Marco Milani[2]
A utilização de ferramentas de
comunicação à distância ganhou um enorme impulso com as restrições de
deslocamento provocadas pela pandemia da Covid-19 e, desde então, alterou os
hábitos de milhões de pessoas que antes necessitavam visitar um centro espírita
para participar de atividades tipicamente presenciais, como palestras,
entrevistas, estudos e outras ações com temáticas doutrinárias. Ao serem
oferecidos à distância, ampliou-se o público usuário desses serviços,
sinalizando uma ótima oportunidade para a apresentação e compreensão dos
princípios e valores espíritas.
Diante dos novos canais de
interação, a própria divulgação dos eventos espíritas redimensionou-se,
ganhando espaço no ambiente virtual das redes sociais. Diversas instituições
investiram na constituição e desenvolvimento de páginas eletrônicas e grupos
virtuais para atender esse tipo de demanda.
Diferentemente de propagandas e
anúncios não solicitados que invadem caixas postais eletrônicas, conhecidos
como “spams”, o compartilhamento da maioria dos cartazes de atividades com
temática espírita é sempre bem-vindo nas redes sociais direcionadas aos adeptos
e simpatizantes. Afinal, acaba sendo uma prestação de serviço, já que eventos
espíritas tendem a oferecer momentos de nobres reflexões e práticas
edificantes, sendo iniciativas que devem ser divulgadas.
O lado bom da nova realidade
Um interessante fenômeno também
passou a ocorrer diante da farta produção de eventos à distância, os quais não
se limitam mais aos tradicionais frequentadores dos salões e auditórios dos
centros espíritas e respectivas regiões, mas voltam-se a quem se deparar com as
respectivas peças de divulgação nas redes sociais. Como ocorrem vários eventos
no mesmo dia e horário, os participantes dos grupos virtuais podem escolher
qual deles assistir, ao vivo ou gravado.
Dirigentes e divulgadores
espíritas sensatos sabem que essa concorrência é esperada e perfeitamente
normal em um ambiente com várias possibilidades de interação à distância, além
de que cada evento tende a atrair um público com perfil específico, conforme as
características do conteúdo e as condições de participação para cada um deles.
Compreensível a preocupação em
tornar a arte de cartazes e outras peças de divulgação mais técnicas e
profissionalizadas, favorecendo a comunicação. Certamente, um material bem
elaborado reúne mais condições de atingir o seu objetivo informacional, mas não
quer dizer que cartazes mais rudimentares não cumpram o seu papel.
Alerta para o bom-senso
Entretanto, alguns divulgadores,
ao encararem a existência de eventos concorrentes como uma competição de
mercado, não limitam-se a aperfeiçoar a arte de cartazes e a utilizar mais
canais para a devida comunicação eletrônica. Creem que a quantidade de
inserções do material de divulgação, ainda que seja no mesmo canal ou grupo de
rede social, seja um diferencial para obter vantagem competitiva. Ao fazerem
isso, correm o evidente risco de saturarem o usuário dessas redes sociais e gerarem
o efeito inverso, criando resistência ao divulgador.
Há casos de indivíduos, bastante
motivados para a obtenção de visibilidade, publicarem diariamente eventos
semelhantes ou iguais, consumindo inadvertidamente o precioso tempo e contando
com a serenidade dos participantes desse canal de comunicação.
Logicamente, o ambiente virtual
pode (e deve) possuir regras e diretrizes de publicações que evitariam tal
abuso, mas isso é de responsabilidade dos administradores das páginas e grupos.
[2] Diretor do departamento de doutrina da USE- SP.
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