Allan Kardec
Na Revista Espírita de outubro de 1864
fizemos um meticuloso relato das observações que acabávamos de fazer sobre um
camponês do cantão de Berna, que possui a faculdade de ver, num copo de vidro,
as coisas distantes. Novas visitas que lhe fizemos este ano nos permitiram
completar as observações e retificar, em certos pontos, a teoria que havíamos
dado dos objetos vulgarmente designados sob o nome de espelhos mágicos, mais exatamente chamados espelhos psíquicos. Como antes de tudo buscamos a verdade e não
temos a pretensão de ser infalível, quando acontece nos enganarmos não
hesitamos em reconhecê-lo.
Não conhecemos nada mais
ridículo do que se aferrar a uma opinião errônea.
Para a compreensão do que se
segue, e a fim de evitar repetições, rogamos aos nossos leitores que se
reportem ao artigo precitado, que contém uma nota detalhada sobre o vidente em
questão e sua maneira de operar.
Apenas lembraremos que se dá o
nome de espelhos mágicos a objetos de
diversas formas e naturezas, quase sempre de reflexo brilhante, tais como copos
de beber, garrafas, vidros, placas metálicas, nos quais certas pessoas veem
coisas ausentes.
Convencido por uma observação
atenta de que essa faculdade não é senão a dupla
vista, ou seja, a visão espiritual
ou psíquica, independente da visão
orgânica, e considerando-se que essa faculdade existe sem o concurso de
qualquer objeto, havíamos concluído, de maneira muito absoluta, pela inutilidade
desses objetos, pensando que o hábito de utilizá-los apenas os tornava
necessários, e que todo indivíduo, vidente
com o seu concurso, poderia ver perfeitamente bem sem eles, caso tivesse
vontade. Ora, é aí que está o erro, como vamos demonstrar.
Daremos previamente um relato
sucinto dos novos fatos observados, porque servem de base às instruções a que
os mesmos deram motivo.
Assim, tendo voltado à casa
daquele homem, acompanhado do Sr. comandante de W., que gentilmente nos serviu
de intérprete, logo ele se ocupou de nossa saúde; descreveu com facilidade e
perfeita exatidão a sede, a causa e a natureza do mal, indicando os remédios
necessários.
Em seguida, sem ser provocado
por nenhuma pergunta, falou de nossos trabalhos, de seu objetivo e seus
resultados, no mesmo sentido que no ano anterior, sem, contudo, ter conservado
qualquer lembrança do que havia dito; mas aprofundou muito mais o assunto, cujo
alcance parecia compreender melhor. Entrou em detalhes circunstanciados sobre a
marcha atual e futura da doutrina que nos ocupa, sobre as causas que devem
levar a este ou aquele resultado, sobre os obstáculos que nos serão suscitados
e os meios de superá-los, sobre as pessoas que nela representam ou devem
representar um papel pró ou contra, aquelas sobre cujo devotamento e
sinceridade se pode contar ou não, descrevendo-as física e moralmente, de
maneira a provar que as via perfeitamente. Numa palavra, deu-nos uma instrução longamente
desenvolvida e logicamente motivada, tanto mais notável porque confirma, em todos
os pontos, e completa, sob certas relações, as dos nossos Espíritos protetores.
As partes cuja exatidão estávamos em condições de apreciar não podiam deixar dúvida
quanto à sua clarividência. Tendo tido com ele várias entrevistas, cada vez
voltava ao mesmo assunto, confirmava-o ou o completava, sem jamais se
contradizer, mesmo no que havia dito no ano anterior, de que as entrevistas
atuais pareciam ser a continuação.
Sendo essa instrução
absolutamente pessoal e confidencial, abstemo-nos de relatá-la em detalhes.
Mencionamo-la por causa do fato importante que dela ressalta e que relatamos a seguir.
Sem dúvida é de grande interesse para nós, mas nosso objetivo principal,
voltando a ver esse homem, era fazer novos estudos sobre sua faculdade, no
interesse da ciência espírita.
