"De manhã, nada resolvas fazer contra,
mas tudo faça pelo Reino dos Céus na Terra.
À noite, retira-te em paz contigo mesmo -
paz com todo o mundo.
Contenta-te com o passado e com tudo que ele
te trouxe.
Agradece ao presente pelo que tens.
Sê paciente com o futuro e com o que ele te
promete trazer".
(A.
Jackson Davis)
Andrew Jackson Davis (1826 –
1910) foi um grande médium norte americano, considerado o "João
Batista" do Espiritismo[2]. É
dele que apresentamos abaixo um interessante texto[3]
em que narra o que viu estado mediúnico durante o processo de desencarnação
de uma pessoa. Essa descrição obviamente
não se aplica a todos os tipos de morte ou de pessoas (ele mesmo explica no
texto as condições). Tradução de A. Xavier.
A morte é palavra para
significar "fim da vida", usada por aqueles que não conseguem ver que
a morte é, na verdade, "o começo da vida" e a entrada do saguão
sagrado da eternidade. Mas, penetremos em sua visão, no que há além do véu.
A pessoa agora agoniza no que é
para ser uma morte rápida. Observe algo em sua temperatura. Os pés estão frios;
as mãos quentes e macilentas; uma frieza pervade seus dedos. Vejam. O que é
aquilo que se acumula no ar, acima da cabeça sobre o travesseiro? É uma
emanação etérea - um halo magnético dourado - uma atmosfera pulsante quase autoconsciente.
A temperatura do corpo agora
abaixa rapidamente. A frieza se estende algo acima, dos pés aos joelhos, das
pontas dos dedos aos cotovelos enquanto que, na mesma razão, a emanação ascende
ainda mais alto sobre a cabeça. O frio agora se estende dos braços aos ombros,
das pernas à cintura; e a emanação, embora não mais elevada no ar, está um
pouco mais expandida, é um centro compacto que se assemelha a um núcleo
brilhante como um sol em miniatura. O foco central brilhante é bem em verdade o
cérebro do novo organismo espiritual que se forma.
O frio da morte agora se
estende aos peitos em torno do qual a temperatura se reduz bastante. Vejam
agora! A emanação contém a mesma proporção de cada princípio que compõe a alma
- movimento, sensação vital, éteres; essências, magnetismo vital, eletricidade
vital, instintos - e, bastante aumentada pela ascensão, ela flutua como uma
massa compacta a ocupar agora mais elevação próxima ao teto.
Agora os pulmões pararam de
respirar, o pulso se foi, o coração não mais bate; enquanto isso, as células do
cérebro, o corpus callosum, a medula, a coluna vertebral e os gânglios se
iluminam em contrações e expansões que pulsam de leve e parecem governadas por
si mesmas, como por um tipo de automatismo autoconsciente. Vejam! A substância
cinzenta do cérebro pulsa em seu interior - uma pulsação lenta, discernível e
profunda - não dolorosa - como pesada, mas harmoniosa movimentação do mar.
Vejam! A emanação exaltada,
obediente a suas próprias leis imutáveis agora se alongou e adquiriu posição em
ângulo reto em relação ao corpo horizontal mais abaixo. Observem! Vejam como o
perfil de uma bela figura humana se forma a partir da emanação. Ela prende o
que está acima à medula e ao corpus callosum de dentro do cérebro por um cordão
branco.
Você pode ver que um fio vital
muito fino ainda conecta os vórtices e as fibras centrais ao cérebro moribundo
com as extremidades inferiores da figura humana projetada na atmosfera. Não
obstante esse fio vital, que age como um condutor telegráfico - transportando
mensagens em direções opostas no mesmo instante - é possível ver que a sombra
envolvida em emanação dourada continua quase que imperceptivelmente a
ascender.
Lá, o que se vê agora? Uma
cabeça humana simetricamente igual a outra, acima da massa e elevando-se lenta e
admiravelmente da nuvem dourada de princípios substanciais. E agora surge o
esboço de um semblante espiritual - face serena e cheia de beleza que desafia a
capacidade de descrição das palavras. Vejam de novo! Emergem o pescoço e os
belos ombros e mais! Um após outro, em rápida sucessão, surgem todas as partes
de um novo corpo, como que influenciados ou dirigidos por uma varinha mágica,
uma imagem brilhante, totalmente natural, mas espiritual, uma perfeita cópia do
corpo físico abandonado, um reencenamento de pessoa nas vizinhanças do céu,
preparada para acompanhar o grupo celestial de inteligências superintendentes
do paraíso.
