Faustino
Monteiro Esposel, nasceu na rua dos Araújos nº 10, bairro do Engenho Velho,
cidade do Rio de Janeiro (registro 14º 69), em 10 de agosto de 1888.
Era filho de João Paiva dos
Anjos Esposel e de Maria Joaquina Monteiro. Eram avós paternos de Faustino
Esposel: José Maria dos Anjos Esposel e Margarida Maria; e avós maternos:
Isidro Borges Monteiro (desembargador) e Paulina Luísa de Jesus.
Faustino Esposel casou com
Odette Portugal Esposel, conhecida por Detinha. Era filha do médico José
Teixeira Portugal, nascido em 1874 e desencarnado em 1927. Ela nasceu em 6 de
junho de 1900 e desencarnou em 5 de fevereiro de 1978.
Fez os estudos primários na
Escola Alemã, conhecia profundamente o idioma germânico, cursou durante alguns
anos o externato Mosteiro de São Bento.
Faustino Esposel era católico.
Militou na União Católica Brasileira. Foi congregado mariano. Comungava com frequência,
o que era hábito da maioria religiosa daquela época. Tinha ficha de cadeira
cativa do Clube de Regatas do Flamengo, dos anos de 1925 a 1930. Foi presidente
do clube no biênio 1920-1922, depois de 1924 a 1927.
Entusiasta dos esportes e da
educação física, que sempre cultivou, pertenceu a muitas associações esportivas
em que exerceu cargos técnicos e administrativos e de que foi presidente por
diversas vezes, como a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos e a
Federação Brasileira de Desportes.
Formou-se em 1910 em farmácia e
em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde defendeu tese
sobre "Arteriosclerose cerebral", em que recebeu a nota de distinção.
Durante o curso acadêmico, foi adido dos serviços clínicos da 7ª e da 18ª
enfermarias da Santa Casa da Misericórdia, chefiadas respectivamente pelos
mestres Miguel Couto e Paes Leme. Ainda nessa época, exerceu o internato
oficial da Clínica Pediátrica dos professores Barata Ribeiro e Simões Corrêa.
Pouco após a formatura, candidatou-se a médico da Assistência de Alienados do
Rio de Janeiro, classificando-se em primeiro lugar, pelo que foi nomeado
assistente do Hospital Nacional de Alienados.
Foi professor substituto da
seção de neurologia e psiquiatria da Faculdade de Medicina e reputado clínico,
catedrático de neurologia na Faculdade Fluminense de Medicina. Foi ainda chefe
do serviço da Policlínica de Botafogo e do Sanatório de Botafogo e médico da
Associação dos Empregados do Comércio. E era também sanitarista, portador por
concurso do título de docente de higiene da Escola Normal do Rio de Janeiro, na
qual foi continuamente encarregado de cursos complementares.
Chegou a titular de livre
docente da Faculdade de Medicina, exercendo ali o cargo de professor substituto
de neurologia e psiquiatria. Nessa condição teve ensejo de integrar diversas
bancas examinadoras de teses de doutoramento. Foi ainda interno e assistente da
clínica neurológica e médico adjunto do Hospital da Misericórdia. Deixou muitos
trabalhos publicados sobre a especialidade, o que lhe permitiu ingressar em
diversas sociedades científicas nacionais e estrangeiras. Em 1918 fez parte da
missão médica brasileira que foi à Europa durante a I Grande Guerra. Como
representante do Brasil participou de congressos na Europa e na América do Sul.
Foi organizador e secretário-geral da Segunda Conferência Latino-Americana de
Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal. Sobre a epidemia de gripe no Hospital
Brasileiro, em Paris, apresentou em 1919 substancioso relatório ao chefe da
Missão Médica Brasileira. Recebeu honroso diploma do curso oficial de Pierre-Marie,
assinado por este famoso professor e pelo decano da Faculdade de Paris,
professor Roger. Durante o impedimento do professor Antônio Austregésilo
Rodrigues de Lima, catedrático de Clínica Neurológica (fora eleito para o
Congresso Nacional), Faustino Esposel exerceu com brilho aquela função,
conquistando grande renome como didata. Conseguiu elevado prestígio entre os
seus colegas, gozando de justa projeção nos meios sociais.