Um fato que constatamos é que
não se pode constranger sua lucidez; vê o que se lhe apresenta e o descreve,
mas não se pode fazer que veja à vontade o que se deseja, nem aquilo em que se
pensa, embora leia os pensamentos. Na sessão principal que nos foi dedicada, em
vão tentamos chamar sua atenção para outros assuntos; apesar de seus esforços,
declarou nada ver no copo.
Quando trata de um assunto, é
possível fazer-lhe perguntas que lhe dizem respeito, mas é inútil interrogá-lo
sobre a primeira que surgir. E, contudo, muitas vezes lhe ocorre passar bruscamente
do assunto que o ocupa a outro completamente estranho; depois volta ao
primeiro. Quando se lhe pergunta a razão, responde que diz o que vê, e que isto
não depende dele.
Vê espontaneamente as pessoas ausentes, quando estas se ligam
diretamente àquilo que é objeto de seu exame, mas não de outro modo. Seu ponto
de partida é o interrogador, sua pessoa, sua residência; daí se desdobram os
fatos consecutivos. Também foi inutilmente que tentamos a seguinte experiência.
Um dos nossos amigos de Paris, que acabava de nos escrever, desejava que o consultássemos
a respeito da doença da filha. Nós lhe entregamos a carta, dizendo-lhe que a
pusesse na palma da mão, sob o fundo do copo, pensando que a irradiação do
fluido facilitaria a visão da pessoa. Ele nada fez: ao contrário, o reflexo
branco do papel o incomodava; disse que a pessoa estava muito longe e, contudo,
alguns instantes antes acabava de descrever, com perfeita exatidão e detalhes
minuciosos, um indivíduo no qual absolutamente não pensávamos, bem como o local
onde mora, e isto a uma distância quatro vezes maior. Mas esta pessoa estava
envolvida no assunto que nos dizia respeito, ao passo que a outra lhe era
completamente estranha. A sucessão dos acontecimentos o conduzia para um, e não
para o outro.
Por conseguinte, sua lucidez não
é flexível nem manejável, e absolutamente não se presta ao capricho do interrogador.
Não está, pois, de modo algum, apto a satisfazer os que a ele viessem apenas
por curiosidade. Aliás, como ele lê no pensamento, seu primeiro cuidado é ver a
intenção do visitante, caso não o conheça; se a intenção não for séria, se
perceber que o objetivo não é moral nem útil, recusa-se a falar e despede quem quer
que lhe venha pedir que leia a sorte ou faça perguntas fúteis ou indiscretas.
Numa palavra, é um vidente sério, e não um adivinho.
Como dissemos o ano passado, sua
clarividência se aplica principalmente às fontes e aos cursos d’água
subterrâneos. Só acessoriamente e por condescendência se ocupa de outras coisas.
É de uma ignorância absoluta,
mesmo sobre os princípios mais elementares das ciências, mas tem muito senso natural
e, devido à sua lucidez, muitas vezes supre a falta de conhecimentos
adquiridos. Eis um exemplo.
Um dia, em nossa presença,
alguém o interrogava sobre a possibilidade da existência de uma fonte mineral
em certa localidade. Não há, diz ele, porque o terreno não é propício. Nós lhe
fizemos ver que a origem das fontes por vezes está muito afastada do lugar onde
se mostram, e se infiltram através de camadas terrestres. É verdade, replicou;
mas há regiões onde as camadas são horizontais e outras onde são verticais.
Neste de que esse senhor fala, elas são verticais e aí está o obstáculo. De
onde lhe vinha essa ideia da direção das camadas terrestres, logo a ele que não
tem a mínima noção de Geologia?
Nós o observamos cuidadosamente durante todo o curso de suas
operações, e eis o que notamos:
Uma vez sentado,
toma o seu copo, segura-o como descrevemos em nosso artigo anterior, olha
alternativamente o fundo do copo e os assistentes e, durante cerca de um quarto
de hora, fala de coisas sem importância, depois do que aborda o assunto
principal. Nesse momento seus olhos, naturalmente vivos e penetrantes, ficam
semicerrados, embaciam-se e se contraem; as pupilas desaparecem para o alto,
deixando ver apenas o branco. De vez em quando, quando fixa alguém, as pupilas
se mostram em parte ligeiramente, para de novo desaparecerem totalmente; e, contudo,
olha sempre o fundo do copo ou as linhas que traça a giz. Ora, é bem evidente
que, nesse estado, não é pelos olhos que vê. Salvo esta particularidade, nada
há nele de sensivelmente anormal; fala com simplicidade, sem ênfase, como no
estado ordinário, e não como um inspirado.
