deixa de ser diamante; logo que for dali retirado, mostrará o seu brilho e consistência.

A vida na Terra é como que uma escola permanente, onde a alma aprende, passo a passo, as primeiras letras do abecedário espiritual, na vivência. Os últimos toques de libertação são, pois, nos liames da carne, provando suas qualidades para novas caminhadas que a gradação das revelações irá mostrando aos que nela se encontram aprendendo.

O Espírito mais adiantado, onde quer que esteja, mostra a sua elevação espiritual. A verdade é para ser conhecida por todos os seres. Deus não tem privilegiados. As próprias entidades angelicais já passaram pelos caminhos que os homens estão trilhando. Esta verdade pode nos dar mais esperança e animar-nos cada vez mais nas lutas da carne.

Quando as paixões inferiores arrastam os homens para determinadas práticas repreensíveis, é porque são Espíritos ainda ligados a elas por natureza íntima. Não podemos culpar as almas desencarnadas que têm as mesmas paixões, porque elas se aproximam das criaturas por afinidade de pensamentos e obras, nas mesmas faixas de vida. Não há invasão do domicílio da alma, sem convite. Quando observamos almas unidas, é pela força da simpatia. Os iguais se congregam no mesmo clima que respiram; isso é a justiça em plena coerência com os princípios elaborados por Deus, de que somente recebemos o que merecemos. Não há arrastamento irresistível de alma para alma.

O que buscamos pelos processos da vida, encontramos pelos processos da justiça de Deus. É o "pedi e obtereis", é o "batei e abrir-se-vos-á". A nossa predisposição é, pois, condicionamento de vidas e mais vidas que tivemos, alimentando ideias e acumulando forças, por vezes negativas, que sobem à mente. Daí, lhe darmos o nome de predisposição instintiva, que a mente positiva recebe do centro da consciência e transforma em atos, até que o Espírito descubra a fonte dos seus sofrimentos e passe a se corrigir, certo de que o Cristo constitui força indispensável, que oferece os meios de combater esses miasmas que turvam a alma e a cega.

A Doutrina Espírita é o Cristo de volta, como o fez no terceiro dia após o drama do Calvário, de modo que os Seus braços de luz possam alcançar a humanidade inteira.

As religiões do passado são como diz Paulo aos Romanos, no capítulo dois, versículo vinte e três:

Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?

As velhas religiões que se esqueceram da verdade, glorificam a lei e pregam, de certo modo, as leis de Deus, mas esquecem de praticá-las no dia-a-dia, desonrando a Deus pela vivência.

Mas, Deus e Jesus mostram a elas por meios variáveis que já é época de viver o que se prega, sendo o exemplo a luz da palavra. Agora, com o despertamento mesmo parcial das criaturas, podemos dizer que querer é poder. Querendo, poderemos alcançar o entendimento, que Jesus nos trouxe pela vontade de Deus.



[1] Filosofia Espírita – Volume 17 – João Nunes Maia

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