Miramez
Chega um momento em que o Espírito não tem mais
necessidade do anjo da guarda?
− Sim, quando se torna capaz
de guiar-se por si mesmo, como chega um momento em que o estudante não mais
precisa de mestre. Mas isso não acontece na Terra.
Questão 500/O Livro dos Espíritos
Todos somos dependentes, de
certa maneira, uns dos outros, em quase todas as circunstâncias da vida. Mas,
de acordo com crescimento da alma, vamos nos libertando paulatinamente,
passando a conhecer a verdade, como diz o Cristo, e tornando-nos livres. No entanto,
essa liberdade é relativa em todas as direções da vida.
O aluno precisa de mestre até
certo nível de escolaridade; depois vai se libertando e passando de discípulo a
instrutor e nessa subida vai ganhando a libertação que lhe dá consciência do que
deve fazer.
Em relação aos tutelados na
Terra, eles são dependentes de seus anjos-guardiães, por precisarem de seus
conselhos, da sua companhia. Os que vivem na Terra prescindem de companhias
mais elevadas que possam sustentar suas boas ideias, guiá-los e mostrar-lhes os
caminhos verdadeiros da libertação espiritual. Os que vivem revestidos da carne
estão presos a ela e são dependentes de outras inteligências. Por vezes, se
encontram presos igualmente ao comando das trevas, com cujos pensamentos se
identificam.
Sintonia é uma coisa séria em
toda a vida; os iguais se reúnem por lei da justiça.
Compreendamos, pois, que Deus é
bondade. Ele dá o que o filho pede pela vida que leva, pelo que pensa e fala.
Se queres uma vida melhor exteriormente, começa a viver melhor internamente.
Procura viver todos os aspectos do amor, porque ele se encontra no comando de
todas as virtudes, ajustado na intimidade da própria vida. Fomos feitos na
maior função da harmonia; quando compreendermos que ela nos leva à paz,
passaremos a procurá-la em todas as suas dimensões. Ela é Deus procurando-nos,
doando e servindo-nos de amparo em todas as nossas necessidades.
Quanto mais o Espírito sobe,
mais se liberta da proteção dos benfeitores espirituais, porque vai aprendendo
a caminhar sozinho; entretanto, nunca nos libertamos da dependência de Deus.
Os encarnados, além da
dependência de muitas guapiras[2]
espirituais promissoras, dependem de muitas coisas materiais para viverem, e é
bom que façam uso na orientação do bom senso.
Não deves esquecer a oração,
pois ela nos induz, encarnados e fora da carne, à mais alta inspiração, desde
quando seja feita com amor e carinho, humildade e entendimento.
Tem amor para com todos que te cercam
e para com tudo com que convives, porque dependes, para viver, de tudo que vem
ao teu encontro e, às vezes, daquilo que não podes perceber. Deves desejar a
liberdade, entrementes, não podes esquecer que toda liberdade requer deveres,
por vezes muito grandes, no sentido de que apareça o equilíbrio que gera alegria
e paz de consciência. A liberdade mais acentuada somente existe em mundos elevados,
onde a lei maior é o amor, e todos que ali vivem amam na profundidade deste sentimento.
A libertação dos Espíritos tem
uma gradação infinita; os poderes da alma começam a crescer com a maturidade da
mesma, e se estendem de maneira que o próprio raciocínio não é capaz de
avaliar. Deves começar hoje mesmo a pensar e a trabalhar para a tua liberdade.
É uma luta demorada, mas quem não começa nunca realiza o que deseja.
Descansemos os nossos
anjos-guardiães pelo menos por um pouco, não criando problemas, evitando
escândalos, gravando as leis do entendimento e trabalhando na disciplina dos
nossos instintos, que Deus não esquece de nos amparar em todos os nossos
impulsos de amor.
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