Na noite em que tivemos a nossa
principal sessão, pedimos, através de um médium escrevente, instruções aos Espíritos
bons sobre os fatos que acabávamos de testemunhar.
– Que se deve pensar das revelações espontâneas que hoje
nos fez o vidente da floresta?
‒ Quisemos dar-vos
uma prova da faculdade desse homem. Havíamos preparado o assunto de que ele
devia tratar; por isto não pôde responder às outras perguntas que lhe fizestes.
O que vos falou era apenas a nossa opinião. Ficastes admirado do que vos disse;
falava por nós sem o saber e, neste momento, não sabe mais o que disse, como já
não se lembra do que falou o ano passado, pois o seu raio de inteligência não
chega até lá. Ao falar, nem mesmo compreendia o alcance do que dizia; falava
melhor do que o teria feito o médium aqui presente, temeroso de ir muito longe.
Eis por que dele nos servimos, por ser um instrumento mais dócil para as instruções
que vos queríamos dar.
‒ Ele falou de um indivíduo que, segundo a descrição física
e moral que dele fez, e por sua posição, parecia ser tal personagem. Poderíeis
dizer se é, realmente, a que quis designar?
‒ Ele disse o que
deveis saber.
Observação –
É, pois, evidente que à faculdade natural desse homem se alia a mediunidade, ao
menos acidentalmente, se não de maneira permanente; ou seja, a lucidez lhe é
pessoal e não uma questão de Espíritos, mas os Espíritos podem dar a essa lucidez
a direção que lhes convém, num caso determinado, inspirar-lhe o que deve dizer
e só o deixar dizer aquilo que for preciso. Ele é, pois, conforme a
necessidade, médium inconsciente.
A faculdade de ver a distância e
através dos corpos opacos só nos parece extraordinária, incompreensível, porque
constitui um sentido de que não gozamos no estado normal.
Estamos exatamente como os cegos
de nascença, que não compreendem que se possa conhecer a existência, a forma e
as propriedades dos objetos sem os tocar; ignoram que o fluido luminoso é o
intermediário que nos põe em relação com os objetos afastados e nos traz a sua
imagem. Sem o conhecimento das propriedades do fluido perispiritual, não
compreendemos a visão sem o concurso dos olhos; a tal respeito somos
verdadeiros cegos.
Ora, a faculdade de ver a
distância, com o auxílio do fluido perispiritual, não é mais maravilhosa e
miraculosa que a de ver os astros a milhões de léguas, com o auxílio do fluido
luminoso[2].
– Teríeis a bondade de dizer se o copo de que este homem
se serve lhe é verdadeiramente útil? Se igualmente não poderia ver em outro
copo, num objeto qualquer, ou mesmo sem objeto, caso o quisesse? Se a
necessidade ou a especialidade do copo não seria um efeito do hábito, que lhe
faz crer não poder dispensá-lo? Enfim, se a presença do copo é necessária, que
ação exerce tal objeto sobre a sua lucidez?
– Estando o seu
olhar concentrado no fundo do copo, o reflexo brilhante age primeiramente sobre
os olhos, depois sobre o sistema nervoso, provocando uma espécie de
semisonambulismo ou, mais exatamente, de sonambulismo desperto, no qual o
Espírito, desprendido da matéria, adquire a clarividência, ou visão da alma,
que chamais segunda vista.
Existe uma certa relação entre a
forma do fundo do copo e a forma exterior ou a disposição de seus olhos. É por
isto que ele não encontra facilmente os que reúnem as condições necessárias. (vide
artigo do mês de outubro de 1864). Embora aparentemente os copos vos sejam
semelhantes, há no poder refletor e no modo de irradiação, segundo a forma, a
espessura e a qualidade, nuanças que não podeis apreciar, e que são adequadas
ao seu organismo individual.
