Anselmo Ferreira Vasconcelos
O momento presente não é apenas
avassalador em razão das milhares de almas que estão partindo da dimensão
material sob intenso sofrimento. Ele deve ser igualmente considerado como um
momento único e especial pelo que está proporcionando em termos de aprendizado
às criaturas humanas. Ora, devemos recordar que as pessoas – pelo menos aquelas
minimamente informadas acerca das coisas do Espírito imortal ‒ vem há muito
tempo sendo alertadas sobre as dramáticas mudanças agora em curso.
Pois bem. A Terra finalmente
chegou ao seu novo estágio de transição evolutiva (regeneração). Quanto tempo
vai durar? Quantas almas perecerão? Quantas mudanças imediatas ocorrerão? Só
Deus sabe. Seja como for, sob a transição nos alcançam não apenas inúmeras
desgraças individuais e coletivas, mas também revelações terrivelmente
chocantes sobre a natureza humana. Faço tal afirmação baseado no fato de que o
Cristianismo esparge sua luz redentora nos corações humanos há exatos 21
séculos.
Não me refiro aqui também aos
atos escabrosos praticados pelos lobos travestidos de gente, que tentaram de
todas as formas possíveis lucrar com a epidemia. Muitos, felizmente, já foram
identificados pelas forças policiais e enfrentam agora as justas consequências
dos seus crimes. Outros ainda tentam, é verdade, atrapalhar a ação da justiça,
mas seu tentame é inútil. Mais hora menos hora haverão de receber a merecida
pecha de ladrões do patrimônio público e certamente trilharão caminho
semelhante. No geral, não passam de indivíduos sem escrúpulos que não se
importam com a dor dos semelhantes.
Num plano mais básico da vida,
no entanto, há aqueles que no clamor do processo depurador em andamento também
estão mostrando a sua verdadeira face. Infelizmente, deles emergem
características, traços de personalidade, comportamentos e atitudes
deploráveis, claramente perceptíveis. Com efeito, ninguém consegue enganar os
outros para sempre, já que a verdade sempre vem à tona. Mas quem são eles (as)?
São simplesmente os (as) falsos (as) amigos (as), companheiros (as), colegas,
parentes e – pasmem – até mesmo cônjuges.
De modo geral, os delitos não se
circunscrevem apenas e tão somente aos execráveis feminicídios, parricídios,
latrocínios etc. Há uma outra ordem de “crimes” não computadas pelas
estatísticas, que destroem os relacionamentos e, por extensão, as oportunidades
de união e entendimento. Ou seja, refiro-me às traições de todas as formas; as
inimizades disfarçadas que geralmente escondem objetivos nefastos; os desejos
de vingança ocultados pelo abençoado manto da reconciliação; o propósito de
prejudicar (sem qualquer razão ou justificativa) outrem; a crônica falta de
sinceridade, típica, aliás, da tibieza humana; o onipresente olhar malicioso e
invejoso; sem falar na hedionda hipocrisia, que grassa em toda parte.
Obviamente não esgoto aqui todas as possibilidades de manifestação do mal.
Confesso humildemente não ter tal capacidade.
É verdade que a história humana
é repleta de cometimentos torpes, cruéis e abomináveis. Afinal de contas, os
indivíduos continuam privilegiando o efêmero em vez do eterno. A sublime
mensagem de Jesus não foi ainda assimilada. Há poucos dias, aliás, assisti a um
documentário muito esclarecedor sobre a vida do rei Henrique VIII da Inglaterra
(1491-1547), e como ele se desfazia das pessoas, dos seus métodos perversos e
da abundante maldade do seu Espírito. Claro que estou resgatando um exemplo
extremo de perturbação espiritual. Entretanto, Henrique também enfrentou a
morte física sob pesadas injunções, e não seria inconcebível imaginar que
aquela alma ainda esteja pagando um elevado tributo pelos seus desmandos
através de penosas encarnações.
O que realmente preocupa é
identificar que o coração humano continua comprometido com as sombras,
espalhando maldades e fel em todas as direções. Há, vivendo entre nós,
criaturas profundamente doentes não apenas do corpo, mas também da alma.
Altamente comprometidas com projetos malignos, estão criando para si mesmas
futuras experiências tenebrosas, dignas do inferno de Dante. Dominadas por
imensa insensatez, inveja, mesquinharia, maquiavelismo e ingratidão para os que
lhes estendem as mãos amorosas, destilam o ácido corrosivo da fala maldosa e
tomam atitudes perversas.
Mas, como tudo na vida, chega o
dia em que a máscara cai e – como tantos romances da literatura espírita
evidenciam com meridiana clareza – a verdade soberana sobrepuja todos os males.
Dela, a propósito, ninguém escapa! Infelizes, aliás, todos aqueles que tentam
subvertê-la ou manipulá-la. Acontecimentos ou eventos desenrolam-se
naturalmente pela vontade de Deus, e, assim, os indivíduos trevosos acabam
revelando todo o mal que lhes preenche o Espírito ensandecido. Para tais
criaturas, ainda muito distantes da luz pela sua própria incúria e
desequilíbrio emocional, provavelmente restará, por um bom tempo, o “choro e
ranger de dentes”, do qual nos falou Jesus. Pobres criaturas!
Se uma delas estiver no seu
caminho, use o sagrado recurso da oração misericordiosa. Sua iniciativa será
certamente reconhecida pela espiritualidade, e o (a) infeliz haurirá, no
momento oportuno, forças e inspiração para alcançar a indispensável lucidez.
Fonte: Espiritismo na Rede
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