Miramez
Certas pessoas escapam a um perigo mortal para cair em
outro; parece que não podem escapar à morte. Não há nisso fatalidade?
− Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o
instante da morte. Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não
podeis furtar-vos.
Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, não
morreremos se a nossa hora não chegou?
− Não, não morrerás, e tens disso milhares de exemplos.
Mas quando chegar a tua hora de partir, nada te livrará. Deus sabe com
antecedência qual o gênero de morte por que partirás daqui, e frequentemente
teu Espírito também o sabe, pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha
desta ou daquela existência.
Questão 853/O Livro dos Espíritos
Somente a morte é fatal, nos
campos de lutas das formas. Tudo se transforma em todos os segmentos da
matéria. As mutações são fatais, no entanto, os momentos de mudanças, em certos
casos não o são. Por que os animais da mesma espécie não têm o mesmo período de
vida? Por que as árvores da mesma família não têm durabilidade igual? Assim é,
também, com os homens.
A fatalidade, principalmente na
raça humana, pode sofrer mudanças; depende muito do que as criaturas estão
fazendo da vida, do comportamento e da compreensão, bem como do cuidado que
podem ter com seu corpo e com sua missão. O esforço próprio é de grande valia
em muitos casos, contudo, por vezes o próprio Espírito é que não deseja o
prolongamento de sua vida na Terra, pedindo que cumpra apenas o compromisso
assumido, no mundo espiritual, antes de tomar a forma corpórea.
Certos aspectos da vida
espiritual requerem muito estudo, meditação e trabalho no bem comum. Nesse
ambiente de amor, poderás compreender melhor a função das leis de Deus nos destinos
humanos. O Espírito avança na perfeição de tal modo que ele domina a própria
vida, por ter liberdade para isso. Lázaro, não fosse o poder de Jesus, ficaria
no túmulo. Jesus, que dizia ser a vida, fê-lo levantar, recompôs toda a sua
organização biológica e ele se levantou, vivendo muito tempo. Por isso é que
dizemos que a morte é fatal, porque Lázaro tornou a adoecer e morreu, mas não
daquela vez.
A fatalidade pode transformar-se
em vida, dependendo da vontade d'Aquele que criou a vida.
Diante de Deus tudo muda com a
Sua magnânima vontade. Vejamos o que João nos diz, no capítulo sete, versículo
quinze, assim se expressando: Então os Judeus se maravilhavam e diziam:
Como sabe estas letras,
sem ter estudado?
Jesus não estudou entre os
homens, desta vez em que veio como Salvador da humanidade. O que se ensinava na
Terra, para Ele já não serviria, pois, já conhecia a ciência universal, e mesmo
estando na carne ele não esqueceu o grande saber que possui. Não existia
fatalismo no tocante a Jesus, porque Ele dominava tudo pelos Seus poderes:
levantava os caídos, curava enfermos, mesmo desenganados, cegos de nascença e,
ainda mais, restituía a vida física aos que já se encontravam mortos.
Fatalidade total é para a
ignorância em todos os seus aspectos. Para Deus não há segredos; tudo Ele sabe,
antes e depois, por ter onisciência e ser onipresente em todos os sentidos.
Os espíritas de todos os níveis
devem estudar com mais profundidade as leis de Deus, meditarem sempre nelas e
esperar trabalhando no bem, para que esse mesmo Deus lhes revele a verdade, que
nunca deixa de ser gradativa.
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