Em 29 de setembro de 1927,
Faustino Esposel inscreveu-se à vaga aberta na Academia Nacional de Medicina
decorrente da passagem de Teófilo de Almeida Torres, membro titular da Seção de
Medicina Geral, para a classe dos Membros Titulares Honorários. Apresentou
juntamente com os seus trabalhos a memória intitulada "Em torno do sinal
de Babinsky". Aprovado, a eleição teve lugar em 17 de novembro de 1927 e a
cerimônia de posse na sessão de 24 de maio de 1928, sob a presidência do
acadêmico Miguel Couto, que designou os acadêmicos Antônio Austregésilo e J. E.
da Silva Araújo para acompanhar o novo acadêmico ao recinto. Fez-lhe a saudação
de paraninfo o acadêmico Joaquim Moreira da Fonseca. Com o seu falecimento, sua
poltrona passou a ser ocupada pelo acadêmico Odilon Gallotti, eleito em 23 de
junho de 1932 e empossado em sessão de 25 de junho de 1936. Na sessão de 30 de
junho de 1932 a Academia promoveu uma homenagem a Faustino Esposel, discursando
na ocasião o orador oficial Alfredo Nascimento. Tenho em meus arquivos todos os
discursos pronunciados naquela instituição.
Faustino Esposel desencarnou na
capital federal, às 17 horas do dia 16 de setembro de 1931, com 43 anos 1 mês e
7 dias. O sepultamento foi numa quinta-feira, no dia 17, às 16:30h, no
cemitério de São João Batista.
Antônio Austregésilo, amigo de
infância, assinou o atestado de óbito, nele fazendo constar, como causa da
morte, apenas uremia. Era portador de uma nefrite crônica. Entretanto, os
familiares sabiam e alguns descendentes vivos sabem que ele desencarnou de
câncer, o que foi omitido por todos os jornais da época, que apenas
mencionaram, como era praxe nesses casos, "a violência da súbita
enfermidade que o acometeu" sendo "todos os esforços impotentes no
combate ao mal insidioso" (Diário de Notícias, 17.9.31); ou
"acometido de moléstia aguda, que sobreveio inesperadamente" (Jornal
do Commercio, 17.9.31).
O espírito que conhecemos como
André Luiz, em sua última encarnação foi Faustino Monteiro Esposel. Com bons
conhecimentos científicos e grande capacidade de observação, foi-lhe permitido
relatar, através do médium Francisco Cândido Xavier, suas experiências como
desencarnado. Desejando manter o anonimato − possivelmente respeitando parentes
ainda encarnados − quando questionado sobre seu nome, respondeu adotando o nome
de um dos irmãos de Chico Xavier.
Devo salientar[2],
desde logo, que André Luiz fez pequenas modificações para despistar o leitor,
em obediência à preocupação exposta no prefácio de Emmanuel no sentido de
ocultar sua verdadeira identidade, o que ele mesmo reafirma na mensagem de
abertura ("Manifestamo-nos, junto a vós outros, no anonimato que obedece à
caridade fraternal"). Noutras ocasiões deixou pistas insuspeitadas. Mas,
num único ponto a modificação não foi pequena, ou melhor, foi radical: a
família deixada na terra. Na verdade, Faustino Esposel não deixou filhos.
Então, quem são aquelas pessoas referidas no livro? Segundo explicação do
Chico, apresentada desde 1975, são todos membros de uma família de que o
Faustino era membro em encarnação anterior. A fim de ilustrar os ensinamentos
ele foi buscar a situação doméstica no seu passado mais remoto. Outros detalhes
que posso antecipar:
- André Luiz informa que foi assistido na colônia Nosso
Lar por um médico chamado Henrique De Luna. Na terra, De Luna (médico, com esse
mesmo nome) era contemporâneo de Faustino Esposel.
- André Luiz narra em Nosso Lar que teve quinze anos de
clínica. Formado em 1910, consta que a partir da segunda metade da década de 20
ele viveu muito mais para o magistério e trabalhos intelectuais ligados à
medicina, além das atividades desportivas.
- Luísa, a irmã que André Luiz conta ter desencarnado
cedo, quando ele era "pequenino", na verdade era um irmão (Adolfo
Monteiro Esposel), desencarnado com apenas quatro meses, em 1886, dois anos
portanto antes de ele nascer.
- Quem privou muito da proximidade de Faustino Esposel
foi um porteiro que, até meados da década de 70, embora aposentado, ainda
costumava frequentar o Pinel. Disse-me conhecer toda a vida do professor
Faustino Esposel, que ele atendia muitos doentes de graça e que era famoso de
verdade. A par disso, aludiu a alguns fatos que se ajustam perfeitamente ao que
está confessado nas páginas de Nosso Lar. E confirmou, inclusive, detalhes de
comportamento que o próprio André Luiz também não escondeu no livro.
Alguns espíritas, talvez mais
levados pela curiosidade do que por fins práticos, já criaram algumas hipóteses
sobre a identificação do médico carioca desencarnado, mas são apenas
especulações sem maior solidez ou confirmação pelo próprio André Luiz. O
primeiro livro de André Luiz é de 1943. Neste livro ele descreve sua chegada ao
plano espiritual, iniciando pelo período de perturbação imediato após a morte,
seguindo pelo seu restabelecimento e primeiras atividades, até o momento em que
se torna "cidadão" de "Nosso Lar", colônia espiritual que
dá nome ao livro.
