Orleide Félix de Matos – agosto,28, 2022
“O Espiritismo não é para quem
quer, é para quem aguenta”, “o Espiritismo não obriga ninguém a nada”, diz Raul
Teixeira[2].
O Espiritismo dá a consciência
do que deve ou não deve ser feito, esclarecendo sobre a responsabilidade dos
atos, das escolhas feitas. Isso traz o que talvez pudéssemos denominar ou
comparar com o jugo leve dito por Jesus com relação ao Evangelho.
Através desse ensinamento quem
“aguenta” seguir o Espiritismo faz uma autoanálise de seus atos, de suas
preferências, sentindo a necessidade da autorrenovação. E essa consciência da
necessidade da autorrenovação seria como que o jugo leve do Espiritismo. A pessoa que compreende a necessidade da
renovação interior faz o que talvez pudéssemos chamar de autocobrança, ou como
melhor diz Raul: “o Espiritismo exige autodisciplina, autogoverno”. A
consciência adquirida leva à autorrenovação, à reforma íntima e quando se tem
alguma atitude de “homem velho” vem o sentimento de pesar por ter tomado o
caminho errado. O Espiritismo não obriga ninguém a nada, como diz Raul, mas
leva ao melhoramento interior pela renovação de pensamentos e atos.
Costumes arraigados são difíceis
de ser removidos ou transformados. Daí a necessidade da constância no esforço
de melhoria, da disciplina e do estudo. E a paciência que cada um deve ter
consigo na separação do joio e do trigo interiores.
Diz ainda Raul que cada um segue
o que melhor lhe convém. Por isso
existem várias religiões para que cada um se adapte àquela que responde melhor
às suas necessidades.
O Espiritismo baseia-se no
estudo para a melhor compreensão do Evangelho e dos motivos das lutas do dia a
dia, não prometendo a salvação, que é tarefa de cada criatura, tendo Jesus como
modelo e guia. Nem Ele prometeu a salvação, quando disse ser o caminho, a
verdade e a vida. Ele trouxe a diretriz do Evangelho para que fosse
compreendido e praticado.
Foi publicado neste site um
artigo de nossa autoria denominado Misturando Nutrição com Espiritismo, onde
fizemos uma comparação da necessidade da mudança de hábitos alimentares para a
perda de peso como a reforma íntima ensinada pela doutrina espírita. Ambos exigem disciplina e por isso é tão difícil
perder peso quanto praticar a reforma íntima. E como dissemos no artigo
referido, a mudança de hábitos alimentares é reforma íntima na alimentação.
Paulo disse em sua epístola aos
Efésios que a salvação vem pela fé (Efésios 2:8-9) e não pelas obras, para que
ninguém se glorie. Porém, nesse caso as obras são inúteis e imperfeitas, já que
somos imperfeitos e basta-nos ter fé. Se
assim fosse, não teria sentido Jesus ensinar o amor ao próximo, a caridade e o
perdão. E ao mesmo tempo Jesus disse que a cada um será dado conforme suas
obras, ou seja, devemos amar, fazer o bem, perdoar 70 vezes 7 vezes para que
nossos atos nos tragam a salvação da qual tanto se fala em outras religiões. Se
bastasse a fé somente o caminho seria bem mais fácil, mas sem responsabilidade.
Vemos, assim, que todo
crescimento está vinculado à mudança interior e daí a paciência conosco mesmos,
sem tortura, respeitando nossos limites, mas sem deixar de praticar o esforço
para que a transformação ocorra.
Daí, é muito mais fácil
acreditar que a salvação vem pela fé e não pelas obras e pelo esforço da
mudança interior. O Espiritismo tem a visão mais aberta e aclarada, dando a
cada um a responsabilidade da autorrenovação e da própria salvação. Então,
Espiritismo não é para quem quer, mas para quem aguenta.
[1] https://agendaespiritabrasil.com.br/2022/08/28/o-espiritismo-nao-e-para-quem-quer-e-para-quem-aguenta/
[2] Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=saEy1rK5zVI&t=50s . Acesso em 28/08/2022.
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