Amanda Teixeira
Sabemos que o medo é uma
sensação de alerta do nosso corpo sobre uma situação de possível perigo.
Em alguns casos, faz com que não
demos andamento a algo, que não nos libertemos a conhecer algo.
Tudo varia de acordo ao caso
concreto, mas sobre um fato vamos concordar: muitos atos não são praticados
devido ao medo.
Por exemplo: Maria foi a uma
festa, e não aceitou usar droga que lhe foi oferecida, por medo de seus pais descobrirem.
Maria teve medo da consequência que poderia vir a ocorrer, caso praticasse o
uso da droga. Mas, e se Maria não tivesse pais? Será que ela usaria? Existem
vários pontos que Maria, nesse exemplo, pode ter pensado, mas o medo fez com
que ela mudasse sua ação.
Nós, humanos, diariamente
vivemos situações que envolvem o medo, porque somos criados culturalmente,
desde criança, a ter o medo, mas não somos ensinados a nos policiar apenas por
ter medo. Ainda no exemplo citado acima, de Maria, poderia ser: Maria não
aceitou usar a droga que lhe fora oferecida porque entende o mal que ela faz ao
corpo, além de ser algo ilícito.
Percebem a diferença? O caminho
a ser seguido é sempre nós constatarmos o que é errado, simplesmente porque ele
é errado, e não deixar de fazer apenas por medo, e nos direcionar a não sentir
desejo daquilo, aprender com o tempo a não querer mais e entender realmente que
não nos faz bem.
Isso acontece muito no
espiritismo, muitas pessoas não efetuam certos atos porque apenas apresentam receio
de ir para o umbral, exemplificando. Não deve ser esse o caminho, e sim as
pessoas não praticarem o ato errado porque entendem que não é certo.
O futuro é construído todos os
dias. A principal mudança que deve ocorrer é: você entende que é errado? Fica a
reflexão.
Em O Livro dos Espíritos,
de Allan Kardec, a questão 123 diz:
− Por que Deus tem permitido que os Espíritos possam
seguir o caminho do mal?
A sabedoria de Deus está na liberdade que ele deixa a
cada um escolher, porque cada um tem o mérito de suas obras. (KARDEC,
2002).
Em outros termos, somos nós que
trilhamos nossos caminhos, construímos nossa jornada, através do nosso livre
arbítrio.
A Doutrina Espírita nos ensina
que:
Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe [ao ser
humano] uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe
sentir a diferença existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar
para, de futuro, evitar o que lhe originou uma fonte de amarguras; sem o que,
motivo não haveria para que se emendasse.
Confiante na impunidade,
retardaria seu avanço e, consequentemente, a sua felicidade futura.
O sofrimento faz parte da nossa
evolução, não devemos sempre encará-lo de maneira negativa, e sim acreditar que
ele nos faz crescer de alguma forma, assim como não devemos ter medo de errar,
pois ninguém é perfeito, todos os seres encontram-se em estado de evolução, e
ainda irão cometer seus equívocos. Devemos buscar sempre aprender com o erro,
não nos acostumar, e sim assimilar a experiência para que não seja mais
praticada.
Quando damos espaço ao medo em
nossa vida, consequentemente nos tornamos ignorantes, em não aprender sobre o
assunto, em não buscar informações, em não lutar contra esse medo e deixar que
ele faça parte de nós. Não podemos nos tornar reféns do medo, o desconhecido
nos gera com certeza muitas dúvidas, como, por exemplo, o medo do umbral, seja
como você entenda ou denomine. Esse medo também tem feito muitos reféns.
Apenas o conhecimento libertará
esse medo. Devemos ser bons, sem medo e preocupações.
Com certeza todos nós temos
temor pelo nosso destino, e várias indecisões surgem: para onde vamos? Será que
iremos ao ''paraíso''? Será que meu pecado me levará ao umbral?
Preocupa-nos ainda mais porque
sabemos que nosso Espírito não morre, e sim nosso corpo material.
Isso, sem dúvidas, nos ocasiona
desassossego, pois vivemos perante a Lei da causa e efeito:
Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que
não é obra do homem, e a vossa razão vos responderá. (KARDEC, 2019).
Todas as nossas ações são
submetidas às leis de Deus; não há nenhuma delas, por mais insignificante que
nos pareçam, que não possa ser uma violação dessas leis. Se sofremos as
consequências dessa violação, não nos devemos queixar senão de nós mesmos, que
nós fazemos assim os artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade
futura.
Fica a lição de que podemos sim
compreender aquilo que é certo e errado, termos a opção de amar a Deus, trilhar
um caminho certo, do bem, sermos justos, apenas através da compreensão, e não
por medo das consequências. Entender a mensagem que o espiritismo nos deixou e
deixa, e trilhar seus caminhos, apenas porque queremos, e não por medo, porque
intencionamos rever nossos valores, melhorar como humanos, enriquecer nossa
moralidade, tanto com nós mesmos, quanto com o próximo.
Muita luz!
Fonte: Blog Letra Espírita
Referências:
KARDEC, Allan. O
Evangelho Segundo o Espiritismo. 119. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap.
V, item 5.
KARDEC, Allan. O Livro
dos Espíritos. Capivari: EME, 2019, Livro Quarto, Capítulo II, item 964.
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