Seguem-se outras obras que
descrevem experiências e estudos do autor no plano espiritual, que ao longo da
obra vão cada vez mais sendo direcionados a tarefa de esclarecimento dos
encarnados sobre as realidades do plano espiritual, através da mediunidade de
Francisco Cândido Xavier (as datas são dos prefácios de Emmanuel):
§
26 de fevereiro de 1944 - Os Mensageiros,
médium Francisco C. Xavier, FEB
§
13 de maio de 1945 - Missionários da Luz,
médium Francisco C. Xavier, FEB
§
25 de março de 1946 - Obreiros da Vida Eterna,
médium Francisco C. Xavier, FEB
§
25 de março de 1947 - No Mundo Maior,
médium Francisco C. Xavier, FEB
§
18 de junho de 1947 - Agenda Cristã,
médium Francisco C. Xavier, FEB
§
22 de fevereiro de 1949 - Libertação,
médium Francisco C. Xavier, FEB
§
23 de janeiro de 1954 - Entre o Céu e a Terra,
médium Francisco C. Xavier, FEB
§
3 de outubro de 1954 - Nos Domínios da
Mediunidade, médium Francisco C. Xavier, FEB
§
1 de janeiro de 1957 - Ação e Reação,
médium Francisco C. Xavier, FEB
§
21 de julho de 1958 - Evolução em dois Mundos,
médiuns Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, FEB
§
6 de agosto de 1959 - Mecanismos da
Mediunidade, médium Francisco C. Xavier, FEB
§
17 de janeiro de 1960 - Conduta Espírita,
médium Waldo Vieira, FEB
§
4 de julho de 1963 - Sexo e Destino,
médiuns Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, FEB
§
2 de janeiro de 1964 - Desobsessão,
médiuns Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, FEB
§
18 de abril de 1968 - E a Vida Continua,
médium Francisco C. Xavier, FEB
§
21 de maior de 1975 - Respostas da Vida,
Médium Francisco C. Xavier, IDEAL
Além destes livros, André Luiz,
também participou de obras conjuntas com outros autores espirituais, principalmente
Emmanuel. A relação abaixo, indica algumas destas obras (as datas são dos
prefácios):
§
9 de outubro de 1961, O Espírito da Verdade,
Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
§
2 de julho de 1963, Opinião Espírita,
Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
§
11 de fevereiro de 1965, Estude e Viva,
Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
§
15 de maio de 1965, Entre Irmãos de Outras
Terras, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira,
FEB
§
3 de junho de 1972, Mãos Marcadas,
Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, IDE
§
3 de outubro de 1973, Astronautas do Além,
Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires, GEEM
§
15 de maio de 1983, Os Dois Maiores Amores,
Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, GEEM
§
6 de agosto de 1987, Cura, Autores
Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, G.E.E.M
§
17 de janeiro de 1989, Doutrina e Aplicação,
Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, CEU.
A obra mediúnica de André Luiz
teve − e ainda tem − uma influência considerável sobre o movimento espírita.
Suas descrições do plano espiritual − tornando mais preciso e detalhado nosso
conhecimento do mesmo − estabeleceram novo patamar de compreensão da vida
espiritual, também incentivaram a criação de instituições espíritas devotadas
as atividades assistências e grupos de estudos inumeráveis.
Por exemplo, temos as
"Casas André Luiz" e o "Grupo Espírita Nosso Lar", que se
dedicam ao atendimento de crianças deficientes; a "Casa Transitória
Fabiano de Cristo", que se dedica ao atendimento de gestantes carentes; o
grupo "Os Mensageiros" que se dedica a distribuição gratuita de
mensagens espíritas; a própria Associação Médico-Espírita, que tem aprofundado
o estudo das obras mediúnicas de André Luiz e suas relações com a prática
médica.
É interessante observar que o
primeiro livro de André Luiz causou grande impacto pela novidade de suas
informações, alguns chegaram a contestar suas descrições de uma vida espiritual
muito semelhante a que levamos na Terra, mas o acúmulo de evidências − desde
mensagens descrevendo de modo fragmentário a vida espiritual, até obras
completas de outros espíritos, por médiuns como Yvonne A. Pereira − provaram
sua veracidade. O mais curioso é que descrições semelhantes já existiam desde
os primeiros tempos do "Modern Spiritualism" − por exemplo, as que
foram registradas por Andrew
Jackson Davis (1826-1910) − mas tinham caído no esquecimento.
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