Para ele, portanto, o copo é um
meio de desenvolver e de fixar sua lucidez. É-lhe realmente necessário, porque
nele, não sendo permanente o estado de
lucidez, necessita ser provocado; outro objeto não o poderia substituir, e
esse mesmo copo, que sobre ele produz esse efeito, nada produziria sobre outra
pessoa, mesmo vidente. Os meios de provocar essa lucidez variam conforme os indivíduos.
CONSEQÜÊNCIAS DA
EXPLICAÇÃO PRECEDENTE
Eis-nos no ponto principal a que nos propusemos. A explicação
precedente parece resolver a questão com perfeita clareza. Tudo está nestas
palavras: A lucidez não é permanente
neste homem. O copo é um meio de a provocar, pela ação da irradiação sobre
o sistema nervoso. Mas é preciso que o modo de irradiação esteja em relação com
o organismo. Daí a variedade dos objetos que podem produzir tal efeito,
conforme os indivíduos predispostos a sofrê-los. Disto resulta que:
1º – para aqueles em que a visão psíquica é espontânea ou
permanente, o emprego de agentes artificiais é inútil;
2º – esses agentes são necessários quando a faculdade
necessita ser superexcitada;
3º – devendo esses agentes ser apropriados ao organismo, o
que tem ação sobre uns nada produz sobre outros.
Certas particularidades de nosso
vidente encontram sua razão de ser nesta explicação.
A carta colocada debaixo do
copo, em vez de o facilitar, o perturbava, porque mudava a natureza do reflexo
que lhe é próprio.
Dissemos que ele, ao começar,
fala de coisas sem importância, enquanto olha o copo. É que a ação não é instantânea,
e essa conversa preliminar, sem objetivo aparente, dura o tempo necessário à
produção do efeito.
Assim como o estado lúcido não
se desenvolve senão gradualmente, não cessa de repente. É a razão pela qual
esse homem ainda continua vendo alguns instantes depois de ter deixado de olhar
em seu copo, o que nos tinha levado a supor que o objeto fosse inútil. Mas como,
de certo modo, o estado lúcido é artificial, de vez em quando ele recorre ao
copo para o manter.
Até certo ponto compreende-se o
desenvolvimento da faculdade por um meio material; mas como a imagem de uma pessoa
distante pode apresentar-se num copo? Só o Espiritismo pode resolver este
problema, pelo conhecimento que dá da natureza da alma, de suas faculdades, das
propriedades de seu invólucro perispiritual, de sua irradiação, de seu poder
emancipador e de seu desprendimento do envoltório corporal. No estado de desprendimento,
a alma desfruta de percepções que lhe são próprias, sem o concurso dos órgãos
materiais; a visão é um atributo do ser espiritual; vê por si mesmo, sem o
auxílio dos olhos, como ouve sem o concurso do ouvido; se os órgãos dos sentidos fossem indispensáveis às percepções da alma,
seguir-se-ia que, depois da morte, não tendo mais a alma esses órgãos, seria
surda e cega. O desprendimento completo, que ocorre após a morte, produz-se
parcialmente durante a vida, e é então que se manifesta o fenômeno da visão espiritual, ou, em outras
palavras, da dupla vista ou segunda
vista, ou da visão psíquica, cujo
poder se estende tão longe quanto a irradiação da alma.
No caso de que se trata, a
imagem não se forma na substância do vidro; é a própria alma que, por sua
irradiação, percebe o objeto no local onde se encontra. Mas como, nesse homem,
o copo é o agente provocador do estado lúcido, a imagem lhe aparece muito
naturalmente na direção do copo. É absolutamente como aquele que precisa de um
óculo de alcance para ver ao longe o que não pode distinguir a olho nu; a
imagem do objeto não está nos vidros da luneta, mas na direção dos vidros, que
lhe permitem vê-la. Tirai-lhe o instrumento e ele nada mais verá. Prosseguindo
a comparação, diremos que, assim como aquele que tem uma boa vista não
necessita de lunetas, o que goza naturalmente da visão psíquica não precisa de meios artificiais para provocá-la.
