sábado, 26 de junho de 2021

O CASO DA BESTA[1]

 

Dona Maria de Deus e Chico Xavier

 

Em 1931, quando o Chico passou a receber as primeiras poesias do PARNASO DE ALÉM TÚMULO, um cavalheiro de Pedro Leopoldo, muito impressionado com os versos, resolveu apresentar o Médium e os poemas a certo escritor mineiro, de passagem pela cidade.

O filho de João Cândido vestiu a melhor roupa que possuía e, com a pasta de mensagens debaixo do braço, foi ao encontro marcado.

O conterrâneo do médium, embora católico romano, apresentou o Chico, entusiasmado:

— Este é o médium de quem l
he falei.

O escritor cumprimentou o rapaz e entregou-se à leitura dos versos.

Sonetos de Augusto dos Anjos, poemetos de Casimiro Cunha, quadras de João de Deus...

Depois de rápida leitura, o literato sentenciou:

— Isso tudo é bobagem.

E mirando o Chico, rematou:

— Este rapaz é uma besta.

Mas, doutor — disse, agastado, o conterrâneo do Chico —, o rapaz tem convicções e abraça o Espiritismo como Doutrina.

Pois, então, deve ser uma besta espírita! — declarou o escritor.

Bastante desapontado, o médium despediu-se.

Em casa, durante a oração, a progenitora apareceu.

A senhora viu como fui insultado? — perguntou o Chico.

E porque Dona Maria se revelasse alheia ao assunto, o filho contou-lhe o caso.

A entidade sorriu e disse:

— Não vejo insulto algum. Creio até que você foi muito honrado. Uma besta é um animal de trabalho...

— Mas o homem me apelidou por “besta espírita”.

Isso não tem importância.— exclamou a mãezinha desencarnada — Imagine-se sendo uma besta em serviço do Espiritismo. Se a besta não dá coices, converte-se num elemento valioso e útil.

Porque o filho silenciasse, Dona Maria acrescentou:

— Você não acha que é bem assim?

Chico refletiu e respondeu:

— É... Pensando bem, é isso mesmo.

E o assunto ficou sem alteração.



[1] Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama

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