segunda-feira, 8 de novembro de 2021

EDOUARD ISIDORE BUGUET[1]

 


Edouard Isidore Buguet nasceu em 13 de julho de 1840, em Saint-Mard-de-Réno, França e faleceu em 29 de outubro de 1890[2], em Paris, França.

A fotografia dos Espíritos é um fenômeno onde na presença de um médium, depois de feita a foto, a imagem de um Espírito é observada após a revelação do negativo. Tal fato já tinha sido notado em 1861 com outros médiuns, no entanto, com o fotografo francês Edouard Isidore Buguet ele tomaria uma nova dimensão.

Sua carreira como fotografo de Espíritos iniciou-se em 1873; um ano depois ele instalou um estúdio em Londres. Suas fotografias eram realizadas em transe mediúnico e foram atestadas como legítimas por várias pessoas sérias.

Buguet conhecia Leymarie, tendo inclusive fotografado-o, juntamente com o coronel Carré e um Espírito, que foi identificado por Leymarie, como sendo seu amigo desencarnado Edouard Poiret.

A "Revue Spirite", então dirigida por Leymarie, publicou, em 1874, diversos artigos e fotos sobre o trabalho de Edouard Buguet e do médium e fotógrafo norte-americano Alfred Henry Firman. No entanto, Buguet vendia suas fotos e algumas teriam sido realizadas fraudulentamente, fatos que eram desconhecidos por Leymarie, mas, que resultaram em um processo judicial conhecido como "Procès des Spirites" (Processo dos Espíritas) iniciado em 16 de junho de 1875 e movido pelo Ministério Público francês contra Leymarie, que publicou as fotografias na Revue Spirite e contra Buguet e Firman, os médiuns fotógrafos. Buguet e Firman foram presos acusados de fotografias fraudulentas e Leymarie preso como conivente. Os depoimentos falsos prestados pelo fotógrafo francês condenaram os réus, fato que os obrigou a apelar para as instâncias superiores.

Amélie-Gabrielle, então com 80 anos, foi ouvida em juízo, pois procurou Buguet em 12 de maio de 1874 e conseguiu duas fotos onde Allan Kardec apareceu com Amélie. Em seu depoimento ela informou que procurou o fotografo de surpresa, sem qualquer aviso prévio, e que este a fotografou, apesar de estar doente. Na mesma chapa foram obtidas duas provas; na primeira Kardec sustentava, ao lado dela, um quadro branco onde estavam escritos agradecimentos a Amélie e Leymarie e um voto de coragem a Buguet. A secretária do médium francês, senhorita Ménessier testemunhou que falsificara a letra de Kardec no referido quadro. Amélie sustentou que a letra era de seu falecido esposo e que a funcionária estava mentindo.

Como prova adicional a viúva informou que existiam duzentas cartas vindas do interior do país que comprovavam a mediunidade de Buguet. Amélie teve que tolerar as ofensas do juiz Milet, que em seu interrogatório tentou atingir o Espiritismo ‒ o verdadeiro, mas não declarado réu no processo. O magistrado afirmou que o nome Allan Kardec fora extraído de um livro de magia e que toda a sua obra foi baseada em livros de igual origem. Amélie refutou afirmando que tal nome era um pseudônimo, e que todos os escritores utilizavam tal recurso. A determinação da testemunha irritou o juiz que declarou: "Ele é um compilador, não é um literato. É um homem que praticava a magia negra ou branca. Vá sentar-se". Tal procedimento levou-a a se defender contra as ofensas pessoais que em verdade eram estranhas ao julgamento; sua defesa foi anexada aos autos do processo.

Ao final, Buguet foi liberado à custa da negação de sua mediunidade e evadiu-se para a Bélgica. Firman foi liberado graças a influentes amigos. Leymarie permaneceu firme em suas convicções e por isto foi mantido em prisão celular. Quando estava em Bruxelas, na Bélgica, o fotógrafo escreveu ao Ministro da Justiça francês informando-o da inocência do prisioneiro.

Extraímos do livro "Allan Kardec", de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, trecho da referida correspondência:

"Lastimo, pois, haver dito, na minha franqueza, o contrário da pura verdade, renunciando eu à minha mediunidade, e peço perdão a Deus por este ato que deploro, pois que ele serviu para incriminar um homem estimável, cuja boa-fé se tornou suspeita com as minhas afirmações".

Apesar de tudo, a Suprema Corte francesa o manteve preso por um ano na Prisão de la Santé. O relato de tais acontecimentos foi documentado por Marina Leymarie e depois publicado em um livro que recebeu o nome de "Procés des Spirites".

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