E o que foi aquilo? Em um
piscar de olhos o fio telegráfico vital foi cortado - partículas e princípios
foram imediatamente atraídos para cima e absorvidos pelo corpo espiritual - de
forma que a nova organização está livre da gravitação terrestre, ela está
instantânea e absolutamente independente dos pesos e cuidados que tão
firmemente a prendiam à Terra. [Somente se libertam assim na morte aqueles que
agiram de forma correta. Qualquer paixão cativante, último sentimento de dever
não cumprido, de injustiça cometida, é suficiente para manter o espírito preso
à Terra, como um navio atado por grande âncora. Somente os puros tornam-se livre].
Eis aqui um corpo espiritual,
substancial e imortal. Semeado na escuridão e na desonra, ele agora é colhido
na beleza e na claridade. Vejam que contraste - uma diferença muito grande -
entre um e outro. Percorram com os olhos a sala. Há muitos amigos, parentes
idosos, crianças na câmera da morte, eles choram sem o conforto ainda que da fé
cega; enlutam-se trocando sussurros de esperança entre ouvidos que duvidam;
reúnem-se em torno do prostrado, corpo frio; pressionam as pálpebras daqueles
olhos agora cegos; em silêncio e pesar deixam a cena; e agora outras mãos dão
início às preparações com as quais os vivos consagram a morte.
Mas, abramos nossos olhos
maiores que teremos um dia quando revestidos pelos paramentos da imortalidade.
Vejam! O novo corpo espiritual formado - rodeado por grupo de anjos guardiões -
move-se com graça em direção às praias celestiais. A personalidade emergida
segue uma corrente vibratória de atração magnética que notamos penetrar no
recinto e se ater ao cérebro do ressurreto enquanto agonizava o corpo. Ela
desce a partir do sensorium das inteligências superiores - uma corrente fibrosa
de luz telegráfica - enviadas de cima, para saudar com amor e guiar com
sabedoria o recém-ressuscitado. Essa
corrente amorosa, alimentada por pensamento, guia tranquilamente o recém-emergido
para cima e mais além.
Por terras aveludadas e campos
floridos do país celeste, um arco de promessa eterna torna-se visível e pende,
preenchendo com beleza indescritível o oceano dos céus, a cobrir com amor
infinito as zonas imensuráveis de Além-Túmulo.
Aceitei a explicação dentro do quadro do desencarne "natural" mas os desencarne Súbitos? Acidentes, Fatalidades?
ResponderExcluirCada processo de desencarne é único , tal como cada um se entrega à nova encarnação a sua maneira. Uns chegam totalmente inconscientes no momento da ligação com o novo corpo, outros com muito medo, outros firmes na confiança, esperançosos. O futuro, no entanto, sempre é uma incógnita. Temos medo de repetirmos os erros, esquecermos compromissos assumidos. Retornar talvez seja mais difícil. A vida na crosta possui muitas tentações para a nossa condição espiritual. Comprar a passagem de volta significa pensar na bagagem, um complicador. Quem preparou as malas através do coração e das mãos voltadas para o bem, saberá que carregará algum tipo de proteção para o que der e vier. Portanto, quando a partida for de repente, os prevenidos saberão adaptar-se ao processo de desligamento mais facilmente, aceitando o auxílio dos Amigos. Tudo é uma questão de condição espiritual. A mente quieta, correta , aceita a partida com confiança, independente de como ela vier, seja decorrente de um processo longo de enfermidade ou seja por uma situação brusca, inesperada. O livro Obreiros da Vida Eterna de André Luiz pela psicografia do Chico traz histórias fantásticas que ilustram diferentes condições de desencarne. Outro livro maravilhoso e também trazido pela mediunidade dele é Somos Seis. Pelos relatos vemos a diferença de desencarne e adaptação para Espíritos que viveram o mesmo drama no desastre do edifício Joelma na década de 70. Vale conferir. É uma pérola.
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