Há alguns anos, um médico
descobriu que, pondo entre os olhos, na base do nariz, uma rolha de garrafa,
uma bola de cristal ou de metal brilhante, e fazendo convergirem os raios
visuais para esse objeto durante algum tempo, a pessoa entrava numa espécie de estado
cataléptico, durante o qual se manifestavam algumas das faculdades que se notam
em certos sonâmbulos, entre outras a insensibilidade e a visão a distância,
através dos corpos opacos, e que esse estado cessava pouco a pouco, após a
retirada do objeto.
Evidentemente era um efeito
magnético, produzido por um corpo inerte.
Que papel fisiológico desempenha
o reflexo brilhante nesse fenômeno? É o que se ignora. Mas, se essa condição é necessária
na maioria dos casos, constatou-se que não o é sempre, e que o mesmo efeito é
produzido em certos indivíduos com o auxílio de objetos foscos.
Este fenômeno, ao qual se deu o
nome de hipnotismo, fez ruído nos
meios científicos. Experimentaram. Uns tiveram sucesso, outros fracassaram,
como devia ser, pois nem todos os pacientes tinham a mesma aptidão. Certamente
valia a pena estudar a coisa, fosse ainda excepcional; mas – é lamentável dizer
– desde que perceberam que era uma porta secreta pela qual o magnetismo e o
sonambulismo iriam penetrar, sob uma outra forma e um outro nome, no santuário
da ciência oficial, não mais se cogitou de hipnotismo. (Vide a Revista Espírita de janeiro de 1860).
Entretanto, jamais a Natureza
perde os seus direitos. Se as leis são desconhecidas por algum tempo, muitas
vezes volta à carga e as apresenta sob formas tão variadas que, mais cedo ou mais
tarde, obriga a abrir os olhos. O Espiritismo é prova disto; por mais que o
neguem, o denigram, o repilam, ele bate em todas as portas de cem maneiras
diferentes e, por bem ou por mal, penetra naqueles mesmos que dele não querem
ouvir falar.
Comparando este fenômeno com
aquele que nos ocupa, e principalmente com as explicações dadas acima, nota-se,
nos efeitos e nas causas, uma analogia surpreendente, donde se pode tirar a
seguinte conclusão: os corpos vulgarmente chamados espelhos mágicos não passam de agentes hipnóticos, infinitamente variados
em suas formas e em seus efeitos, segundo a natureza e o grau das aptidões.
Isto posto, não seria impossível
que certas pessoas, dotadas espontânea e acidentalmente dessa faculdade,
sofressem, sem que o soubessem, a influência magnética de objetos exteriores, sobre
os quais maquinalmente fixam os olhos. Por que o reflexo da água, de um lago,
de um pântano, de um ribeirão, mesmo de um astro,
não produziria o mesmo efeito que um copo ou uma garrafa, sobre certas
organizações convenientemente predispostas? Mas isto não passa de uma hipótese
que precisa da confirmação da experiência.
Aliás, este fenômeno não é uma
descoberta moderna. É encontrado, mesmo em nossos dias, nos povos mais
atrasados, tanto é certo que o que está na Natureza tem o privilégio de ser de todos
os tempos e lugares. A princípio aceitam-no como um fato: a explicação vem
depois, com o progresso, e à medida que o homem avança no conhecimento das leis
que regem o mundo.
Tais as consequências que
parecem decorrer logicamente dos fatos observados.
[1] Revista Espírita
– Outubro/1865 – Allan Kardec
[2] Neste momento o Siècle
publica, sob o título de “A dupla vista”, um interessantíssimo romance-folhetim
de Élie Berthet. Na hora atual vem a propósito. Há cerca de dois anos o Sr.
Xavier Saintine tinha publicado no Constitutionnel,
sob o título de “A segunda vista”, uma série de fatos baseados na pluralidade
das existências e nas relações espontâneas que se estabelecem entre vivos e
mortos. É assim que a literatura ajuda a vulgarização das ideias novas. Aí só
falta a palavra Espiritismo.
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